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Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...

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A partir dos anos <strong>de</strong> 1870, por ex<strong>em</strong>plo, período <strong>em</strong> que a vinda <strong>de</strong><br />

imigrantes para o Brasil já era intensa, a longa fase <strong>de</strong> queda dos preços, dada<br />

pela baixa nos custos com o transporte, fez a lucrativida<strong>de</strong> da agricultura<br />

européia <strong>de</strong>clinar: para se ter idéia, <strong>em</strong> 1894, o preço do trigo estava muito<br />

próximo do que fora <strong>em</strong> 1867. Tal situação teve reflexos drásticos para a enorme<br />

população envolvida com as ativida<strong>de</strong>s agropecuárias. As medidas estatais<br />

tomadas pelos Estados nacionais variaram; alguns, como a Grã-Bretanha,<br />

investiram no setor industrial <strong>de</strong>ixando a sua agricultura se reduzir, outros<br />

interferiram diretamente na economia a fim <strong>de</strong> manter os preços elevados, mas na<br />

maioria uma conseqüência fugiu ao controle do Estado: a <strong>em</strong>igração<br />

(HOBSBAWN, 1988).<br />

Por outro lado, a fragmentação da pequena proprieda<strong>de</strong> camponesa e a<br />

falta <strong>de</strong> terras para ocupação colocava uma ampla parcela da população frente a<br />

um dil<strong>em</strong>a, tendo <strong>em</strong> vista a escassez <strong>de</strong> espaços agricultáveis <strong>em</strong> regiões rurais.<br />

As urbes industrializadas já não apresentavam uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por mão-<strong>de</strong>-<br />

obra; assim, segundo Eric Hobsbawn:<br />

(...) a agricultura não-mo<strong>de</strong>rnizada das regiões atrasadas já não podia oferecer<br />

terra suficiente a futuros camponeses, que se multiplicavam nas al<strong>de</strong>ias. O que a<br />

maioria <strong>de</strong>les almejava, ao <strong>em</strong>igrar, <strong>de</strong>certo não era terminar a vida como<br />

trabalhadores. Eles queriam “fazer a América” (ou o país para on<strong>de</strong> foss<strong>em</strong>) na<br />

esperança <strong>de</strong> ganhar o suficiente, após alguns anos, para comprar uma<br />

proprieda<strong>de</strong> ou uma casa e, como pessoas <strong>de</strong> posses, adquirir o respeito dos<br />

vizinhos, <strong>em</strong> alguma al<strong>de</strong>ia siciliana, polonesa ou grega (HOBSBAWN, 1988,<br />

p. 53).<br />

Dessa maneira, a <strong>em</strong>igração se apresentava como uma gran<strong>de</strong> alternativa<br />

para os camponeses europeus, sendo que poucos retornariam nas condições<br />

apontadas por Hobsbawn.<br />

A construção <strong>de</strong> imagens acerca do “Novo Mundo” não era um<br />

fenômeno novo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do século XV a América já exercia um fascínio e<br />

uma atração aos olhos dos europeus, sentimentos que se traduziram <strong>em</strong> textos e<br />

gravuras. O continente americano era visto como uma “Terra S<strong>em</strong> Mal”<br />

(HOLANDA, 2000), havia uma antiga disposição <strong>em</strong> <strong>de</strong>scobrir e explorar o<br />

“novo”, durante o século XIX o papel que a propaganda estatal e particular teve<br />

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