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Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

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<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />

X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />

- 154 -<br />

Junio Cesar Rodrigues Lima<br />

ou estabelecida apenas em casos excepcionais, quan<strong>do</strong> os interesses estivessem<br />

diretamente liga<strong>do</strong>s a preservação <strong>do</strong> povo e <strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong>:<br />

“Assim diz Iahweh ao seu ungi<strong>do</strong>, a Ciro que tomei pela <strong>de</strong>stra, a fim <strong>de</strong><br />

subjugar a ele nações e <strong>de</strong>sarmar reis, a fim <strong>de</strong> abrir portas diante <strong>de</strong>le, a<br />

fim <strong>de</strong> que os portões não sejam fecha<strong>do</strong>s. Eu mesmo irei a tua frente e<br />

aplainarei lugares montanhosos, arrebentarei as portas <strong>de</strong> bronze,<br />

<strong>de</strong>spedaçarei as barras <strong>de</strong> ferro e dar-te-ei tesouros ocultos e riquezas<br />

escondidas, a fim <strong>de</strong> que saibas que sou Iahweh, aquele que te chama pelo<br />

teu nome, o Deus <strong>de</strong> Israel. Foi por causa <strong>de</strong> Israel, o meu escolhi<strong>do</strong>, que eu<br />

te chamei pelo teu nome, e te <strong>de</strong>i um nome ilustre, embora não me<br />

conhecesses” (ISAÍAS, Capítulo XLV, Versículos I-IV).<br />

De certa forma, a localização geográfica da Judéia, o contato com os povos<br />

cananeus, os sucessivos <strong>do</strong>mínios da região por outros povos como os assírios,<br />

babilônios, persas, macedônios, egípcios, sírios, além <strong>do</strong> imperialismo asmoneu e a<br />

posterior administração romana parecem fortalecer a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> interação social, política e<br />

cultural entre a socieda<strong>de</strong> judaica e os <strong>de</strong>mais povos mediterrâneos. No século I d.C., já<br />

havia uma comunida<strong>de</strong> judaica em Roma e muitos romanos residin<strong>do</strong> na Judéia. Tito,<br />

por exemplo, <strong>de</strong>portou vários ju<strong>de</strong>us após a conquista e <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Jerusalém em 70<br />

d.C.<br />

Alguns acha<strong>do</strong>s arqueológicos como o templo romano em Zippora e o próprio<br />

Arco <strong>de</strong> Tito apontam para a interação social, política e cultural entre o Império<br />

Romano e a socieda<strong>de</strong> judaica. Flávio Josefo, sacer<strong>do</strong>te, ju<strong>de</strong>u, liberto, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelos<br />

Flávios se apresenta na história como um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> hibridismo e imbricamento<br />

cultural. Assim sen<strong>do</strong>, um olhar alternativo <strong>sobre</strong> o imperialismo romano na Judéia<br />

<strong>de</strong>ve dar conta da diversida<strong>de</strong> cultural que trazia consigo singularida<strong>de</strong> e pluralida<strong>de</strong>,<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e diferença, <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s. Este olhar, certamente, nos fará<br />

reavaliar conceitos como imperialismo e romanização, pois, conforme aponta Martin<br />

Goodman no século I d.C. um ju<strong>de</strong>u po<strong>de</strong>ria se tornar romano, mas, um romano<br />

também po<strong>de</strong>ria se tornar em um ju<strong>de</strong>u e, esta relação, por si só já nos permite um outro<br />

olhar, uma nova abordagem.

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