14.06.2013 Views

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

IMPERIALISMO E DIVERSIDADE CULTURAL: UM OLHAR SOBRE A EXPERIÊNCIA IMPERIALISTA ROMANA<br />

NA JUDÉIA<br />

nacional segun<strong>do</strong> o conceito mo<strong>de</strong>rno. Norberto aponta como principal diferença, entre<br />

as duas concepções, a heterogeneida<strong>de</strong> das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a profunda<br />

diversida<strong>de</strong> social, política e cultural <strong>do</strong> Império Romano; o que resultou na ausência <strong>de</strong><br />

uma socieda<strong>de</strong> civil claramente i<strong>de</strong>ntificada, on<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r não se repartia<br />

homogeneamente <strong>sobre</strong> o território que, por sua vez, agrupava socieda<strong>de</strong>s distintas.<br />

“O Império estendia-se por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> povos e comunida<strong>de</strong>s que<br />

preservavam suas tradições culturais, alimentares, familiares, suas roupas e<br />

suas moradias, seus mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> enterrar os mortos, suas crenças religiosas,<br />

em suma, suas culturas particulares” (VENTURA, 2006, P. 16).<br />

Neste universo marca<strong>do</strong> pela diversida<strong>de</strong> social, política e cultural entre<br />

<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>res/<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s/<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s, se situava a comunida<strong>de</strong> judaica,<br />

oriunda <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> com sérias restrições quanto a alimentação, as práticas<br />

religiosas e a associação com outros povos; situação esta que resultou em conflitos <strong>de</strong><br />

interesse, afetou as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre romanos e ju<strong>de</strong>us, contribuiu para duas<br />

guerras entre eles e nos permite um olhar alternativo <strong>sobre</strong> a prática imperialista no<br />

mun<strong>do</strong> antigo, sem <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar o fato <strong>de</strong> que, conforme aponta Said, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

imperialismo, todas as socieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Império Romano estavam mutualmente<br />

imbricadas; todas eram híbridas, heterogêneas, extremamente diferenciadas e sem<br />

qualquer monolitismo (SAID, 1999, P. 28).<br />

Parafrasean<strong>do</strong> E. H. Carr, Lynn Avery Hunt afirma que “quanto mais culturais<br />

se tornarem os estu<strong>do</strong>s históricos, e quanto mais históricos se tornarem os estu<strong>do</strong>s<br />

culturais, tanto melhor para ambos” (HUNT, 1992, p. 29). Hunt enten<strong>de</strong> que, assim<br />

como a história, nas décadas <strong>de</strong> 1950 e 1960, gradativamente avançou para o social,<br />

dialogan<strong>do</strong> com a sociologia; nas décadas <strong>de</strong> 1970 e 1980 os historia<strong>do</strong>res marxistas e<br />

<strong>do</strong>s Annales direcionaram seus interesses para as práticas culturais, aproximan<strong>do</strong>-se da<br />

antropologia e da teoria da literatura. Para Lynn Hunt, a obra <strong>de</strong> Thompson <strong>sobre</strong> a<br />

classe operária inglesa, on<strong>de</strong> ele se <strong>de</strong>dica ao estu<strong>do</strong> das “mediações culturais e<br />

morais”, bem como, o interesse <strong>do</strong>s marxistas pela linguagem, principalmente pela<br />

tradição i<strong>de</strong>ológica <strong>do</strong> discurso fortalecem a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> aproximação <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res<br />

marxistas <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> das práticas culturais.<br />

Quanto aos historia<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Annales, analisan<strong>do</strong> conceitos <strong>de</strong> Roger Chartier e<br />

Jacques Revel, Hunt diz que<br />

NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />

- 147 -

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!