Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
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Paleontologia 165<br />
Mastofauna pleistocênica da Fazenda Charco, Sergipe: Ocorrência <strong>de</strong> três<br />
novos táxons e interpretações paleoambientais<br />
Mário André Trinda<strong>de</strong> Dantas 1 , Kleberson <strong>de</strong> Oliveira Porpino 2 & Ana Paula <strong>do</strong> Nascimento Prata 3<br />
Já se conhecia para a Fazenda Charco a ocorrência <strong>de</strong> cinco espécies <strong>de</strong> mamíferos<br />
pleistocênicos: Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri, Stegomasto<strong>do</strong>n waringi,<br />
Palaeolama major e Toxo<strong>do</strong>n platensis. Novas coletas revelaram a ocorrência <strong>de</strong> três<br />
novos táxons para esta localida<strong>de</strong>: Pachyarmatherium sp., Glypto<strong>do</strong>n sp., e Smilo<strong>do</strong>n<br />
populator. O presente trabalho tem como objetivos registrar essas novas ocorrências e<br />
discutir as implicações paleoambientais da fauna local. O material analisa<strong>do</strong> foi coleta<strong>do</strong><br />
em janeiro <strong>de</strong> 2009 no tanque da Fazenda Charco (09°46‟583”S, 37°40‟634”W), localizada<br />
em área <strong>de</strong> Caatinga, no agreste sergipano. A i<strong>de</strong>ntificação das espécies e o levantamento<br />
<strong>de</strong> suas características autoecológicas foram realiza<strong>do</strong>s através da consulta à bibliografia<br />
especializada disponível e comparação com peças <strong>de</strong>positadas nas coleções científicas <strong>do</strong><br />
Laboratório <strong>de</strong> Paleontologia/UFS (Aracaju/SE) e <strong>do</strong> Museu Camara Cascu<strong>do</strong> (Natal/RN).<br />
Os osteo<strong>de</strong>rmos atribuí<strong>do</strong>s a Pachyarmatherium sp. (LPUFS 4798 e 4799) são hexagonais,<br />
apresentan<strong>do</strong> uma figura central hexagonal <strong>de</strong>slocada posteriormente, circundada por<br />
quatro periféricas. Os forames pilíferos ocorrem nas intersecções entre os sulcos radiais e<br />
periféricos; LPUFS 4798 possui um forame central, enquanto que LPUFS 4799 apresenta<br />
três forames. Os osteo<strong>de</strong>rmos são maiores que em P. leiseyi, mas apresentam morfologia<br />
e medidas concordantes com materiais comparáveis recentemente reporta<strong>do</strong>s para o<br />
Pleistoceno final da Venezuela, e <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte sen<strong>do</strong> este o segun<strong>do</strong> registro<br />
<strong>do</strong> gênero para o Brasil. O osteo<strong>de</strong>rmo LPUFS 4850 atribuí<strong>do</strong> a Glypto<strong>do</strong>n sp. apresenta<br />
uma figura central e, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a fragmentação, apenas duas figuras periféricas estão<br />
preservadas, o que dificulta a atribuição específica. Os materiais i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s como<br />
Smilo<strong>do</strong>n populator incluem um rádio esquer<strong>do</strong> LPUFS 4833; metacarpo II LPUFS 4834<br />
fragmenta<strong>do</strong> em sua porção distal; e uma porção medial <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntário LPUFS 4832, com o<br />
M1 completamente preserva<strong>do</strong>. A presença nesta localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Eremotherium laurillardi,<br />
Catonyx cuvieri e Glypto<strong>do</strong>n sp., que apresentavam <strong>de</strong>ntes hipso<strong>do</strong>ntes, sugere a<br />
presença <strong>de</strong> uma vegetação típica <strong>de</strong> ambientes abertos, com pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> espécies<br />
herbáceas, já que a hipso<strong>do</strong>ntia nesses xenartros é tradicionalmente interpretada como<br />
uma adaptação para dieta fundamentalmente baseada em espécies herbáceas, a qual<br />
implica em uma gran<strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> partículas abrasivas presentes tanto nas plantas<br />
quanto no solo. A ocorrência <strong>de</strong> Stegomasto<strong>do</strong>n waringi e Palaeolama major que possuíam<br />
uma alimentação baseada principalmente em gramíneas (plantas C4), reforçam esta<br />
suposição. O paleoambiente no entorno <strong>do</strong>s tanques on<strong>de</strong> atualmente são encontra<strong>do</strong>s os<br />
fósseis, compreen<strong>de</strong>ria também zonas ecotonais entre bosques e savanas, on<strong>de</strong><br />
Pachyarmatherium <strong>de</strong>veria viver, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com interpretações recentes, em associação<br />
com corpos <strong>de</strong> água com abundância <strong>de</strong> macrófitas aquáticas (plantas C3), vegetação da<br />
qual os toxo<strong>do</strong>ntes (Toxo<strong>do</strong>ntinae) se alimentavam. Esta composição faunística corrobora<br />
a proposta <strong>de</strong> que, no Nor<strong>de</strong>ste brasileiro, durante o final <strong>do</strong> Pleistoceno, existia uma<br />
1 Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Caatinga, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe (UFS),<br />
Campus Universitário Professor José Aloísio <strong>de</strong> Campos - Jardim Rosa Elze - 49100-000, São Cristóvão, SE,<br />
Brasil.<br />
2 Laboratório <strong>de</strong> Sistemática e Ecologia Animal, Departamento <strong>de</strong> Ciências Biológicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />
Exatas e Naturais, Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte (UERN), Campus Central, Rua Professor<br />
Antônio Campos, s/n 0 - Costa & Silva - 59610-090, Mossoró, RN, Brasil.<br />
3 Laboratório <strong>de</strong> Sistemática Vegetal, Departamento <strong>de</strong> Biologia, UFS.<br />
E-mails: matdantas@yahoo.com.br, kleporpino@yahoo.com.br, apprata@ufs.br<br />
Paleovertebra<strong>do</strong>s