Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...
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constantes ameaças <strong>de</strong> invasões <strong>de</strong> outros reinos europeus ao litoral capixaba, os<br />
dirigentes lusófonos ten<strong>de</strong>ram a baixar medidas proibitivas com relação à<br />
abertura <strong>de</strong> frentes <strong>de</strong> expansão que <strong>de</strong> alguma maneira pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> facilitar a<br />
chegada <strong>de</strong> intrusos na região mineira. Nesse sentido, tendo <strong>em</strong> vista sua extensa<br />
área <strong>de</strong> Mata Atlântica, coube à capitania o papel <strong>de</strong> obstáculo natural, mantendo<br />
durante três séculos seus pequenos povoados s<strong>em</strong>pre na costa (OLIVEIRA, 1975,<br />
p. 171). O oeste da capitania passou a ser consi<strong>de</strong>rado “sertão proibido”.<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que a ocupação se reduziu a uma estreita faixa<br />
litorânea, a Companhia <strong>de</strong> Jesus manteve sob o seu domínio o monopólio das<br />
ativida<strong>de</strong>s econômicas existentes, controlando gran<strong>de</strong> parcela da mão-<strong>de</strong>-obra,<br />
b<strong>em</strong> como das terras disponíveis no perímetro da área ocupada, o que acabou por<br />
impedir possíveis investimentos advindos da população leiga. Destarte, Muribeca<br />
ao sul, Araçatiba no atual município <strong>de</strong> Cariacica e Carapina, localizada ao norte<br />
<strong>de</strong> Vitória, foram gran<strong>de</strong>s possessões jesuíticas que praticamente sozinhas eram<br />
as responsáveis pelo abastecimento da capitania (FERNANDES FILHO, 2000).<br />
Viajantes estrangeiros, como o Príncipe Maximiliano, se referiram às antigas<br />
posses jesuíticas quando <strong>de</strong> sua passag<strong>em</strong> pelo Espírito Santo no limiar do século<br />
XIX:<br />
“(...) a fazenda <strong>de</strong> Muribeca pertenceu outrora ao lado <strong>de</strong> um trecho da região<br />
<strong>de</strong> nove léguas <strong>de</strong> comprimento, aos jesuítas, que fizeram (...) construções; é<br />
proprieda<strong>de</strong>, agora, <strong>de</strong> quatro indivíduos associados (...)” (MAXIMILIANO,<br />
1958, p. 126).<br />
Saint-Hilaire, por sua vez, observou a estagnação no litoral, <strong>de</strong>stacando<br />
que o território cultivado da Província possuía “somente uma faixa estreita que,<br />
termo médio, não [tinha], provavelmente, mais <strong>de</strong> 4 léguas <strong>de</strong> largura” (SAINT-<br />
HILAIRE, 1936, p. 29); ele ainda observava as condições naturais e os habitantes<br />
da hinterlândia a ser <strong>de</strong>sbravada, isto é, a parte oeste que posteriormente seria <strong>em</strong><br />
gran<strong>de</strong> parte ocupada pelo colono estrangeiro, a qual era formada por “imensas<br />
florestas que se [confundiam] com as <strong>de</strong> Minas Gerais e [serviam] <strong>de</strong> asilo às<br />
tribos errantes dos botocudos, s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> guerra com os portugueses” (SAINT-<br />
HILAIRE, 1936, p. 29).<br />
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