Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />
X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />
- 16 -<br />
Ana Carolina Cal<strong>de</strong>ira Alonso<br />
impressão <strong>de</strong> que ele estava largamente <strong>de</strong>sinteressa<strong>do</strong> no que estava<br />
acontecen<strong>do</strong> em seu re<strong>do</strong>r em Oxford. (FREEMAN, 1996: 28)<br />
Nasce a dúvida se Haverfield estava <strong>de</strong>sinteressa<strong>do</strong> ou simplesmente não podia<br />
antecipar o fato <strong>de</strong> que oitenta anos <strong>de</strong>pois, boa parte <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res ingleses <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s<br />
à Antiguida<strong>de</strong> romana voltar-se-iam para esse tipo <strong>de</strong> comparação.<br />
A reestruturação e ressignificação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> Romanização apresentam-se<br />
extremamente relevantes, à luz <strong>de</strong> novos méto<strong>do</strong>s e contextos históricos, no entanto, o que<br />
se percebe <strong>de</strong>ntre a historiografia britânica atual voltada para esse assunto, é a quase, se<br />
não total, <strong>de</strong>squalificação <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>sse conceito, sem que, para isso, seja cria<strong>do</strong> uma<br />
alternativa, ou mesmo, argumentação satisfatória que <strong>de</strong>sfaça, o “antigo” e “ultrapassa<strong>do</strong>”<br />
termo Romanização.<br />
As perspectivas pós-coloniais parecem se preocupar largamente em <strong>de</strong>sconstruir,<br />
<strong>de</strong>scentralizar e relativizar, mas parecem, <strong>de</strong> fato, <strong>de</strong>sarrumar possíveis interpretações.<br />
Para<strong>do</strong>xalmente, a gran<strong>de</strong> preocupação entre os estudiosos com a <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong><br />
estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Império Romano, parece não se esten<strong>de</strong>r a uma possível <strong>de</strong>scentralização<br />
historiográfica, pois fica a impressão <strong>de</strong> que nas últimas décadas, toda e qualquer tentativa<br />
<strong>de</strong> se interpretar o que foi o po<strong>de</strong>r Romano, se não partiu, pelo menos passou por uma<br />
perspectiva britânica, baseada no que foi o Império Inglês <strong>do</strong> século XIX, inicio <strong>do</strong> XX.<br />
É importante perceber que não se intenta fazer aqui uma apologia <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong><br />
romanização cunha<strong>do</strong> ainda no século XIX. Mas acreditan<strong>do</strong> que sua revisão é<br />
extremamente válida e necessária para os estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> romano, no entanto,<br />
consi<strong>de</strong>ra-se que sua total invalidação parece beirar os limites aceitáveis da prática <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sconstrução <strong>do</strong> conhecimento, tão comum entre os historia<strong>do</strong>res contemporâneos, prática<br />
essa que, em <strong>de</strong>masia, acaba por gerar a própria falta <strong>de</strong> um objeto, <strong>de</strong>veríamos pensar se o<br />
méto<strong>do</strong> para se chegar ao conhecimento metaforiza-se melhor numa reforma parcial <strong>do</strong> quê<br />
numa total <strong>de</strong>molição <strong>do</strong> edifício.