14.06.2013 Views

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“O RENASCIMENTO CARTAGINÊS NA OBRA “HISTÓRIAS” DE POLÍBIO: TRANSFORMAÇÕES POLÍTICO-<br />

MILITARES NO MEDITERRÂNEO OCIDENTAL”<br />

forma <strong>de</strong> contato mais direto com os cartagineses, pois chegaram até nós muitas fontes<br />

materiais, como moedas, ânforas e os sítios arqueológicos (em especial na Espanha, norte<br />

da África e na Sícilia). Através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s adquiri<strong>do</strong>s por meio das análises feitas <strong>sobre</strong><br />

essas fontes, po<strong>de</strong>mos fazer uma análise comparativa entre elas e o relato <strong>de</strong> Políbio, e<br />

através <strong>de</strong>ssa analise, refletirmos <strong>sobre</strong> as lacunas expostas anteriormente.<br />

Para preencher as lacunas e respon<strong>de</strong>r à algumas das dúvidas lançadas acima,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX foram propostas diversas teorias, que em maior ou menor grau,<br />

acabam sen<strong>do</strong> generalizantes. Dentre essas teorias generalizantes, a pre<strong>do</strong>minante é aquela<br />

<strong>de</strong> A<strong>do</strong>lf Schultsen, arqueólogo alemão <strong>do</strong> inicio <strong>do</strong> século XIX (MARIÑAS, 2001: 313).<br />

Trata-se da teoria <strong>de</strong> maior abrangência e popularida<strong>de</strong>, a qual propõe que Cartago seria a<br />

“her<strong>de</strong>ira” <strong>do</strong> controle <strong>de</strong> todas as colônias fenícias situadas no oci<strong>de</strong>nte mediterrânico,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as <strong>do</strong> norte da África, até as que estavam na costa atlântica e na ilhas <strong>do</strong><br />

<strong>Mediterrâneo</strong> Central. Essa tese <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que após a queda <strong>de</strong> Tiro no século VI a.C., a re<strong>de</strong><br />

comercial fenícia oci<strong>de</strong>ntal foi reestruturada e capitaneada por Cartago. Apesar <strong>de</strong> bastar<br />

para explicar a origem <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r econômico cartaginês, e como Cartago po<strong>de</strong> se recuperar<br />

da 1ª Guerra (afinal, ela só teria perdi<strong>do</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus territórios), essa teoria cai por terra<br />

quan<strong>do</strong> analisada e criticada mais profundamente, seguin<strong>do</strong> as fontes escritas 4 .<br />

Nos Livros II e <strong>III</strong> <strong>de</strong> sua obra, Políbio <strong>de</strong>dica-se a explicar como Cartago quase<br />

<strong>de</strong>sapareceu após a 1ª Guerra Romano-Cartaginesa e a Revolta <strong>do</strong>s Mercenários. O gran<strong>de</strong><br />

salto, indica<strong>do</strong> Políbio, ocorreu quan<strong>do</strong> Cartago impôs seu <strong>do</strong>mínio hegemônico <strong>sobre</strong> as<br />

ricas terras ibéricas, através da família Barca, com Amilcar, seu genro Asdrúbal, e seu filho<br />

Aníbal, entre mea<strong>do</strong>s e finais <strong>do</strong> século <strong>III</strong> a.C. (POLÍBIO, Histórias, II, 1) Nesse<br />

momento verificamos uma incongruência para com a teoria <strong>de</strong> Schultsen, para o qual<br />

aquela região já seria <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio cartaginês <strong>de</strong>s<strong>de</strong> longuíssima data; a<strong>de</strong>mais, tal região<br />

não foi ressaltada como área <strong>de</strong> conflito (Cartago-Roma) por Políbio, o qual <strong>de</strong>ixa claro<br />

que o palco das ações da 1ª Guerra Romano-Cartaginesa foram as águas da Sicilia e da<br />

região Mediterrânica Central. Lembremos também que em nenhum momento das ações os<br />

4 Como aponta<strong>do</strong> por MARQUES (2007: 46) temos acesso a várias traduções da obra <strong>de</strong> Políbio. Devi<strong>do</strong> a<br />

questões <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> (é mais facilmente encontrada) e praticida<strong>de</strong> (é uma versão em português), nesse<br />

artigo utilizamos a tradução feita por Mário da Gama Kury, UnB, 1985. Porém, existem outras traduções <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> valor, a versão em inglês, da Penguin Books, POLYBIUS, The Rise of Roman Empire, translated by<br />

Ian Scott-Kilbert, Lon<strong>do</strong>n, Penguin, 1979. Porém, essas duas versões são incompletas, sen<strong>do</strong> as traduções <strong>de</strong><br />

texto completo mais utilizadas a da Loeb Classical Library, POLYBIUS, The Histories, with na English<br />

translation by W. R. Paton, 6 vols., Cambridge, Harvard University Press, 1954 (inglês e grego), e da da<br />

Belles Lettres, POLYBE, Histories, trad. P. Pé<strong>de</strong>ch ET AL., 10 vols., Paris, Les Belles Lettres, 1995 (francês<br />

e grego).<br />

NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />

- 21 -

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!