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Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão

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Paleontologia 258<br />

O conceito <strong>de</strong> patrimônio sob o olhar da comunida<strong>de</strong> ao entorno <strong>do</strong> Parque<br />

Paleontológico <strong>de</strong> São José <strong>de</strong> Itaboraí, RJ<br />

Aline Rocha <strong>de</strong> Souza 1,2 & Deusana Maria da Costa Macha<strong>do</strong> 3<br />

A criação <strong>do</strong> Parque Paleontológico <strong>de</strong> São José <strong>de</strong> Itaboraí, esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

teve como objetivo proteger o sítio paleontológico em iminente <strong>de</strong>struição. Essa medida<br />

<strong>de</strong> proteção foi solicitada pela comunida<strong>de</strong> paleontológica, acolhida e aplicada pela<br />

prefeitura <strong>de</strong> Itaboraí. Nesta ação, duas esferas tiveram participação efetiva: científica e<br />

política. Contu<strong>do</strong>, neste cenário, também existe a esfera local. Sen<strong>do</strong> assim, como esta<br />

esfera vê o parque e enten<strong>de</strong> o quê é patrimônio? Para respon<strong>de</strong>r tais questões,<br />

formulou-se uma pesquisa aleatória aplican<strong>do</strong> 100 questionários em áreas <strong>de</strong> entorno <strong>do</strong><br />

parque. Constatou-se que 44% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s já tinham freqüenta<strong>do</strong> o parque pelo<br />

menos uma vez, 40% apenas ouviram falar <strong>de</strong>le e 16% nunca ouviram falar. Isso mostra<br />

que há conhecimento da existência <strong>do</strong> parque pela população, entretanto, ele é mais<br />

<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> por mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> área mais distante <strong>de</strong> São José, como no Centro <strong>de</strong><br />

Itaboraí, on<strong>de</strong> quase meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirmou nunca ter ouvi<strong>do</strong> falar <strong>do</strong> parque.<br />

A população freqüenta o parque, mas a maior parte não se apropria <strong>de</strong>le e reconhece<br />

aquele território <strong>de</strong> outras formas. A existência da lagoa em São José foi o fator mais<br />

relevante para os entrevista<strong>do</strong>s, pois 63% <strong>de</strong>les afirmaram já ter i<strong>do</strong> à lagoa, enquanto<br />

apenas 44% afirmaram ter i<strong>do</strong> ao parque. Isso evi<strong>de</strong>ncia que a população apropria-se<br />

daquele espaço <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à presença da lagoa, mesmo compartilhan<strong>do</strong> o território com o<br />

parque. Em parte, isso ocorre pela forma como aquela população enten<strong>de</strong> o patrimônio. O<br />

referencial patrimonial da população pesquisada foi o histórico/ arquitetônico/ artístico,<br />

pois os entrevista<strong>do</strong>s citaram as palavras “casa”, “prédio antigo” e “pintura <strong>de</strong> arte” como<br />

uma forma <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar concretamente o conceito patrimônio. Já as palavras “fóssil”,<br />

“pedra” e “osso”, que lembrariam a Paleontologia como patrimônio, foram pouco<br />

marcadas. Essa população não reconhece as múltiplas facetas patrimoniais e a sua idéia<br />

sobre patrimônio é focada, principalmente, nos valores históricos. Isso fica marcante ao<br />

serem pergunta<strong>do</strong>s sobre qual valor o parque teria. O valor histórico <strong>do</strong> parque foi o mais<br />

relevante (24%), embora na <strong>de</strong>nominação <strong>do</strong> parque esteja explícito o valor<br />

paleontológico, que obteve 21% das indicações, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s valores geológico e lazer<br />

(14%), arqueológico (12%), econômico (11%), entre outros. É provável que a relevância<br />

histórica tenha ocorri<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à importância da Companhia <strong>de</strong> Cimento Portland Mauá na<br />

região, responsável pela época mais próspera da mesma. O parque, ou a proposta <strong>de</strong><br />

proteção por sua importância científica, ainda não foi completamente assimilada pela<br />

população. Para tentar reverter esta situação, apresentam-se as seguintes propostas: (1)<br />

musealizar o parque e criar atrações com uma boa divulgação local e (2) aproximar a<br />

população utilizan<strong>do</strong> os valores já apropria<strong>do</strong>s, como o histórico e o <strong>de</strong> lazer. A<br />

preservação <strong>de</strong>ste patrimônio se tornará viável com a inter-relação entre as três esferas, o<br />

que po<strong>de</strong> (e <strong>de</strong>ve) ser feito também através <strong>de</strong> ações conjuntas entre as mesmas. Isso<br />

possibilitará a to<strong>do</strong>s criar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com o território, bem como a apropriação e<br />

preservação <strong>de</strong>ste patrimônio complexo e múltiplo.<br />

1<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(UNIRIO), Rio <strong>de</strong> janeiro, RJ, Brasil.<br />

2<br />

Bolsista CAPES.<br />

3<br />

Laboratório <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Comunida<strong>de</strong>s Paleozóicas, Departamento <strong>de</strong> Ciências Naturais, Instituto <strong>de</strong><br />

Biociências, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (UNIRIO), Avenida Pasteur, 458 - Urca - 22290-<br />

240, Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, Brasil.<br />

E-mails: emsiano@yahoo.com.br, <strong>de</strong>usana@unirio.br, <strong>de</strong>usana@gmail.com<br />

Ensino & Coleções

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