Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />
X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />
- 90 -<br />
Gabriel da Silva Melo<br />
Esta posição se manteve até os anos 80, quan<strong>do</strong> começou a ser frontalmente<br />
atacada, passan<strong>do</strong> a constituir lugar-comum fazer críticas a Moses Finley a partir <strong>do</strong>s anos<br />
90, após artigo <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Jean Andreau (cf. ANDREAU, 2002). Os escritos <strong>de</strong><br />
Douglas C. North, que trouxeram as contribuições da sociologia weberiana para a ciência<br />
econômica, passaram a exercer gran<strong>de</strong> influência a partir <strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 80 e,<br />
principalmente 90. O Neo-Institucionalismo, como ficou conhecida essa corrente teórica<br />
profundamente influenciada pelo Nobel <strong>de</strong> Economia North, introduziu na Economia,<br />
ainda marcadamente Neo-Clássica, o conceito <strong>de</strong> “custo” <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s da limitação, imposta<br />
pelas instituições sociais, às ações <strong>do</strong>s indivíduos na esfera econômica (cf. BRESSON,<br />
2007). O Neo-Institucionalismo, portanto, se apresentou como a ferramenta essencial,<br />
aquela que faltava aos historia<strong>do</strong>res para que pu<strong>de</strong>ssem abordar as realida<strong>de</strong>s históricas <strong>do</strong><br />
passa<strong>do</strong> (mesmo <strong>de</strong> um passa<strong>do</strong> recente) através <strong>do</strong> arcabouço conceitual da Economia<br />
Neo-Clássica, mas evitan<strong>do</strong> os reveses generalizantes e naturalizantes da realida<strong>de</strong><br />
capitalista que vinham embuti<strong>do</strong>s em tal arcabouço. Alain Bresson, por exemplo, consi<strong>de</strong>ra<br />
que o Neo-Institucionalismo superou os <strong>de</strong>bates estéreis entre primitivistas/mo<strong>de</strong>rnistas e<br />
substantivistas/formalistas, dan<strong>do</strong> conta tanto <strong>do</strong>s aspectos gerais <strong>de</strong> Economia quanto <strong>do</strong>s<br />
aspectos particulares <strong>de</strong> História, entendida aqui como uma História das Instituições.<br />
Do século XV<strong>III</strong>, se consi<strong>de</strong>rarmos os trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong> filosofia moral que influenciaram<br />
a ciência econômica, até este início <strong>de</strong> século XXI, as contribuições da Economia para o<br />
estu<strong>do</strong> da História, particularmente da História Antiga, são vastamente <strong>do</strong>cumentadas,<br />
geraram <strong>de</strong>bates que já são mais <strong>do</strong> que centenários e continuam a ensejar a entrada <strong>de</strong><br />
novos pesquisa<strong>do</strong>res na peleja. Um vazio, porém, salta aos olhos justamente pela sua<br />
ausência: o marxismo. No século XIX, Karl Marx fez críticas fundamentais à Economia<br />
Política, à ciência Econômica, aos autores que, ainda hoje, moldam o fazer historiográfico<br />
com relação à História Econômica, a produção <strong>de</strong> conhecimento em Economia e,<br />
logicamente, a i<strong>de</strong>ologia das classes <strong>do</strong>minantes. As críticas <strong>de</strong> Marx, <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>ras o<br />
suficiente para inspirar gerações <strong>de</strong> segui<strong>do</strong>res que se colocaram como tarefa histórica a<br />
<strong>de</strong>rrubada <strong>do</strong> capitalismo (po<strong>de</strong>mos até chamar <strong>de</strong> “mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida capitalista”) a partir <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento foram, simplesmente, esquecidas. A partir da <strong>de</strong>rrocada <strong>do</strong> sistema<br />
soviético, que culminou com sua queda em 1991, o marxismo, ti<strong>do</strong> como a i<strong>de</strong>ologia<br />
correspon<strong>de</strong>nte àquela formação econômico-social (por incrível que pareça, uma visão<br />
típica <strong>do</strong> marxismo orto<strong>do</strong>xo que foi introjetada por seus <strong>de</strong>tratores à medida em que<br />
convinha), veio abaixo junto com o regime inicia<strong>do</strong> em 1917.