Livro de Resumos - Dinossauros do Maranhão
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Paleontologia 25<br />
Foraminíferos planctônicos e isótopos estáveis (∂ 18 O e ∂ 13 C) na<br />
compreensão paleoceanográfica da região Equatorial Oeste<br />
<strong>do</strong> Atlântico Sul nos últimos 30.000 anos<br />
1 Laboratório <strong>de</strong> Paleoceanografia <strong>do</strong> Atlântico Sul, Instituto Oceanográfico, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP),<br />
Praça <strong>do</strong> Oceanográfico, 191 - Cida<strong>de</strong> Universitária - 05508-120, São Paulo, SP, Brasil.<br />
E-mail: ftole<strong>do</strong>@usp.br<br />
Edmun<strong>do</strong> Camillo Jr 1 & Felipe A. L. Tole<strong>do</strong> 1<br />
Este estu<strong>do</strong> avaliou os sinais globais <strong>de</strong> ∂ 18 O e ∂ 13 C na espécie <strong>de</strong> foraminífero planctônico<br />
Globigerinoi<strong>de</strong>s ruber var. „branca‟ em <strong>do</strong>is testemunhos <strong>de</strong> mar profun<strong>do</strong> provenientes <strong>do</strong><br />
talu<strong>de</strong> continental da Bacia Pernambuco/Paraíba. A partir <strong>de</strong>stes resulta<strong>do</strong>s o estu<strong>do</strong><br />
objetivou: relacionar a curva <strong>de</strong> abundância relativa das principais espécies <strong>de</strong><br />
foraminíferos planctônicos com as curvas <strong>de</strong> ∂ 18 O e ∂ 13 C, i<strong>de</strong>ntificar os Estágios Isotópicos<br />
Marinhos (EIM) e utilizar a relação acima e a interpretação <strong>do</strong>s EIM na explicação das<br />
possíveis mudanças paleoceanográficas/paleoclimáticas nos últimos 30.000. Foram<br />
utilizadas 23 amostras (15 <strong>do</strong> testemunho KF-C e 8 <strong>do</strong> KF-B) que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os<br />
resulta<strong>do</strong>s isotópicos <strong>de</strong> 14 C, seriam suficientes para compreen<strong>de</strong>r to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
interesse. Para a recuperação <strong>do</strong>s foraminíferos <strong>do</strong>s sedimentos, as amostras foram<br />
processadas obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> as seguintes etapas: pesagem <strong>do</strong> material; lavagem sob água<br />
corrente em peneira <strong>de</strong> 0,062 mm; secagem em estufa a 50 C, pesagem <strong>do</strong> material seco<br />
(recupera<strong>do</strong>). Após a pesagem o sedimento foi processa<strong>do</strong> em peneira <strong>de</strong> 0,150mm; o<br />
sedimento reti<strong>do</strong> contém a fauna <strong>de</strong> foraminíferos planctônicos mais representativa. A<br />
fase <strong>de</strong> triagem consistiu da separação <strong>do</strong>s foraminíferos planctônicos da espécie G. ruber<br />
var. branca <strong>do</strong>s sedimentos nas frações <strong>de</strong> tamanho a<strong>de</strong>quadas para análise isotópica nas<br />
testas. A cronologia foi estabelecida a partir das datações <strong>de</strong> radiocarbono ( 14 C) extraída<br />
<strong>do</strong> foraminífero planctônico G. ruber em quatro amostras, duas por testemunho. Os EIM<br />
foram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s a partir da visualização das curvas <strong>de</strong> ∂ 18 O e da observação da<br />
existência ou não <strong>do</strong>s foraminíferos planctônicos <strong>do</strong> complexo menardii (Globorotalia<br />
menardii, G. flexuosa e G. tumida). A presença em número significativo <strong>de</strong>ste grupo<br />
específico <strong>de</strong> foraminíferos planctônicos é importante na <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s intervalos<br />
interglaciais (e.g. EIM 1). Os maiores valores <strong>de</strong> ∂ 18 O foram relaciona<strong>do</strong>s ao EIM 2<br />
enquanto que os menores foram relaciona<strong>do</strong>s ao EIM 1. No EIM 2, caracteriza<strong>do</strong> por<br />
condições atmosféricas e oceanográficas mais intensas, foram favorecidas as espécies:<br />
Globorotalia truncatulinoi<strong>de</strong>s, Pulleniatina obliquiloculata, Globorotalia hirsuta, Globorotalia<br />
inflata, Neogloboquadrina dutertrei, Globigerina bulloi<strong>de</strong>s e Globigerinoi<strong>de</strong>s ruber „branca‟.<br />
A maior abundância relativa <strong>de</strong>stas espécies durante o EIM 2 indicam menores efetivida<strong>de</strong><br />
da estratificação vertical e estabilida<strong>de</strong> da coluna d‟água, com relação ao EIM 1. Com o<br />
restabelecimento <strong>do</strong> padrão estrutural da coluna d‟água, o EIM 1 é caracteriza<strong>do</strong> pelo<br />
aumento na abundância relativa das espécies <strong>do</strong> complexo menardii, bem como<br />
Globigerinella calida, Globigerina rubescens, Can<strong>de</strong>ina nitida e Globigerinoi<strong>de</strong>s ruber „rosa‟.<br />
A abundância relativa <strong>de</strong>stas espécies parece respon<strong>de</strong>r diretamente as alterações globais<br />
representadas pela passagem <strong>do</strong> EIM 2 para o EIM 1./ A espécie G. bulloi<strong>de</strong>s, geralmente<br />
associada a ambientes mais produtivos, foi a única que respon<strong>de</strong>u às alterações na<br />
produtivida<strong>de</strong>. Porém os da<strong>do</strong>s isotópicos <strong>de</strong> carbono não pu<strong>de</strong>ram ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s um<br />
proxy <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> confiável neste estu<strong>do</strong> já que está está sujeito a alguns <strong>de</strong>svios,<br />
<strong>de</strong>ntre estes a ativida<strong>de</strong> fotossintética <strong>do</strong>s simbiontes. Apesar da bem sucedida utilização<br />
da curva <strong>de</strong> ∂ 18 O na interpretação paleoceanográfica da região estudada, este estu<strong>do</strong><br />
sugere que os da<strong>do</strong>s isotópicos <strong>de</strong> carbono (∂ 13 C) extraí<strong>do</strong>s da testa <strong>de</strong> G. ruber,<br />
unicamente, não <strong>de</strong>vem ser utiliza<strong>do</strong>s para inferir a paleoprodutivida<strong>de</strong> no Atlântico<br />
equatorial oeste nos últimos 30.000 anos.<br />
Micropaleontologia