Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
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Paleontologia 194<br />
Primeira ocorrência <strong>do</strong> peixe-serra Pristis (Chondrichthyes, Rajiformes,<br />
Pristoi<strong>de</strong>i) no Neógeno da Formação Solimões, Brasil<br />
Andréa Maciente 1 , Francisco Ricar<strong>do</strong> Negri 2 , Jean Bocquentin Villanueva 1 & Mario Cozzuol 3<br />
Descreve-se neste trabalho a ocorrência <strong>de</strong> um fragmento <strong>de</strong> rostro, sem <strong>de</strong>ntes, <strong>do</strong> peixe<br />
serra Pristis Link, 1790, família Pristidae, proveniente <strong>do</strong> Neógeno da Formação Solimões,<br />
coleta<strong>do</strong> em 1988 no rio Purus, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre, pela equipe <strong>de</strong> pesquisas <strong>do</strong> Laboratório<br />
<strong>de</strong> Paleontologia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Acre, registra<strong>do</strong> sob o número UFAC 1768.<br />
Os peixes-serra pertencem a um pequeno grupo <strong>de</strong> batoi<strong>de</strong>s caracteriza<strong>do</strong> pelo alonga<strong>do</strong><br />
rostro, <strong>do</strong>rso-ventralmente achata<strong>do</strong>, com presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes dispostos lateralmente ao<br />
longo <strong>de</strong> seu comprimento. A <strong>de</strong>scoberta representa um elemento novo para o gênero,<br />
conheci<strong>do</strong> somente a partir <strong>do</strong> Eoceno Inferior <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Europa e Norte da<br />
África através <strong>de</strong> rostros incompletos ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes rostrais isola<strong>do</strong>s. Atualmente, espécies<br />
<strong>do</strong> gênero Pristis estão presentes nos estuários e lagos das regiões tropicais e subtropicais<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. O espécime estuda<strong>do</strong> aqui po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> mais um importante elemento<br />
para o conhecimento da fauna aquática da Formação Solimões. Foram tomadas medidas<br />
<strong>do</strong> espécime, ântero-posteriores, largura e espessura, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comparar os<br />
resulta<strong>do</strong>s com as medidas correlacionadas <strong>do</strong>s exemplares conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s peixes-serra<br />
atuais. Como os <strong>de</strong>ntes não estão preserva<strong>do</strong>s, foi examina<strong>do</strong> particularmente a textura<br />
<strong>do</strong>s ductos laterais presentes na seção lateral <strong>do</strong> espécime e a disposição <strong>do</strong>s restos <strong>de</strong><br />
alvéolos presentes lateralmente ao rostro. A i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> espécime amazônico como<br />
pertencente ao gênero Pristis, está baseada na morfologia <strong>do</strong> rostro que não apresenta os<br />
canais laterais suplementários presentes nos gêneros Anoxypristis White & Moy-Thomas e<br />
Propristis Dames. Nota-se na seção transversal <strong>do</strong> espécime o canal mediano que<br />
representa a prolongação da cavida<strong>de</strong> pré-cerebral bordada pelos ductos pares on<strong>de</strong><br />
passam os nervos oftálmicos e bucofaríngeos. Além disso, observa-se nas superfícies,<br />
<strong>do</strong>rsal e ventral, a presença <strong>de</strong> um par <strong>de</strong> sulcos laterais. Cabe ressaltar, que a falta <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>ntes no exemplar em estu<strong>do</strong> não permite uma i<strong>de</strong>ntificação ao nível específico, e uma<br />
revisão das espécies fósseis <strong>do</strong> gênero Pristis, conhecidas somente através <strong>de</strong> rostros<br />
incompletos, parece necessária. Por último, duas espécies <strong>de</strong> peixes-serra presentes hoje<br />
na região atlântica são consi<strong>de</strong>radas válidas: Pristis pectinata Latham, 1794 e P. perotteti<br />
Valenciennes (in Muller & Henle, 1841). De acor<strong>do</strong> com autores recentes, o comprimento<br />
<strong>do</strong> maior peixe-serra conheci<strong>do</strong> hoje é <strong>de</strong> 255 mm. Po<strong>de</strong>-se esperar um tamanho<br />
semelhante no espécime UFAC-1768. O compri<strong>do</strong> pré-nasal rostro e as séries <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />
laterais pontu<strong>do</strong>s podiam ser usa<strong>do</strong>s como po<strong>de</strong>rosa arma <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa contra o gigante<br />
Alligatoridae Purussaurus brasiliensis.<br />
¹Laboratório <strong>de</strong> Paleontologia, Centro Multidisciplinar, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Acre (UFAC), Campus Floresta,<br />
Cruzeiro <strong>do</strong> Sul, Acre, Brasil.<br />
2 Laboratório <strong>de</strong> Paleontologia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Pará (UFPA), Campus Altamira, Altamira, Pará, Brasil.<br />
3 Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil.<br />
E-mails: andreamaciente@gmail.com, frnegri@ufpa.br, jean.bocvillanueva@gmail.com,<br />
cozzuol@icb.ufmg.br<br />
Paleovertebra<strong>do</strong>s