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Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...

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Diante dos diversos probl<strong>em</strong>as relativos à saú<strong>de</strong> enfrentados na fase<br />

inicial <strong>de</strong> estabelecimento, cabe perguntar: que procedimentos eram adotados<br />

pelos imigrantes quando as doenças os haviam acometido?<br />

As injunções colocadas aos imigrantes pelo meio natural dos trópicos,<br />

além <strong>de</strong> fazer com que os mesmos <strong>de</strong>ixass<strong>em</strong> transparecer suas percepções<br />

acerca do “estar doente”, evi<strong>de</strong>nciam as escolhas no que tange às práticas <strong>de</strong><br />

cura.<br />

Os registros da enfermaria do estabelecimento colonial <strong>de</strong> Santa<br />

Leopoldina não <strong>de</strong>ixam dúvidas quanto à relação entre o imigrante e a medicina<br />

oficial e o número <strong>de</strong> registros nos livros médicos que foram utilizados neste<br />

trabalho <strong>de</strong>monstra que, se fosse possível se dirigir à enfermaria, o estrangeiro<br />

não se furtava a submeter-se ao saber médico; tal fato se dava evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente por<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ser possível realizar um autotratamento, agindo <strong>de</strong>sta maneira o<br />

adventício reavivava um procedimento que provavelmente já era realizado na<br />

Europa do século XIX: a consulta a um profissional <strong>de</strong>dicado às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cunho terapêutico.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se dirigiam à enfermaria, os estrangeiros<br />

rel<strong>em</strong>bravam práticas <strong>de</strong> cura vigentes na Europa, porém pouco diss<strong>em</strong>inadas<br />

pelo Brasil, como se evi<strong>de</strong>ncia num requerimento enviado ao Presi<strong>de</strong>nte da<br />

Província pela diretoria da colônia <strong>de</strong> Santa Leopoldina <strong>em</strong> 1877:<br />

No presente requerimento pe<strong>de</strong>m alguns colonos italianos que se lhe conceda<br />

um médico homeophata. Não havendo no país faculda<strong>de</strong> especial <strong>em</strong> que se<br />

ensine a medicina por este sist<strong>em</strong>a, me parece não po<strong>de</strong>r ser dado ou concedido<br />

aquilo que não se possui 24 .<br />

A homeopatia já era praticada na Europa, on<strong>de</strong>, por ter custos mais<br />

baixos, possivelmente <strong>de</strong>veria encontrar a<strong>de</strong>são entre os grupos menos abastados.<br />

No Brasil, era natural que os colonos – imersos numa situação <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a<br />

precarieda<strong>de</strong> – pensass<strong>em</strong> <strong>em</strong> soluções <strong>em</strong>basadas <strong>em</strong> sua experiência para<br />

superar as dificulda<strong>de</strong>s, principalmente econômicas, existentes na fase <strong>de</strong><br />

formação dos núcleos coloniais. Os imigrantes, então, influenciados por seu<br />

24 Fundo Governadoria. Série 383 – Correspondências. Livro 57.<br />

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