Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Paleontologia 62<br />
Palinoflora, paleoecologia e paleoambientes da planície costeira da<br />
margem leste da Ilha <strong>do</strong> Marajó, Pará, no Holoceno Superior<br />
Cristina <strong>do</strong> Socorro Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Senna 1 , Lívia Car<strong>do</strong>so da Silva Rodrigues 1,2 & Ana Berna<strong>de</strong>te Arruda Leão 1,2<br />
A história sedimentar holocênica da planície costeira da margem leste da ilha <strong>de</strong> Marajó é<br />
representada por <strong>de</strong>pósitos lamosos e arenosos, com diferentes feições morfológicas como<br />
planície <strong>de</strong> maré, estuários, canais <strong>de</strong> maré e praias-barreiras, on<strong>de</strong> ocorrem <strong>do</strong>is<br />
ecossistemas <strong>do</strong>minantes: o manguezal e a restinga, origina<strong>do</strong>s no Holoceno Médio a<br />
Superior. Análises palinológicas foram realizadas nos testemunhos sedimentares Bom<br />
Jesus (TBJ) e Cajuúna (TCj), distantes entre si 4 km, o primeiro no limite planície<br />
aluvial/manguezal, o segun<strong>do</strong> no manguezal/restinga, localiza<strong>do</strong>s na porção interna e<br />
externa da planície costeira da margem leste <strong>do</strong> Marajó, respectivamente. O objetivo da<br />
pesquisa foi <strong>de</strong>terminar a composição, abundância relativa, concentração <strong>de</strong> palinomorfos,<br />
relacionan<strong>do</strong> as mudanças na palinoflora costeira com as variações paleoecológicas e<br />
paleoambientais no Holoceno Superior. As 16 subamostras lamosas retiradas a intervalos<br />
<strong>de</strong> 5 cm ao longo da porção superior (1,25 m), incluin<strong>do</strong> <strong>do</strong> testemunho TBJ (4,20 m),<br />
somaram-se às outras 26 subamostras da porção superior (2,06 m) <strong>do</strong> testemunho TCj<br />
(3,80 m), sen<strong>do</strong> submetidas às técnicas padronizadas para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> pólen em<br />
sedimentos quaternários. Uma amostra da base <strong>do</strong> TBJ para datação 14 C foi enviada a um<br />
laboratório especializa<strong>do</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram 88 tipos polínicos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s no TBJ,<br />
contra 21 no TCj, diferencia<strong>do</strong>s em angiospermas, pteridófitas, microalgas e<br />
microforaminíferos. A datação 2.730 ± 40 anos A.P. (Beta 232.412), obtida na base da<br />
porção superior <strong>do</strong> testemunho TBJ foi correlacionada ao testemunho TCj e mostra que<br />
apesar da diferença na riqueza <strong>de</strong> espécies observada ao longo das duas seqüências<br />
sedimentares analisadas, houve o pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> ecossistema manguezal, evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong><br />
pela presença expressiva <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> pólen <strong>de</strong> Rhizophora sp., nunca inferior a 65% <strong>de</strong><br />
abundância relativa, ligada ao processo <strong>de</strong> progradação da linha <strong>de</strong> costa. Entretanto, as<br />
concentrações polínicas mostraram que houve variações recorrentes na hidrodinâmica da<br />
baía <strong>do</strong> Marajó, ao longo <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>posicional, caracteriza<strong>do</strong> por pulsos erosivos <strong>de</strong><br />
curto perío<strong>do</strong>, que parecem ter provoca<strong>do</strong> redução na cobertura vegetal da floresta <strong>de</strong><br />
mangue. Enquanto houve incremento na abundância <strong>de</strong> elementos herbáceos das famílias<br />
botânicas Poaceae e Cyperaceae relaciona<strong>do</strong>s tanto ao campo inundável <strong>de</strong> origem fluvial,<br />
quanto à restinga costeira, associa<strong>do</strong>s ainda aos elementos <strong>de</strong> floresta <strong>de</strong> várzea como<br />
Mauritia flexuosa, Macrolobium sp. e Protium heptaphyllum, no contato <strong>do</strong> manguezal com<br />
as porções interna e externa da planície costeira. Tal situação po<strong>de</strong> estar relacionada à<br />
alternância entre perío<strong>do</strong>s úmi<strong>do</strong>s e secos, que foram resultantes, provavelmente, <strong>de</strong><br />
variações climáticas em ciclos <strong>de</strong>cadais, responsáveis também pelas prováveis mudanças<br />
na hidrodinâmica local. A ocorrência <strong>de</strong> microforaminíferos e <strong>de</strong> outros elementos<br />
marinhos po<strong>de</strong> estar ligada à maior influência da salinida<strong>de</strong> na planície costeira, nos<br />
perío<strong>do</strong>s secos, associa<strong>do</strong>s a processos erosivos, observa<strong>do</strong>s na atualida<strong>de</strong> através <strong>do</strong>s<br />
diagramas polínicos <strong>de</strong> superfície da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Apoio CNPq e CAPES/PIATAM mar II.<br />
1 Laboratório <strong>de</strong> Palinologia e Paleoecologia da Amazônia, Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Ciências da Terra e Ecologia, Museu<br />
Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Caixa postal 399, 66040-170, Belém, PA, Brasil.<br />
2 Mestra<strong>do</strong> em Botânica Tropical, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural da Amazônia (UFRAM), AM, Brasil.<br />
E-mail: csenna@museu-goeldi.br<br />
Micropaleontologia