Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...
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fundamentos argumentativos <strong>de</strong> seus discursos. Assim, ver-se-á, por ex<strong>em</strong>plo,<br />
que Dias era um proprietário <strong>de</strong> terras oitocentista, ao qual interessava<br />
fundamentalmente promover a exploração <strong>de</strong> suas terras, <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>ndo o mínimo<br />
<strong>de</strong> recursos com mão-<strong>de</strong>-obra. Àquela altura o escravismo paulatinamente<br />
tornava-se inviável <strong>de</strong>vido às proibições ao tráfico negreiro, restando aos gran<strong>de</strong>s<br />
proprietários a utilização <strong>de</strong> outros expedientes, como a propaganda sedutora<br />
para atrair a força <strong>de</strong> trabalho do “Velho Continente”. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>ve-se<br />
dar voz a outros sujeitos envolvidos no processo, trazendo à baila as opiniões <strong>de</strong><br />
viajantes estrangeiros como Johann Tschudi, suíço que esteve no Espírito Santo e<br />
<strong>de</strong>ixou relatório acerca da situação dos imigrantes.<br />
Johann Jakob Von Tschudi fora enviado pelo governo suíço no início da<br />
década <strong>de</strong> 1860 às províncias brasileiras que naquele momento abrigavam<br />
imigrantes a fim <strong>de</strong> investigar, fiscalizar e propor mudanças nas condições <strong>de</strong><br />
seus conterrâneos. Tschudi era diplomado <strong>em</strong> medicina, filosofia e ciências<br />
naturais, formação que lhe permitiu tecer diferentes consi<strong>de</strong>rações acerca do<br />
Brasil. Em sua obra “Viagens à América do Sul”, Tschudi reeditou informações<br />
publicadas no relatório <strong>de</strong> 1860, b<strong>em</strong> como ampliou o número <strong>de</strong> informações,<br />
sendo mais explícito e agressivo contra os dirigentes do processo <strong>de</strong> imigração<br />
para o Brasil. Acerca disso Gilda Rocha <strong>de</strong>stacou: “(...) na Europa, escrevendo<br />
uma obra que não tinha mais conotação oficial n<strong>em</strong> diplomática, Tschudi se<br />
sentiu mais à vonta<strong>de</strong> para expor com tintas mais carregadas tudo aquilo que<br />
havia observado 4 ”.<br />
Nesse sentido, acerca da obra <strong>de</strong> Tschudi, <strong>de</strong>ve-se enfatizar <strong>em</strong> primeiro<br />
lugar o que ele registrou sobre a propaganda <strong>de</strong> recrutamento feita na Europa<br />
sobre as condições do território brasileiro.<br />
“Fraudulento” e “inescrupuloso” foram alguns dos adjetivos usados pelo<br />
viajante suíço para <strong>de</strong>screver o programa <strong>de</strong> Caetano Dias. De maneira irônica o<br />
viajante critica, por ex<strong>em</strong>plo, os custos do primeiro ano <strong>de</strong> instalação dos colonos<br />
no Brasil, os quais não estariam b<strong>em</strong> explicitados no folhetim. O suíço tenta<br />
4 Gilda Rocha. Prefácio à tradução brasileira da obra “Viag<strong>em</strong> à Província do Espírito Santo” <strong>de</strong> autoria<br />
<strong>de</strong> Johann Jakob Von Tschudi utilizada neste trabalho.<br />
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