Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
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Paleontologia 82<br />
Combretáceas fósseis da Bacia <strong>de</strong> Fonseca (Eoceno <strong>do</strong> Su<strong>de</strong>ste<br />
Brasileiro): Evidências morfológicas & anatômicas<br />
Jean Carlo Mari Fanton 1,2 , Fresia Ricardi-Branco 1,3 , Ricar<strong>do</strong> José Francischetti Garcia 4 & Adalene Moreira Silva 3,5<br />
Folhas fósseis <strong>de</strong> Combretaceae, preservadas como incarbonizações e impressões, em<br />
folhelhos da Formação Fonseca (possivelmente Eoceno), da Bacia <strong>de</strong> Fonseca, Alvinópolis,<br />
Minas Gerais, foram analisadas para reavaliar seu posicionamento taxonômico. Da<strong>do</strong>s<br />
morfológicos foram compara<strong>do</strong>s enquanto que novos da<strong>do</strong>s anatômicos revelaram-se <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> valor sistemático. Adicionalmente, as evidências fósseis permitiram lançar<br />
interpretações sobre a história evolutiva da família. Previamente, folhas fósseis<br />
broquidódromas, provenientes da mesma Bacia, foram <strong>de</strong>scritas, tais como Terminalia<br />
maxima Berry 1935, baseada em uma folha obovada macrófila, Combretum fonsecanensis<br />
Berry 1935, para folhas elípticas notófilas, e Combretum crandalii Oliveira-e-Silva 1982,<br />
para folhas lanceoladas notófilas-mesófilas. As amostras aqui estudadas, em número <strong>de</strong><br />
sete, encontram-se <strong>de</strong>positadas no Museu <strong>de</strong> Ciências da Terra <strong>do</strong> Departamento Nacional<br />
<strong>de</strong> Produção Mineral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Notou-se que o padrão <strong>de</strong> venação é constante<br />
nos espécimes: broquidódromo com inter2árias freqüentes, 3ário e 4ário percorrente<br />
misto, 5ário reticula<strong>do</strong> poligonal regular, com aréolas bem <strong>de</strong>senvolvidas e arcos<br />
marginais. Três morfotipos foram diferencia<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong>-se as características <strong>do</strong><br />
indumento: 1º) folha obovada estreita, mesófila, aréolas pequenas, tricomas tipo pêlos<br />
combretáceos curtos e tipo escamas glandulares, aprox. circulares, coloração<br />
acastanhada, 50-130µm <strong>de</strong> diâmetro, com zonas marginal e central <strong>de</strong>limitadas,<br />
freqüentes a esparsas na lâmina, respectivamente, <strong>de</strong>talhadamente, a escama (80µm) é<br />
complexa, com margem irregular curvada, com muitas pare<strong>de</strong>s tangenciais e aprox. 45<br />
células marginais; 2º) folha elíptica, notófila, pecíolo infla<strong>do</strong> e estria<strong>do</strong>, base arre<strong>do</strong>ndada,<br />
ápice acumina<strong>do</strong>, aréolas médias, pêlos combretáceos e escamas; 3º) folha ovada<br />
estreita, mesófila, ápice acumina<strong>do</strong>, aréolas gran<strong>de</strong>s, pêlos combretáceos e escamas. O<br />
espécime <strong>do</strong> morfotipo 1 fora previamente i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> como Terminalia maxima,<br />
<strong>de</strong>terminação aqui rejeitada, pois Terminalia não porta escamas. Devi<strong>do</strong> à presença <strong>de</strong><br />
pêlos combretáceos e escamas, os três morfotipos foram acomoda<strong>do</strong>s no gênero<br />
Combretum Loefl. (Thiloa, apesar <strong>de</strong> vegetativamente semelhante, não porta pêlos<br />
combretáceos) e subgênero Combretum (Cacoucia porta apenas glândulas pedunculadas).<br />
O morfotipo 2 representa C. fonsecanensis (relaciona<strong>do</strong> à atual espécie C. duarteanum por<br />
Oliveira-e-Silva), já o morfotipo 3 representa C. crandalii (relaciona<strong>do</strong> à atual espécie C.<br />
rotundifolium por Oliveira-e-Silva). Tais i<strong>de</strong>ntificações morfológicas po<strong>de</strong>rão ser<br />
confirmadas caso sejam obtidas cutículas, a exemplo <strong>do</strong> morfotipo 1, que <strong>de</strong>monstrou<br />
portar escama tipicamente complexa, fato que permitiu relacioná-lo às seções LEPROSA e<br />
COMBRETUM. Especialmente pela margem irregular ondulada e pelas pare<strong>de</strong>s tangenciais<br />
da escama, além da morfologia laminar, sugere-se que a forma fóssil <strong>do</strong> morfotipo 1 é<br />
1 Departamento <strong>de</strong> Geologia e Recursos Naturais, Instituto <strong>de</strong> Geociências, Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas<br />
(Unicamp), Cida<strong>de</strong> Universitária Zeferino Vaz - Barão Geral<strong>do</strong> - Caixa postal 6152, 13083-970, Campinas, SP,<br />
Brasil.<br />
2 Bolsista Doutora<strong>do</strong> FAPESP.<br />
3 Bolsista Produtivida<strong>de</strong> em Pesquisa <strong>do</strong> CNPq.<br />
4 Herbário Municipal <strong>de</strong> São Paulo, Avenida IV Centenário, 1268, Portão 7A - Parque Ibirapuera - 04030-000,<br />
São Paulo, SP, Brasil.<br />
5 Instituto <strong>de</strong> Geociências, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília (UnB), Campus Universitário Darcy Ribeiro, s/n 0 - Asa Norte<br />
- 70910-900, Brasília, DF, Brasil.<br />
E-mails: jeanfanton@ige.unicamp.br, fresia@ige.unicamp.br, rfrancischetti@prefeitura.sp.gov.br,<br />
adalene@unb.br<br />
Paleobotânica