Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
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A HÉLADE NO PERÍODO CLÁSSICO, ENTRE O IMPERIALISMO ATENIENSE E A HEGEMONIA ESPARTANA – UM<br />
ESTUDO CONCEITUAL<br />
2007: 06-09), quanto ao emprego <strong>do</strong> termo arkhé, para nos referirmos as ações <strong>de</strong><br />
características econômicas, sociais, políticas e militares <strong>de</strong>sempenhadas pela pólis <strong>de</strong><br />
Atenas junto aos seus alia<strong>do</strong>s confe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, durante as Guerras <strong>do</strong> Peloponeso 30 .<br />
Fundamenta<strong>do</strong>s no diálogo entre a historiografia e o discurso da <strong>do</strong>cumentação clássica,<br />
nós sugerimos a utilização <strong>do</strong> termo phóron arkhé 31 (φόρων ἀρχή) 32 para as práticas<br />
<strong>de</strong>sempenhadas pela socieda<strong>de</strong> ateniense no V século a.C. Ten<strong>do</strong> em vista que o termo<br />
phóroi <strong>de</strong>nota taxa, tributo e imposto (PEREIRA, 1998: 618), e arkhé <strong>de</strong>signa po<strong>de</strong>r,<br />
autorida<strong>de</strong>, reino (PEREIRA, 1998: 84), nós conjecturamos que a phóroi arkhé po<strong>de</strong>ria ser<br />
<strong>de</strong>finida enquanto o ato <strong>de</strong> subjugar os territórios, manten<strong>do</strong>-os na condição <strong>de</strong> alia<strong>do</strong>s, os<br />
quais <strong>de</strong>vem pagar uma tributação periódica a pólis hegemônica.<br />
Por sua vez, no que concerne à pólis <strong>de</strong> Esparta no perío<strong>do</strong> entre o VI e o V século<br />
a.C., tanto a <strong>do</strong>cumentação textual quanto a historiografia se valem <strong>do</strong> termo<br />
hegemon/hegemonia para se referirem à posição político-militar que os lace<strong>de</strong>mônios<br />
ocupavam frente às <strong>de</strong>mais póleis <strong>do</strong> Peloponeso, durante as Guerras Greco-Pérsicas<br />
(TODD, 2000: 12-14; DOYLE, 1986: 58-60). Nos dizeres <strong>do</strong> helenista Paul Cartledge,<br />
to<strong>do</strong>s os alia<strong>do</strong>s confe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Esparta eram relativamente autônomos e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />
no entanto, em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> guerra, estes po<strong>de</strong>riam estar sujeitos a intervenções em suas<br />
políticas externas (CARTLEDGE, 2002: 226-229). Cotejan<strong>do</strong> tal afirmação com os<br />
pressupostos <strong>do</strong> professor Doyle, este nos expõe que esse aspecto diferenciava,<br />
substancialmente, as ações <strong>de</strong> atenienses e lace<strong>de</strong>mônios no <strong>de</strong>correr das Guerras <strong>do</strong><br />
Peloponeso (DOYLE, 1986: 58-59). O discurso <strong>de</strong> Tucídi<strong>de</strong>s en<strong>do</strong>ssa nossa assertiva, ao<br />
afirmar que “[...] os lace<strong>de</strong>mônios mantiveram sua hegemonia sem que seus alia<strong>do</strong>s se<br />
tornassem tributários [...] os atenienses, por sua vez, fizeram com que as cida<strong>de</strong>s aliadas<br />
[...] lhes entregassem suas naus [...] e impuseram a to<strong>do</strong>s um tributo em espécie (krémata)”<br />
(TUCÍDIDES, I, 19.1).<br />
Sen<strong>do</strong> assim, concluímos que o emprego <strong>de</strong> termos e conceitos como Império e<br />
Imperialismo para o estu<strong>do</strong> das socieda<strong>de</strong>s helênicas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> Clássico não<br />
30 Embora este termo, e suas <strong>de</strong>rivações, tenham uma ampla recorrência na obra <strong>de</strong> Tucídi<strong>de</strong>s, o mesmo<br />
parece adquirir uma gran<strong>de</strong> expressão no trecho (I, 75.1), no qual os próprios atenienses evi<strong>de</strong>nciam que<br />
<strong>de</strong>tém o conhecimento <strong>de</strong> sua supremacia econômica, política e militar <strong>sobre</strong> as Ilhas <strong>do</strong> Egeu.<br />
31 Tal conceituação foi proposta mediante o diálogo estabeleci<strong>do</strong> junto a Prof.ª Dr.ª Carmen Soares, da área<br />
<strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Clássicos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra. A referida pesquisa<strong>do</strong>ra atuou na supervisão <strong>do</strong> estágio <strong>de</strong><br />
pesquisa e levantamento <strong>do</strong>cumental-historiográfico realiza<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 09 a 20 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2012.<br />
32 Ver: LIDDELL, Henry; SCOTT, Robert. A Greek-English Lexicon. Oxford: Claren<strong>do</strong>n Press, 1996, p.<br />
1951.<br />
NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />
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