Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
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<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />
X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />
- 136 -<br />
Janira Feliciano Pohlmann<br />
O registro escrito ainda traz outra informação essencial: “fui <strong>do</strong>ma<strong>do</strong> em <strong>de</strong>z dias,<br />
três vezes. Quan<strong>do</strong> Próculo foi juiz, fui alça<strong>do</strong> para a cimeira <strong>do</strong>s ventos.” Portanto, o<br />
obelisco foi ergui<strong>do</strong> por um Teodósio que tinha Próculo como um <strong>de</strong> seus juízes. A partir<br />
<strong>de</strong>stas palavras, finalmente, conseguimos i<strong>de</strong>ntificar com certeza a pessoa <strong>de</strong> Teodósio I.<br />
Conforme a mensagem grafada em baixo relevo no obelisco, Teodósio fora capaz<br />
<strong>de</strong> solucionar os problemas com os tiranos, afinal, “tu<strong>do</strong> [cedia] a Teodósio”, mais que<br />
isso, tu<strong>do</strong> ce<strong>de</strong>ria aos seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. O que representava, então, a grandiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
antigo obelisco submeti<strong>do</strong> ao impera<strong>do</strong>r? Algumas respostas para esta questão <strong>de</strong>verão ser<br />
estudadas por mim em trabalhos posteriores. Mas este não é o momento. Voltemos a<br />
primeira imagem mencionada neste texto.<br />
- Teodósio entre símbolos e po<strong>de</strong>r<br />
De origem hispana, em 390 (ano em que o obelisco foi ergui<strong>do</strong> em Constantinopla),<br />
Teodósio governava quase toda a parte oci<strong>de</strong>ntal <strong>do</strong> imperium romanorum, após a vitória<br />
<strong>sobre</strong> o usurpa<strong>do</strong>r Magno Máximo ocorrida na Batalha <strong>de</strong> Aquileia em 388. Toda a parte<br />
oriental <strong>do</strong> imperium estava também sob seu <strong>do</strong>mínio e <strong>de</strong> seu filho Arcadio (proclama<strong>do</strong><br />
Augusto em 383).<br />
O objeto <strong>de</strong> análise seleciona<strong>do</strong> neste trabalho, narra por meio <strong>de</strong> figuras, que tem<br />
como foco <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> imperator, uma comemoração. Para ser mais exata, uma<br />
premiação a mais um vence<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s jogos realiza<strong>do</strong>s no Hipódromo <strong>de</strong> Constantinopla.<br />
Cabia ao imperator laurear o vitorioso. Por isso, Teodósio I tem em sua mão direita uma<br />
coroa <strong>de</strong> louros. A localização <strong>do</strong> obelisco – Hipódromo <strong>de</strong> Constantinolpa – nos permite<br />
afirmar a respeito <strong>do</strong> evento narra<strong>do</strong> na imagem.<br />
A cena possui caráter perfomático, carrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> artificialida<strong>de</strong>. Foi escolhi<strong>do</strong> um<br />
instante para ser representa<strong>do</strong> e fabricar <strong>de</strong>terminada imagem imperial. Esta, por sua vez,<br />
somente seria aceita, ou seja, compreendida socialmente, quan<strong>do</strong> estivesse em<br />
conformida<strong>de</strong> com a linguagem daquela socieda<strong>de</strong>. Em uma “pose” feita para ser admirada<br />
pelos olhos <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r, o governante – em primeiro plano – exibe o gran<strong>de</strong> símbolo da<br />
vitória <strong>de</strong> um competi<strong>do</strong>r: a coroa <strong>de</strong> louros. Era prerrogativa imperial a coroação <strong>do</strong><br />
vence<strong>do</strong>r. Neste momento, o po<strong>de</strong>r imperial era visto e ritualmente senti<strong>do</strong> em toda sua<br />
pompa.<br />
Po<strong>de</strong>mos fazer um paralelo entre gran<strong>de</strong>s símbolos arquitetônicos <strong>do</strong> Império<br />
Bizantino: enquanto Santa Sofia era o coração da vida religiosa <strong>de</strong> Constantinopla, no