Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
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Paleontologia 98<br />
Reconstituição da paleoflora neógena <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, com base na<br />
tafoflora <strong>de</strong> Jacareí, Formação Pindamonhangaba,<br />
Bacia <strong>de</strong> Taubaté, SP, Brasil<br />
1<br />
Laboratório <strong>de</strong> Paleobotânica, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP), Rua <strong>do</strong> Lago, 562 – Butantã – 05508-080,<br />
São Paulo, SP, Brasil.<br />
2<br />
Universia<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guarulhos (Un G), Praça Tereza Cristina 1 – Centro – 07023, Guarulhos, SP, Brasil<br />
3<br />
Bolsista <strong>de</strong> Produtivida<strong>de</strong> em Pesquisa <strong>do</strong> CNPq.<br />
E-mail: maryeliz@usp.br<br />
Patrícia Tufano 1 & Mary E. C. Bernar<strong>de</strong>s-<strong>de</strong>-Oliveira 1,2,3<br />
Com base nas características morfoadaptativas <strong>de</strong> fitofósseis foliares, na litologia, na<br />
estratigrafia, na ecologia e na distribuição geográfica das espécies atuais i<strong>de</strong>ntificadas<br />
como formas afins, é proposta uma reconstituição paleoflorística, paleoclimática e<br />
paleoecológica para a área <strong>de</strong> Jacareí (SP), durante o Neógeno. Os fitofósseis estuda<strong>do</strong>s<br />
ocorrem em argilitos maciços a lamina<strong>do</strong>s, esbranquiça<strong>do</strong>s ou variega<strong>do</strong>s, com<br />
intercalações <strong>de</strong> siltitos e arenitos finos, relaciona<strong>do</strong>s à <strong>de</strong>posição em planície <strong>de</strong><br />
inundação <strong>de</strong> sistema fluvial meandrante <strong>de</strong> granulação fina. Esses <strong>de</strong>pósitos fazem parte<br />
da Formação Pindamonhangaba, da bacia tafrogênica <strong>de</strong> Taubaté, cuja estrutura em<br />
“graben” está relacionada ao “Sistema <strong>de</strong> Rift Continental <strong>do</strong> Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil”. A<br />
Formação Pindamonhangaba apresenta, na porção basal, um pacote <strong>de</strong> conglomera<strong>do</strong>s,<br />
arenitos médios a grossos, com estratificações cruzadas e acanaladas típicos <strong>de</strong> fácies <strong>de</strong><br />
canal <strong>de</strong> sistema fluvial meandrante e, na porção superior, argilitos maciços a lamina<strong>do</strong>s<br />
rítmicos, correspon<strong>de</strong>ntes a <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> planície <strong>de</strong> inundação e em leques <strong>do</strong> mesmo<br />
sistema fluvial. Essa formação sobrepõe-se a sedimentos paleógenos da Formação São<br />
Paulo ou Tremembé e tem por cobertura uma seqüência pliopleistocena <strong>de</strong> colúvios<br />
aluviais. É consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> provável ida<strong>de</strong> neógena e tem espessura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30 m. Sua<br />
paleoflora está registrada em, pelo menos, quatro ocorrências (km 1,6 da ro<strong>do</strong>via<br />
Quiririm-Campos <strong>do</strong> Jordão; próximo à Escola Agrícola da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté; km<br />
124,5 da ro<strong>do</strong>via Presi<strong>de</strong>nte Dutra e no Alto Santana II, <strong>de</strong> Jacareí). Seu conteú<strong>do</strong><br />
fitofossilífero era, até o momento, relativamente <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>, com registros incipientes<br />
<strong>de</strong> melastomatáceas, prováveis anacardiáceas e monocotiledôneas, tifáceas e filicopsidas<br />
(Lomariopsis). Novos elementos florísticos foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> material<br />
proveniente <strong>de</strong> Jacareí (SP). Ao consi<strong>de</strong>rar-se a ecologia das espécies atuais afins às<br />
espécies fósseis (Equisetum arvense; Calyptranthes concinna; Tibouchina sellowiana;<br />
Cupania vernalis; Sapindus saponaria; Myracrodruon urun<strong>de</strong>uva; Si<strong>de</strong>roxylon obtusifolium;<br />
Symplocos nitens var. bahiensis; Styrax camporum; Calycophyllum multiflorum); as feições<br />
foliares morfoadaptativas <strong>do</strong>s componentes da tafoflora (como pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> formas<br />
serradas, coriáceas e <strong>de</strong> ápice arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>); a distribuição das formas atuais afins nos<br />
biomas brasileiros e a conhecida presença atual <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong>sses biomas, distribuídas<br />
pelas encostas e planície <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, conclui-se que a tafoflora <strong>de</strong> Jacareí<br />
<strong>do</strong>cumenta uma vegetação <strong>de</strong> clima um pouco mais seco e frio que o atual que,<br />
entretanto, semelhantemente à <strong>de</strong> hoje, medrava por áreas pantanosas da planície <strong>de</strong><br />
inundação ou marginais aos meandros como campos e matas ciliares tipo cerra<strong>do</strong> e até<br />
caatinga, e margens <strong>de</strong> canais que <strong>de</strong>sciam os flancos <strong>do</strong> vale, enquanto floresta<br />
estacional semi<strong>de</strong>cidual <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> cobria as encostas até 500 metros. Portanto,<br />
formações muito semelhantes às atuais, já estariam presentes ali, naquele perío<strong>do</strong>.<br />
Paleobotânica