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Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão

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Paleontologia 169<br />

Vestígios da ação <strong>de</strong> mamíferos necrófagos em ossos <strong>de</strong> masto<strong>do</strong>ntes<br />

(Mammalia: Gomphoteriidae) <strong>do</strong> Quaternário <strong>de</strong><br />

Águas <strong>de</strong> Araxá, Minas Gerais, Brasil<br />

Victor Hugo Dominato 1,2,3 , Dimila Mothé 1 , Rafael Costa da Silva 3 & Leonar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos Avilla 1<br />

Diversos grupos <strong>de</strong> carnívoros atuam como preda<strong>do</strong>res e carniceiros oportunistas (em<br />

situações on<strong>de</strong> há oferta <strong>de</strong> alimento). Desta forma, registros <strong>de</strong> marcas associadas a<br />

<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> carnívoros necrófagos em restos ósseos <strong>de</strong> presas são bastante comuns até os<br />

dias atuais. Neste estu<strong>do</strong> reconheceram-se diferentes tipos <strong>de</strong> marcas em ossos longos <strong>de</strong><br />

Stegomasto<strong>do</strong>n waringi (masto<strong>do</strong>ntes) da assembléia fossilífera <strong>de</strong> Águas <strong>de</strong> Araxá (Minas<br />

Gerais). A ação <strong>de</strong> artefatos humanos é <strong>de</strong>scartada, pois as marcas encontradas não<br />

seguem os padrões <strong>de</strong> distribuição e forma, <strong>de</strong>scritos na literatura para marcas <strong>de</strong> origem<br />

antrópica. Essas marcas são aqui associadas a possíveis mamíferos preda<strong>do</strong>res-necrófagos<br />

e tiveram seus padrões morfológicos reconheci<strong>do</strong>s seguin<strong>do</strong> critérios <strong>de</strong>scritos na<br />

literatura especializada. As marcas mais superficiais com formatos circulares foram<br />

classificadas como perfurações (pittings) e formas ovói<strong>de</strong>s mais profundas classificadas<br />

como puncturas (punctures), sen<strong>do</strong> que ambas se distribuem principalmente na região<br />

das epífises. Já as marcas lineares encontradas possuem um padrão semelhante a<br />

arranhões (scratches), gera<strong>do</strong>s na maioria das vezes por <strong>de</strong>ntes, e são encontradas<br />

pre<strong>do</strong>minantemente na região da diáfise. Os padrões morfológicos e <strong>de</strong> distribuição<br />

encontra<strong>do</strong>s estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a literatura, segun<strong>do</strong> a qual perfurações circulares<br />

pouco profundas caracterizam mordidas superficiais em um ponto fixo <strong>do</strong> osso, enquanto<br />

perfurações ovói<strong>de</strong>s profundas caracterizam mordidas intensas e marcas lineares<br />

caracterizam mordidas em que o preda<strong>do</strong>r arrastou seus <strong>de</strong>ntes sobre a superfície. Já o<br />

padrão <strong>de</strong> distribuição relaciona marcas circulares principalmente a região das epífises e<br />

as marcas lineares principalmente a região final da diáfise. Nenhuma das marcas<br />

produzidas por mamíferos carnívoros ocorre isoladamente ou <strong>de</strong> forma aleatória,<br />

<strong>de</strong>scartan<strong>do</strong>-se a hipótese das mesmas terem si<strong>do</strong> produzidas por agentes tafonômicos,<br />

que costumam fazer marcas com uma distribuição isolada e muitas vezes randômica.<br />

Analisan<strong>do</strong> marcas <strong>de</strong> ursí<strong>de</strong>os, felí<strong>de</strong>os e caní<strong>de</strong>os observa-se que, ao consumirem suas<br />

presas, estes costumam gerar perfurações (pittings) quan<strong>do</strong> o consumo é superficial e<br />

puncturas (punctures) quan<strong>do</strong> há um aproveitamento mais intenso da carcaça. Já a<br />

presença <strong>de</strong> arranhões (scratches) costuma ser comum apenas em ações <strong>de</strong> caní<strong>de</strong>os,<br />

que possuem o hábito <strong>de</strong> mordiscar o osso, arrastan<strong>do</strong> seus <strong>de</strong>ntes sobre a superfície e<br />

forman<strong>do</strong> marcas lineares semelhantes a arranhões. Estu<strong>do</strong>s a respeito <strong>de</strong> ataques <strong>de</strong><br />

caní<strong>de</strong>os como Protocyon sp. e Theriodictis sp. a populações <strong>de</strong> proboscí<strong>de</strong>os são<br />

<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s na América <strong>do</strong> Sul. Contu<strong>do</strong>, o fato <strong>de</strong> atuarem como necrófagos<br />

oportunistas não é incomum, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> apenas da oferta <strong>de</strong> alimento. Com base em<br />

estu<strong>do</strong>s anteriores, sabe-se que a assembléia <strong>de</strong> masto<strong>do</strong>ntes <strong>de</strong> Águas <strong>de</strong> Araxá é<br />

produto <strong>de</strong> um evento catastrófico <strong>de</strong> mortanda<strong>de</strong> em massa. Adicionalmente, estu<strong>do</strong>s<br />

sugerem que os animais permaneceram expostos por um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo relativamente<br />

longo (<strong>de</strong> 1 a 2 anos) antes <strong>do</strong> evento <strong>de</strong> soterramento. Esse fato foi <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> pelo<br />

estu<strong>do</strong> da ação <strong>de</strong> larvas necrófagas que se estabelecem nos cadáveres após os ossos<br />

1 Laboratório <strong>de</strong> Mastozoologia, Departamento <strong>de</strong> Zoologia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(UNIRIO), Avenida Pasteur 458 - Urca - 22290-240. Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, Brasil.<br />

2 Bolsista CPRM.<br />

3 Divisão <strong>de</strong> Paleontologia, Departamento <strong>de</strong> Geologia, Companhia <strong>de</strong> Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM),<br />

Avenida Pasteur, 404 - Urca - 22290-240, Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, Brasil.<br />

E-mails: dimothe@hotmail.com, leonar<strong>do</strong>.avilla@gmail.com, mastozoologiaunirio@yahoo.com.br<br />

Paleovertebra<strong>do</strong>s

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