Paleontologia 78 Palinoflora paleógena da Formação Itaquaquecetuba, Bacia <strong>de</strong> São Paulo, Brasil Danieli Bento-<strong>do</strong>s-Santos 1 , Maria Judite Garcia 2 & Antonio Roberto Saad 1,2 A Formação Itaquaquecetuba, Bacia <strong>de</strong> São Paulo, apresenta litologias constituídas por espessos pacotes <strong>de</strong> arenitos com lenhos fósseis, e conglomera<strong>do</strong>s e lentes argilosas orgânicas, ricas em megafósseis <strong>de</strong> folhas e palinomorfos. A microflora aqui abordada provém <strong>de</strong> uma exposição com 48 metros <strong>de</strong> espessura e 200 metros <strong>de</strong> largura, aflorante na Minera<strong>do</strong>ra Itaquareia 1, que propiciou a coleta <strong>de</strong> 44 amostras férteis. Foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s 282 tipos <strong>de</strong> palinomorfos relaciona<strong>do</strong>s a angiospermas, gimnospermas, briófitas, pteridófitas, algas e fungos, sugerin<strong>do</strong> uma <strong>de</strong>posição ocorrida entre o final <strong>do</strong> Eoceno e o início <strong>do</strong> Oligoceno. A paleovegetação neoeocêna é muito diversificada, com árvores e arbustos <strong>de</strong> angiospermas que caracterizam uma floresta úmida e que inclui Quadraplanus sp., Acaciapollenites sp., Polya<strong>do</strong>pollenites vancampoi, Bombacacidites clarus, Bombacacidites spp., Jandufouria seamrogiformis, Ilexpollenites spp., Heterocolpites sp. H. incomptus, Perisyncolporites pokornyi, Catinipollis geiseltalensis, Echiperiporites estelae, Margocolporites vanwijhei, Margocolporites tenuireticulatus, Margocolporites sp., Myrtaceidites verrucosus, Myrtaceidites spp., Proteacidites <strong>de</strong>haani, Proteacidites sp. P. rectomarginatus, Proteacidites spp., Psilatricolporites maculosus, Psilatricolporites operculatus, Salixpollenites sp., Syncolporites lisamae e Syncolporites poricostatus. As gimnospermas são representadas por Dacrydiumites florinii (presente na América <strong>do</strong> Sul até o final <strong>do</strong> Oligoceno), Po<strong>do</strong>carpidites marwickii e Po<strong>do</strong>carpidites spp.. A presença <strong>de</strong> lianas é <strong>do</strong>cumentada pelos grãos <strong>de</strong> pólen Perfotricolpites digitatus (características <strong>de</strong> borda da floresta) e Tubulifloridites viteauensis e os abundantes fungos, incluin<strong>do</strong> microthyriaceas, que atualmente vivem associadas a troncos, confirmam o caráter úmi<strong>do</strong> <strong>do</strong> clima e a presença das florestas. Para este momento terminal <strong>do</strong> Eoceno as poáceas eram pouco expressivas e as ervas terrestres produziam os grãos <strong>de</strong> pólen Psilaperiporites minimus, Scabraperiporites nativensis e Tricolpites reticulatus. Entre outros ainda estão presentes as plantas produtoras <strong>de</strong> Favitricolporites baculoferus, Magnaperiporites spinosus, Malvacipollis spinulosa, Psilatricolporites triangularis, Psilastephanocolpites fissilis, Psilatricolporites costatus, Retitricolporites chubutensis, Striatopollis catatumbus. Os elementos aquáticos incluem plantas flutuantes livres como Azolla, Salvinia, Myriophyllumpollenites, Corsinipollenites undulatus, Corsinipollenites sp. C. oculus-noctis, e algas como Ovoidites parvus, Ovoidites rugulatus e Botryococcus. As briófitas estão representadas por Reboulisporites fuegiensis e as pteridófitas por Appendicisporites sp. e Cicatricosisporites <strong>do</strong>rogensis que são plantas terrestres <strong>de</strong> caule pouco <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, Laevigatosporites ovatus, Verrucatosporites usmensis, e samambaias como Cyathidites paleospora, Deltoi<strong>do</strong>spora adriennis, Deltoi<strong>do</strong>spora spp., Polypodiaceiosporites gracillimus e Polypodiaceiosporites potoniei, entre outras. Superiormente observam-se mudanças na vegetação, com redução na biodiversida<strong>de</strong> e a primeira expansão quantitativa <strong>de</strong> Dacrydiumites florinii, e a partir <strong>do</strong> início <strong>do</strong> Oligoceno, as coníferas irão <strong>do</strong>minar a paisagem. As florestas tornam-se mais típicas <strong>de</strong> climas frios e provavelmente com perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> menor umida<strong>de</strong>, com Po<strong>do</strong>carpidites sp. associa<strong>do</strong> a Dacrydiumites florinii. Entre os representantes das angiospermas <strong>de</strong>stacam-se Myrtaceidites spp., Bombacacidites spp., Beaupreaidites diversiformis, Ulmoi<strong>de</strong>ipites 1 Laboratório <strong>de</strong> Palinologia e Paleobotânica, Universida<strong>de</strong> Guarulhos (UnG), Rua Solda<strong>do</strong> Clau<strong>do</strong>vino Madalena <strong>do</strong>s Santos, 60 - Vila Almeida - 07020-071, Guarulhos, SP, Brasil. 2 Departamento <strong>de</strong> Geologia Aplicada, Instituto <strong>de</strong> Geociências e Ciências Exatas, Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista Júlio <strong>de</strong> Mesquita Filho (UNESP), Avenida 24A, 1515 - Bela Vista - 13506-900, Rio Claro, SP, Brasil. E-mails: danieli_bs@yahoo.com.br, mgarcia@ung.br, asaad@prof.ung.br Paleobotânica
Paleontologia 79 krempii, Perisyncolporites pokornyi, Proteacidites <strong>de</strong>haani e Ilexpollenites spp. A composição herbácea terrestre também se reduz, restan<strong>do</strong> apenas Tricolpites reticulatus, bem como as pteridófitas e fungos. As ervas aquáticas e lianas <strong>de</strong>saparecem. Paleobotânica