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Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...

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Ao pensar o processo <strong>de</strong> <strong>em</strong>igração Davatz tenta reproduzir o que<br />

supostamente seria o pensamento <strong>de</strong> alguns colonos após a transferência, fazendo<br />

um paralelo com a escravidão:<br />

(...) „Desta vez estou perdido!‟ O mais triste é quando se chega a <strong>de</strong>scobrir isso,<br />

quando perceb<strong>em</strong>os que uma nova escravidão nos submergiu e que <strong>de</strong>ssa<br />

escravidão é mais difícil escapar-se do que à tradicional, que <strong>de</strong> há longa data<br />

jungiu os negros africanos (DAVATZ, 1980, p. 48).<br />

Na conclusão <strong>de</strong> seu texto, Davatz <strong>de</strong>screve os fatos referentes ao levante<br />

dos colonos contra seus opressores, o que se constitui num test<strong>em</strong>unho<br />

importante acerca da não passivida<strong>de</strong> do imigrante estrangeiro <strong>em</strong> relação à<br />

propaganda e às más condições <strong>de</strong> trabalho. A revolta iniciada pelos<br />

trabalhadores estrangeiros <strong>de</strong>monstra o ápice <strong>de</strong> um <strong>de</strong>scontentamento <strong>em</strong><br />

relação ao status quo, uma via <strong>de</strong> protesto, enfim, a tentativa <strong>de</strong> não permitir a<br />

continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um processo <strong>em</strong> muito <strong>de</strong>sfavorável ao el<strong>em</strong>ento trabalhador.<br />

Em última instância, o adventício tinha voz e tentava <strong>de</strong> alguma maneira se<br />

expressar frente à realida<strong>de</strong>, contribuindo para que a história fosse modificada.<br />

Outro estrangeiro que <strong>de</strong>ixou test<strong>em</strong>unho acerca <strong>de</strong> seus anos <strong>de</strong> vivência<br />

no Brasil foi Theodor Rodowicz-Oswiecimsky, al<strong>em</strong>ão que participou da<br />

fundação da Colônia Dona Francisca na Província <strong>de</strong> Santa Catarina, a qual <strong>de</strong>u<br />

orig<strong>em</strong> à atual cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Joinville. Sua obra foi publicada <strong>em</strong> Hamburgo no ano<br />

<strong>de</strong> 1853 e ganhou uma edição <strong>em</strong> português <strong>em</strong> 1992 (RODOWICZ-<br />

OSWIECIMSKY, 1992).<br />

Em seu escrito o colono informava seus conterrâneos acerca do cenário<br />

brasileiro no que concerne à recepção <strong>de</strong> imigrantes, partindo, para tanto, <strong>de</strong> sua<br />

experiência individual no estabelecimento colonial. Mais uma vez apareciam as<br />

<strong>de</strong>scrições sobre o meio natural dos trópicos e críticas <strong>em</strong> relação aos prospectos<br />

propagandísticos diss<strong>em</strong>inados <strong>em</strong> território europeu.<br />

Em relação a sua tentativa <strong>de</strong> objetivação e sist<strong>em</strong>atização do<br />

conhecimento do quadro natural, nota-se a partir da análise <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong> suas<br />

ilustrações, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apresentar e refletir sobre o Brasil que vivenciou. Na<br />

Figura 4, o autor retratava uma bananeira (Musa paradisíaca) e duas espécies <strong>de</strong><br />

peixes da fauna brasileira, um i<strong>de</strong>ntificado como sendo o Baiacu.<br />

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