Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...

foi o de estimular ainda mais tais vontades, num momento sobremaneira
desesperador para a população pobre.
O cenário do “Velho Continente” era propício para a disseminação de
uma propaganda que objetivava o recrutamento de mão-de-obra. Agentes
enviados ao território europeu ajudavam a divulgar um Brasil retratado em
panfletos e fotos publicados em jornais, revistas, livros ou em locais públicos. No
caso da propaganda brasileira havia uma forte ênfase em aspectos relativos ao
quadro natural, demonstrando-se aspectos positivos com intuito de atrair os
imigrantes. Todavia, os estrangeiros não aceitariam passivamente as criações
propagandísticas, colonos letrados e viajantes enviados pelos dirigentes dos
Estados Nacionais, por exemplo, deixaram suas impressões registradas em
escritos onde denunciavam a propaganda “enganosa”.
O já citado proprietário de terras na região de Rio Novo, Caetano Dias da
Silva – quando do início de seu empreendimento – mandou publicar na
Alemanha uma brochura na qual descrevia as condições que seriam oferecidas
aos estrangeiros em suas terras. O que chama atenção primeiramente no texto
elaborado por Silva, no que tange ao discurso criado quanto aos aspectos físicos
das terras brasileiras, são as condições da área que seria vendida aos colonos,
cerca de “40 a 50.000 braças quadradas”. Pela realidade territorial da Província
do Espírito Santo, com um amplo hinterland a ser ocupado, as dimensões não
eram exageradas, mas pela quantidade de terras indicadas no panfleto que
supostamente encontravam-se desmatadas e disponíveis para a instalação das
lides agrícolas, “10 a 20.000 braças quadradas do total”.
Cada família, ao chegar ou no menor prazo possível, receberá um pedaço de 40
a 50.000 braças quadradas com o qual permanecerá na condição de propriedade
perpétua em troca de uma pequena contribuição.
Nesta concessão de terras para uma família, um trecho de 10 a 20.000 braças
quadradas está desmatado, pois sabemos que este trabalho seria muito difícil
para o recém-chegado (TSCHUDI, 2004, p. 54).
Note-se que o autor, um “nativo”, percebia as dificuldades que a Mata
Atlântica colocava para o desbravamento da região; contudo, tais condições não
poderiam barrar os seus interesses e a ele importava transmitir confiança aos
europeus acerca das condições naturais que seriam encontradas na América do
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