Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
IMPERIALISMO E DIVERSIDADE CULTURAL: UM OLHAR SOBRE A<br />
EXPERIÊNCIA IMPERIALISTA ROMANA NA JUDÉIA<br />
Prof. Mestran<strong>do</strong> Junio Cesar Rodrigues Lima<br />
Pela primeira vez, a história e a cultura <strong>do</strong> imperialismo po<strong>de</strong>m<br />
agora ser estudadas não <strong>de</strong> maneira monolítica,<br />
<strong>de</strong>scompartimentalizada, sem separações ou distinções<br />
reducionistas (SAID, 1999, p. 22).<br />
Apesar <strong>do</strong> longo processo <strong>de</strong> centralização política e conquista militar, o Império<br />
Romano não tinha como característica a homogeneida<strong>de</strong> cultural. O Império era<br />
forma<strong>do</strong> por socieda<strong>de</strong>s distintas, com interesses e tradições culturais particulares que<br />
exigiam <strong>de</strong> Roma um tratamento diferencia<strong>do</strong> e eficiente para cada região.<br />
A ocupação da Judéia por Pompeu em 63 a.C. e a legislação <strong>de</strong> Cesar em 44 a.C.<br />
inauguraram uma série <strong>de</strong> medidas que, através das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r estabelecidas<br />
entre os romanos e a socieda<strong>de</strong> judaica, serve como fundamento para uma perspectiva<br />
<strong>sobre</strong> a prática imperialista no mun<strong>do</strong> antigo que dê conta também da diversida<strong>de</strong><br />
social, política e cultural <strong>do</strong>s povos conquista<strong>do</strong>s. Este tipo <strong>de</strong> abordagem foi<br />
gradativamente construí<strong>do</strong> através da historiografia.<br />
Com o surgimento <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s nacionais, o Império Romano, apesar <strong>de</strong> sua<br />
diversida<strong>de</strong> social, política e cultural, foi interpreta<strong>do</strong> a partir da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />
justificar a missão civiliza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r europeu,<br />
“O Império Romano, antes emula<strong>do</strong> pela diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> povos, línguas e<br />
costumes, passou a ser toma<strong>do</strong> como um protótipo <strong>do</strong> nascente Esta<strong>do</strong><br />
nacional, como um projeto político em torno da unida<strong>de</strong> cultural, no plano<br />
interno, com uma missão civiliza<strong>do</strong>ra, em relação aos povos e grupos<br />
humanos externos. Estes po<strong>de</strong>riam ser subjuga<strong>do</strong>s, mas, também, até certo<br />
ponto, absorvi<strong>do</strong>s” (FUNARI, 2010).<br />
Assim, o conceito <strong>de</strong> imperialismo neste perío<strong>do</strong> foi diretamente influencia<strong>do</strong><br />
pelas concepções positivistas da História, ou seja, abordar a prática imperialista romana,<br />
segun<strong>do</strong> a historiografia <strong>do</strong>s séculos XV<strong>III</strong> e XIX, significava trabalhar em termos <strong>de</strong><br />
assimilação e <strong>de</strong> aculturação, da passagem da barbárie para a civilida<strong>de</strong>. Cabia a<br />
socieda<strong>de</strong> conquistada se submeter passivamente ao conquista<strong>do</strong>r/benfeitor e a sua<br />
cultura. Mas, conforme afirma Edward Said, “o contato imperial nunca consistiu na<br />
relação entre um ativo intruso oci<strong>de</strong>ntal contra um nativo não oci<strong>de</strong>ntal inerte ou