Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
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Paleontologia 202<br />
A <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua <strong>do</strong>s masto<strong>do</strong>ntes sul-americanos (Probosci<strong>de</strong>a,<br />
Gomphotheriidae): Morfologia e padrões <strong>de</strong> substituição e <strong>de</strong>sgaste<br />
Dimila Mothé 1 & Leonar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos Avilla 1<br />
Os proboscí<strong>de</strong>os que compunham a megafauna pleistocênica sul-americana são atribuí<strong>do</strong>s<br />
aos gêneros Stegomasto<strong>do</strong>n e Cuvieronius. A <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong> ambos apresenta fórmula I1/0,<br />
C0/0 e M6/6 e se caracteriza por formar <strong>de</strong>pressões em forma <strong>de</strong> trevo durante o<br />
<strong>de</strong>sgaste das cúspi<strong>de</strong>s. Poucos são os estu<strong>do</strong>s específicos sobre a <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua <strong>de</strong><br />
proboscí<strong>de</strong>os fósseis, já que restos correspon<strong>de</strong>ntes a estes <strong>de</strong>ntes são escassos ou muito<br />
fragmenta<strong>do</strong>s. Este trabalho <strong>de</strong>screve e compara a morfologia e os padrões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste e<br />
substituição da <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua <strong>de</strong>stes gonfoterií<strong>de</strong>os. Analisou-se 66 exemplares através<br />
<strong>de</strong> observação direta, sen<strong>do</strong> 40 <strong>de</strong> Stegomasto<strong>do</strong>n (provenientes <strong>do</strong> Brasil e Argentina) e<br />
22 <strong>de</strong> Cuvieronius (provenientes da Bolívia e Argentina). A análise <strong>do</strong>s exemplares foi feita<br />
através <strong>de</strong> observação e comparação das principais estruturas da coroa <strong>de</strong>ntária e da<br />
localização na mandíbula ou maxilar. Os <strong>de</strong>ntes consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>cíduos são os três<br />
primeiros a erupcionar e, embora sejam molariformes, possuem tamanho menor se<br />
compara<strong>do</strong> aos molares permanentes. A nomenclatura aqui utilizada foi dp2/DP2 (primeiro<br />
molar <strong>de</strong>cíduo, bilofo<strong>do</strong>nte), dp3/DP3 e dp4/DP4 (segun<strong>do</strong> e terceiro molares <strong>de</strong>cíduos,<br />
trilofo<strong>do</strong>ntes). Estes apresentam o sulco medial <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong> em direção lingual, postrites<br />
formadas por uma cúspi<strong>de</strong> <strong>de</strong>composta em duas extremida<strong>de</strong>s e pretrites com uma<br />
cúspi<strong>de</strong> não <strong>de</strong>composta. Cíngulos mesial e distal estão presentes na face labial e cíngulos<br />
acessórios po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>do</strong>s próximos ao sulco mesial. Estu<strong>do</strong>s sobre classificação<br />
etária <strong>de</strong> proboscí<strong>de</strong>os atuais utilizam o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>ntário como critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação<br />
da ida<strong>de</strong>. Estes afirmam que dp2/DP2, dp3/DP3 e dp4/DP4 erupcionam nos primeiros dias<br />
<strong>de</strong> vida, aos seis meses e um ano e são perdi<strong>do</strong>s aos <strong>do</strong>is, seis e nove anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />
respectivamente. Assim, segun<strong>do</strong> estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste estabeleci<strong>do</strong>s em trabalhos<br />
anteriores, na amostragem havia três indivíduos com menos <strong>de</strong> seis meses (DP2 sem<br />
<strong>de</strong>sgaste), nove com cerca <strong>de</strong> um ano e meio, quatorze com <strong>do</strong>is a três anos, oito com<br />
três a quatro anos, <strong>do</strong>is com cinco a seis anos, <strong>de</strong>z com seis anos, onze com sete a oito<br />
anos e <strong>de</strong>z com nove anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (dp4/DP4 em <strong>de</strong>sgaste total). Fêmeas <strong>de</strong> elefantes<br />
atingem a puberda<strong>de</strong> em torno <strong>do</strong>s 10 a 11 anos, enquanto machos a alcançam aos 15<br />
anos. Observa-se, então, que a <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua <strong>do</strong>s gonfoterií<strong>de</strong>os sul-americanos é<br />
substituída pela <strong>de</strong>ntição permanente na mesma época em que atingem o início da<br />
maturida<strong>de</strong> sexual, assumin<strong>do</strong>-se que estes tinham o <strong>de</strong>senvolvimento fisiológico similar<br />
ao <strong>de</strong> elefantes atuais. Não se observou nenhuma diferença entre a morfologia e o padrão<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste entre os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos <strong>de</strong> Stegomasto<strong>do</strong>n e Cuvieronius. Observou-se que<br />
os molares <strong>de</strong>cíduos são forma<strong>do</strong>s por cúspi<strong>de</strong>s isoladas que, posteriormente, são unidas<br />
através <strong>de</strong> cemento, em pares enfileira<strong>do</strong>s, forman<strong>do</strong> a coroa <strong>de</strong>ntária. Geralmente as<br />
cúspi<strong>de</strong>s anteriores já são <strong>de</strong>sgastadas antes das posteriores erupcionarem ou se<br />
formarem completamente e cada molar <strong>de</strong>cíduo subseqüente ten<strong>de</strong> a ser mais largo e a<br />
ter cúspi<strong>de</strong>s mais complexas <strong>do</strong> que o molar anterior. Desta forma, é possível i<strong>de</strong>ntificar<br />
uma morfologia e um padrão <strong>de</strong> substituição e <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>ntário da <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua<br />
similares aos encontra<strong>do</strong>s na <strong>de</strong>ntição permanente <strong>do</strong>s proboscí<strong>de</strong>os sul-americanos.<br />
1 Laboratório <strong>de</strong> Mastozoologia, Departamento <strong>de</strong> Zoologia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
(UNIRIO), Avenida Pasteur, 458 - Urca - 22290-240, Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, Brasil.<br />
E-mails: dimothe@hotmail.com, leonar<strong>do</strong>.avilla@gmail.com, mastozoologiaunirio@yahoo.com.br<br />
Paleovertebra<strong>do</strong>s