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Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

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<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />

X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />

- 146 -<br />

Junio Cesar Rodrigues Lima<br />

passivo; sempre houve algum tipo <strong>de</strong> resistência ativa e, na maioria esmaga<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s<br />

casos, essa resistência acabou prepon<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>” (SAID, 1999, P. 12).<br />

Embora Said se refira as práticas imperialistas mo<strong>de</strong>rnas, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> resistência<br />

ativa nos permite observar que a história <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us durante o <strong>do</strong>mínio romano também<br />

apresenta indícios <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma preocupação i<strong>de</strong>ológica com a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

judaica que, por sua vez, estava entrelaçada com os interesses <strong>do</strong>s diversos segmentos<br />

sociais, políticos e religiosos da comunida<strong>de</strong> judaica.<br />

Ao analisar a historiografia <strong>do</strong> século XIX, Men<strong>de</strong>s enten<strong>de</strong> que, neste perío<strong>do</strong>,<br />

foi construída uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> império como “a política expansionista e<br />

incorpora<strong>do</strong>ra, empreendida por Esta<strong>do</strong>s, que passavam a exercer por conquista a<br />

soberania <strong>sobre</strong> ampla extensão territorial”. Segun<strong>do</strong> ela, esta <strong>de</strong>finição remete a<br />

noção <strong>de</strong> impérios como fenômenos eminentemente políticos. Em contrapartida, ela se<br />

propõe a <strong>de</strong>finir império como “uma categoria analítica, estabelecen<strong>do</strong>-se hipóteses e<br />

generalizações explicativas que permitam observar a diversida<strong>de</strong>, a pluralida<strong>de</strong> e a<br />

singularida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s processos ou das práticas imperiais (...)” (MENDES, 2005, P.19).<br />

Norberto Luiz Guarinello, ao dissertar <strong>sobre</strong> este assunto, afirma que o processo<br />

<strong>de</strong> formação <strong>do</strong> imperialismo romano não po<strong>de</strong> ser compara<strong>do</strong> com os imperialismos<br />

mo<strong>de</strong>rnos, nem tampouco entendi<strong>do</strong> nos mesmos termos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s nacionais.<br />

Em primeiro lugar, a própria <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Império e imperialismo, segun<strong>do</strong> ele,<br />

se refere a termos distintos. Imperialismo se trata <strong>de</strong> uma ação, política ou econômica,<br />

<strong>de</strong> expansão ou <strong>do</strong>minação <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> <strong>sobre</strong> outros. Já, “Império é um Esta<strong>do</strong>, por<br />

vezes o resulta<strong>do</strong> da ação imperialista, mas que não se confun<strong>de</strong> com esta”<br />

(VENTURA, 2006, P. 14).<br />

Men<strong>de</strong>s, concorda com Guarinello e enten<strong>de</strong> que o conceito <strong>de</strong> imperialismo<br />

está diretamente relaciona<strong>do</strong> a ação <strong>de</strong> pensar, colonizar, controlar terras, que não são as<br />

suas, são distantes, habitadas e pertencentes a outros povos:<br />

“É a prática, a teoria e as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um centro metropolitano <strong>do</strong>minante,<br />

governan<strong>do</strong> um território distante. Po<strong>de</strong> ser alcança<strong>do</strong> pela força, pela<br />

colaboração politica, por <strong>de</strong>pendência econômica, social e cultural. É a<br />

criação dinâmica específica da <strong>de</strong>pendência, que <strong>sobre</strong>vive em <strong>de</strong>terminadas<br />

práticas econômicas, políticas, sociais e i<strong>de</strong>ológicas, ou seja, em uma esfera<br />

cultural geral” (MENDES, 2005, P. 21).<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, o Império Romano, apesar <strong>de</strong> ser uma unida<strong>de</strong> política <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>, conforme afirma Guarinello, nunca se constituiu como um Esta<strong>do</strong>

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