14.06.2013 Views

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ESTRABÃO E A INTEGRAÇÃO DAS PROVÍNCIAS DA GÁLIA E DA HISPÂNIA AO IMPÉRIO ROMANO:<br />

PROPAGANDA OU GÊNERO LITERÁRIO?<br />

Menor. O geógrafo teria neste caso o papel <strong>de</strong> analista privilegia<strong>do</strong> <strong>do</strong> império, pois seria<br />

fruto <strong>de</strong> uma tradição intelectual muito anterior, escreven<strong>do</strong> <strong>sobre</strong> as transformações <strong>de</strong> seu<br />

tempo.<br />

A exposição <strong>de</strong>ssas duas correntes distintas <strong>de</strong> análise da obra <strong>de</strong> Estrabão como<br />

fonte histórica <strong>de</strong>ixa clara a ambiguida<strong>de</strong> entre elas. Em função da proposta e <strong>do</strong> espaço<br />

<strong>de</strong>ste texto, foram preteri<strong>do</strong>s autores importantíssimos que pertencem ao <strong>de</strong>bate aqui<br />

aborda<strong>do</strong>. Sua participação <strong>de</strong> forma alguma é secundária, apenas como recurso<br />

meto<strong>do</strong>lógico procurei privilegiar poucos autores, escolhen<strong>do</strong> aqueles que esclarecessem<br />

bem a questão em jogo.<br />

A ambiguida<strong>de</strong> entre essas duas correntes <strong>de</strong> análise assemelha-se muito aos<br />

problemas enfrenta<strong>do</strong>s nos estu<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> Romanização: sempre ten<strong>do</strong> o império romano<br />

como referencial, ou a fonte é um simples fruto da política imperial e sofre to<strong>do</strong>s os efeitos<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio romano, ou é observa<strong>do</strong>r/especta<strong>do</strong>r, que quase não sofre<br />

influências <strong>de</strong>ssa nova realida<strong>de</strong>, que resiste bravamente às inovações.<br />

Obviamente o <strong>de</strong>bate em torno <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> romanização está sen<strong>do</strong> simplifica<strong>do</strong><br />

ao máximo aqui, pois meu objetivo não é explorá-lo nos seus pormenores, nem mesmo<br />

gostaria <strong>de</strong> esmiuçar os caminhos percorri<strong>do</strong>s pela historiografia, assim como pela crítica<br />

ao conceito. Preten<strong>do</strong> ir um pouco além da dicotomia no qual ele é pauta<strong>do</strong>. Passemos,<br />

então, à etapa da reflexão em que a fonte em questão será posta em exame: apresentará a<br />

fonte essa dicotomia, ten<strong>do</strong> Roma como o gran<strong>de</strong> referencial?<br />

As pon<strong>de</strong>rações a seguir são baseadas em minha pesquisa <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> que preten<strong>de</strong><br />

fazer uma análise estrutural (sua or<strong>de</strong>nação como narrativa), semiológica (buscan<strong>do</strong> tanto<br />

as iterações discursivas recorrentes quanto os quadros <strong>de</strong> oposições) e filológica <strong>do</strong>s livros<br />

<strong>III</strong> e IV da Geografia <strong>de</strong> Estrabão.<br />

Ten<strong>do</strong> a Hispania (ou Ibéria) e a Gália como espaços a serem analisa<strong>do</strong>s, as leituras<br />

feitas para a pesquisa inevitavelmente retomavam o <strong>de</strong>bate <strong>sobre</strong> Romanização, uma vez<br />

que gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s arqueológicos e históricos <strong>sobre</strong> as regiões privilegia a busca<br />

por explicações para as transformações ocorridas com a chegada <strong>do</strong>s romanos. Ao entrar<br />

em contato com os livros em que Estrabão <strong>de</strong>screve essas regiões, algumas situações ali<br />

representadas se mostraram inusitadas: além da noção <strong>de</strong> bárbaro ser algo extremamente<br />

heterogêneo, os romanos não eram os únicos na outra ponta <strong>do</strong> binômio barbárie/<br />

civilização.<br />

NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />

- 43 -

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!