Sociologia Jurídica.pdf - Unijuí
Sociologia Jurídica.pdf - Unijuí
Sociologia Jurídica.pdf - Unijuí
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
82<br />
E n i o W a l d i r d a S i l v a<br />
o das correntes sociais que levam os indiví duos à morte, embora cada<br />
um deles pense que está obedecendo apenas a si mesmo, quando na<br />
realidade é um joguete dessas forças coletivas.<br />
Para extrair as consequências práticas do estudo do suicídio,<br />
convém indagar sobre o caráter normal ou patológico deste fenômeno.<br />
Durkheim considera o crime um fenômeno socialmente normal, o que<br />
não significa que os criminosos não sejam muitas vezes psiquicamente<br />
anormais, nem que o crime não mereça ser condenado e punido. Sabe-<br />
mos, contudo, que em todas as sociedades um certo número de crimes<br />
são cometidos; assim, se queremos nos referir ao que se passa regular-<br />
mente, o crime não é um fenômeno patológico. Pelo mesmo motivo,<br />
uma certa taxa de suicídios pode ser considerada normal, própria das<br />
sociedades complexas que se caracterizam pela diferenciação social, a<br />
solidariedade orgânica, a densidade da população, a intensidade das<br />
comunicações e a luta pela vida. Todos esses fatos, ligados à essência<br />
da sociedade moderna, não devem ser considerados em si mesmos anor-<br />
mais. As sociedades modernas apresentam certos sintomas patológicos,<br />
principalmente a insuficiente integração do indivíduo na coletividade,<br />
em todos os casos em que se produz um exagero da atividade e uma<br />
ampliação das trocas e das rivalidades. Estes fenômenos são insepará-<br />
veis das sociedades em que vivemos, mas, a partir de um determinado<br />
limiar, tornam-se patológicos. 7<br />
Há razão para crer que esse agravamento (da taxa de suicídio)<br />
deve-se não à natureza intrínseca do progresso, mas às condições<br />
particulares em que ele se realiza em nossos dias, e nada nos assegura<br />
que essas condições sejam normais. Com efeito, não nos devemos<br />
deixar cegar pelo brilho do desenvolvimento das ciências, das artes e<br />
da indústria ao qual assistimos. Indubitavelmente ele se realiza no meio<br />
de uma efervescência doentia, cujos efeitos dolorosos todos sentimos.<br />
7 Texto já publicado em Silva, Enio Waldir da; Bressan. Suimar; Correa, Ricardo. Teoria<br />
sociológica II. Ijuí, RS: Ed. <strong>Unijuí</strong>, 2009.