Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...

O mesmo Tschudi também registrou suas impressões acerca da falta de
alimentos na localidade, discorrendo sobre as mazelas causadas por esta situação:
(...) Enquanto isso cresciam a miséria, a fome e as doenças entre os colonos.
Onde a fome entra pela porta, a vergonha escapa pela janela mais próxima. Em
Porto da Cachoeira, as mulheres e filhas de colonos entregavam-se aos
brasileiros por uma ou algumas patacas a fim de comprar algum mantimento, e
mais tarde arrastam um corpo corroído pela sífilis (...) (TSCHUDI, 2004, p. 77).
Num outro plano encontram-se os problemas de saúde ligados às más
condições sanitárias que – do total dos dados analisados – representam 15% do
total ou 120 internações, onde as verminoses estão presentes em 53% dos
registros, seguidos pela diarréia com 23%, a sarna responsável por 19%, a
disenteria com 4% e por último a febre tifóide que tem apenas um registro, o
mesmo que 1% de representatividade.
A opilação, moléstia presente no Brasil desde os tempos coloniais, e os
sintomas advindos deste mal predominam nos relatos da enfermaria que dizem
respeito às verminoses. Esta doença que hoje é conhecida como Ancilostomose,
afeta principalmente populações pobres das zonas rurais brasileiras e esteve, a
partir do século XX, bastante presente na pauta das preocupações da
intelectualidade envolvida com a medicina e o sanitarismo.
O amarelão como também ficou conhecido, em alguns momentos foi
apontado como o símbolo do subdesenvolvimento do Brasil e de sua figura mais
típica, o sertanejo, eternizado por Monteiro Lobato na imagem do “Jeca Tatu”.
Porém, a despeito da imediata associação feita com aquela figura, a
ancilostomose afetava não só escravos e o homem pobre livre brasileiro, como
também as levas de imigrantes que se instalaram em locais dotados de precárias
condições sanitárias. Desta sorte, diante da ausência de dados que elucidem o
cenário da utilização dos recursos hídricos ou o destino de dejetos sanitários nas
colônias de imigrantes, a multiplicidade dos casos listados nos registros médicos
coloca a suposição de que as condições sanitárias deveriam ser por demais
precárias, fato que ajuda a elucidar o cenário expresso na Figura 13.
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