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Sociologia Jurídica.pdf - Unijuí

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272<br />

E n i o W a l d i r d a S i l v a<br />

É já nesse período de incubação, quando o vírus da Revolução Francesa<br />

se alastrou por toda a Europa, que se manifesta a constelação na<br />

qual o tipo do intelectual moderno encontrará o seu lugar. Ao influírem<br />

com argumentos retoricamente afiados na formação da opinião, os<br />

intelectuais dependem de uma esfera pública capaz de lhes servir de<br />

caixa de ressonância, alerta e informada. Necessitam de um público<br />

de orientação mais ou menos liberal e precisam confiar num Estado<br />

de Direito minimamente encaminhado pelo simples fato de apelarem<br />

a valores universalistas em meio ao litígio sobre verdades sufocadas<br />

ou direitos negados. Pertencem a um mundo no qual a política não se<br />

dissolve na atividade do Estado; seu mundo é uma cultura política da<br />

contradição, na qual as liberdades comunicativas dos cidadãos podem<br />

ser desencadeadas e mobilizadas.<br />

É simples projetar o tipo ideal de intelectual que rastreia temas importantes,<br />

levanta teses fecundas e amplia o espectro dos argumentos<br />

pertinentes para melhorar o nível deplorável dos debates públicos.<br />

Por outro lado, eu não deveria sonegar aqui a ocupação mais querida<br />

dos intelectuais: eles adoram sintonizar-se com as queixas rituais<br />

sobre o declínio “do” intelectual. Confesso não estar inteiramente<br />

livre dessa tendência (Habermas, 1995).<br />

Parece, para o autor, que falta entrar em cena intelectuais que,<br />

com suas opiniões, possam mobilizar públicos e pergunta-se: será que<br />

na nossa sociedade midiática não ocorre uma nova mudança estrutural<br />

da esfera pública, que faz mal à figura clássica do intelectual (a exemplo<br />

de Michel Foucault, Jacques Derrida e Pierre Bourdieu, os textos de<br />

intervenção de Erich Fried ou Günter Grass)?<br />

O autor entende que a reorientação da comunicação, da imprensa e<br />

do jornalismo escrito para a televisão e a Internet conduziu a uma amplia-<br />

ção insuspeitada da esfera pública midiática e a uma condensação ímpar<br />

das redes de comunicação. Embora o intercâmbio seja mais intenso, os<br />

intelectuais parecem morrer sufocados diante do transbordamento desse<br />

elemento vivificador, como se ele lhes fosse administrado em overdose.<br />

A bênção parece transformar-se em maldição. As razões para isso me<br />

parecem ser uma informalização da esfera pública e uma indiferenciação<br />

dos correspondentes papéis.

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