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Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

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IBN KHÂLDUN: BASES RELIGIOSAS E O CONCEITO DE ‘ASABIYYA PARA A<br />

FORMAÇÃO DE UM IMPÉRIO<br />

Danielle da Silva Tavares 1<br />

Ibn Khaldun <strong>de</strong>sempenhou, na segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIV (nasceu em 1332),<br />

um papel importante e varia<strong>do</strong> na História. Sua família - originária <strong>do</strong> Magreb - viveu em<br />

Sevilha após a Espanha ter si<strong>do</strong> conquistada pelos árabes. Com a expansão <strong>do</strong>s reinos<br />

cristãos para o Sul da Espanha, retornou para Túnis com sua família. Recebeu educação<br />

esmerada referente à sua época, com sábios que ensinavam nas mesquitas, nas escolas <strong>de</strong><br />

Túnis e com aqueles que visitavam a cida<strong>de</strong>, continuan<strong>do</strong> seus estu<strong>do</strong>s durante toda sua<br />

vida adulta, falecen<strong>do</strong> no Cairo, em 1406. Seu conhecimento <strong>de</strong> jurisprudência fez com<br />

que prestasse serviço para os governantes <strong>de</strong> Túnis e outros soberanos <strong>do</strong> Magreb. Sen<strong>do</strong><br />

Ibn Khaldun, portanto, filho <strong>de</strong> um lega<strong>do</strong> Al-Andalus forte e intenso.<br />

A História muçulmana era gênero literário e motivo <strong>de</strong> críticas para Ibn Khaldun. O<br />

Islã é, portanto, a base na qual se funda a civilização árabe or<strong>de</strong>nan<strong>do</strong>-se ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sse<br />

“fenômeno” que dita a conduta das pessoas e da comunida<strong>de</strong>. As preocupações religiosas<br />

ocupavam gran<strong>de</strong> espaço no pensamento histórico-árabe até o perío<strong>do</strong> em que viveu Ibn<br />

Khaldun. Era, portanto, parte das “ciências <strong>do</strong> Alcorão” baseadas e fundadas na Revelação<br />

e na Tradição, como, por exemplo, o fiqh (jurisprudência religiosa), a gramática, a retórica,<br />

etc. Sen<strong>do</strong> o fiqh a linha <strong>de</strong> conduta e pensamento <strong>de</strong> nosso autor, a qual se baseia nos<br />

princípios – leis e preceitos morais - e processos <strong>de</strong> interpretação <strong>do</strong> Alcorão.<br />

“O Islã é uma religião e um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida. A civilização muçulmana foi fruto da<br />

forma muito particular como os árabes e, posteriormente, os povos por eles conquista<strong>do</strong>s<br />

e islamiza<strong>do</strong>s, elaboraram e moldaram, a partir <strong>de</strong> seus próprios vaores, a herança greco-<br />

romana e o lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> outras culturas” (BISSIO, 2008: 14). A fé em um Deus único –<br />

Allah – e em suas Revelações é o que une a Ummah (socieda<strong>de</strong> muçulmana), fundada por<br />

Maomé. O muçulmano no Medievo percebia os <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Islã como uma unida<strong>de</strong>, via-<br />

se como a civilização. A característica da Ummah baseia-se na noção <strong>de</strong> pertencimento<br />

transcen<strong>de</strong> o plano religioso fazen<strong>do</strong> ser impossível a dissociação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r religioso <strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>r temporal diante <strong>do</strong>s olhos <strong>do</strong>s muçulmanos. “Língua e religião <strong>de</strong>finiam a inclusão<br />

no espaço islâmico, dividi<strong>do</strong> juridicamente em <strong>do</strong>is territórios, o dar-al-islam – o país <strong>do</strong><br />

1 Bacharel e Licenciada pela UGF e pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> LITHAM/ UFRRJ. Email: danyrj@gmail.com

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