Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />
X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />
- 82 -<br />
Elaine Cristina Senko<br />
<strong>do</strong> grupo <strong>do</strong>s Trastâmara, o que lhes ren<strong>de</strong>u cargos preciosos próximos ao novo rei,<br />
Henrique II <strong>de</strong> Castela. Pero López <strong>de</strong> Ayala foi coloca<strong>do</strong> por este rei no cargo <strong>de</strong> segun<strong>do</strong><br />
tenente e, neste posto, lutou na Batalha <strong>de</strong> Nájera um ano <strong>de</strong>pois – na qual foi aprisiona<strong>do</strong><br />
com sua família pelo Príncipe Negro. O Príncipe Negro requereu um valioso resgate pela<br />
liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vidamente pago por Ayala. Em seguida chegou a Burgos e presenciou a<br />
ascensão <strong>de</strong> Henrique II Trâstamara ao po<strong>de</strong>r, momento em que soube <strong>do</strong> assassinato <strong>de</strong><br />
Pedro, o Cruel. Deste rei recebeu os cargos <strong>de</strong> alcal<strong>de</strong> mayor <strong>de</strong> Vitoria e Tole<strong>do</strong> e<br />
membro <strong>do</strong> Conselho Real.<br />
Em 1379, com a morte <strong>de</strong> Henrique II, Ayala teve seus cargos ratifica<strong>do</strong>s pelo filho<br />
<strong>do</strong> antigo rei, Juan I <strong>de</strong> Castela. Entretanto foi por causa das ambições <strong>de</strong>ste rei que Ayala<br />
acabou por ser preso na Batalha <strong>de</strong> Aljubarrota, em 1385. Nesta prisão escreveria duas<br />
obras: Livro <strong>de</strong> caça e parte <strong>do</strong> Rima<strong>do</strong> <strong>do</strong> Palácio. Sua libertação ocorreu apenas em<br />
1388, tornan<strong>do</strong>-se camarero mayor da corte. Assim Ayala continuou sua ação diplomática<br />
e acabou por negociar um acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> paz entre Inglaterra e Castela neste mesmo ano, a<br />
<strong>de</strong>nominada “Paz <strong>de</strong> Troncoso”. Em 1390, com a morte <strong>de</strong> Juan I, Ayala foi fazer parte <strong>do</strong><br />
Conselho da Regência com o objetivo <strong>de</strong> resguardar a menorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Enrique <strong>III</strong> <strong>de</strong><br />
Castela. Nesse ínterim conseguiu firmar diplomaticamente uma paz entre os reinos <strong>de</strong><br />
Castela e Portugal. Logo após, partiu para um exílio em suas terras em Castela. Em 1398<br />
se torna Canciller Mayor <strong>de</strong> Castela, sen<strong>do</strong> o representante no exterior <strong>do</strong> reino<br />
castelhano.<br />
O conhecimento <strong>de</strong> Pero López <strong>de</strong> Ayala era amplo, tal como o <strong>de</strong> Khaldun, sen<strong>do</strong><br />
que ele teve acesso à obras como <strong>de</strong> Tito Lívio (foi o tradutor <strong>de</strong> parte das Décadas), Santo<br />
Agostinho, Boecio (tradutor <strong>de</strong> De consolatione philosophiae), São Gregório (tradutor <strong>de</strong><br />
Morales), São Isi<strong>do</strong>ro (tradutor <strong>de</strong> De summo bono), Egidio Romano, Boccaccio (tradutor<br />
<strong>de</strong> Caída <strong>de</strong> príncipes) e leitor <strong>de</strong> Estoria <strong>de</strong> España <strong>de</strong> Afonso X, o Sábio. O poeta<br />
castelhano Pero Ferrús <strong>de</strong>dicou à Ayala uma <strong>de</strong> suas cantigas em 1380. Importante<br />
mencionar, o Canciller foi testemunha <strong>de</strong> um tempo em que ocorreu o Cisma <strong>do</strong> Oci<strong>de</strong>nte,<br />
a Guerra <strong>do</strong>s Cem Anos (1337-1453), <strong>de</strong> uma época <strong>de</strong> intensa utilização <strong>do</strong>s livros<br />
clássicos e o aumento da autorida<strong>de</strong> real.<br />
Assim como Ibn Khaldun, Ayala teve muitos cargos liga<strong>do</strong>s ao po<strong>de</strong>r, também se<br />
<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> no campo erudito com suas Crônicas. Nelas, o autor estrutura uma narrativa<br />
histórica que apresenta <strong>de</strong>talhes <strong>sobre</strong> as causas <strong>de</strong> acontecimentos notórios. Por exemplo,