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Sociologia Jurídica.pdf - Unijuí

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Capítulo 2 – A Modernidade – A Judicialização das Relações Sociais<br />

É muito possível, portanto, e até mesmo verossímil, que o aumento<br />

do número de suicídios se origine num estado patológico que acom-<br />

panha atualmente a marcha da civilização, embora não constitua uma<br />

condição necessária. Como argumenta Aron:<br />

A rapidez com que o número de suicídios tem aumentado não autoriza<br />

nem mesmo outra hipótese. Em menos de cinqüenta anos esse<br />

número triplicou, quadruplicou ou quintuplicou, de acordo com o<br />

país. Por outro lado, sabemos que esses suicídios estão associados<br />

ao que há de mais entranhado na constituição das sociedades, cujo<br />

temperamento exprimem. E o temperamento dos povos, como o<br />

dos indivíduos, reflete o estado do organismo no que ele tem de mais<br />

fundamental. É preciso, portanto, que nossa organização social se<br />

tenha modificado profundamente no curso deste século, para ter<br />

determinado tal elevação da taxa de suicídios. Ora, é impossível<br />

que uma alteração ao mesmo tempo tão grave e tão rápida não seja<br />

mórbida, pois uma sociedade não pode mudar de estrutura com<br />

tanta rapidez. Ela só adquire outras características mediante uma série<br />

de modificações lentas e quase imperceptíveis; e ainda assim as<br />

transformações possíveis são limitadas. Uma vez que o tipo social se<br />

fixa, ele deixa de ser indefi nidamente flexível; atinge rapidamente<br />

um limite que não pode ser ultrapassado. Portanto, as modificações<br />

implicadas pela estatística dos suicídios atuais não podem ser<br />

normais. Mesmo sem saber precisamente em que consistem podese<br />

afirmar antecipadamente que resultam não de uma evolução<br />

regular, mas de um abalo mórbido que pode ter desenraizado as<br />

instituições do passado, sem, con tudo, substituí-las, porque não<br />

é em poucos anos que se pode refazer a obra dos séculos. Ora, se<br />

a causa é anormal, o efeito não pode ser normal. Conseqüentemente,<br />

o que atesta a maré montante dos suicídios não é o brilho<br />

da nossa civili zação, mas um estado de crise e de perturbação que<br />

não se pode prolongar sem trazer perigo (1987, p. 316).<br />

Para Durkheim há a possibilidade de restaurar a integração do<br />

indivíduo na coletividade. Ele mostra isso ao rever o posicionamento<br />

social, a função social do grupo familiar, o grupo religioso e o político,<br />

em particular o Estado, procurando demonstrar que nenhum desses três<br />

grupos proporciona o contexto social próximo do indivíduo que daria a<br />

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