Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...
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acerca do t<strong>em</strong>a abordado e uma maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confrontação das<br />
diferentes experiências.<br />
Além da fonte documental escrita, este estudo também procurou, mesmo<br />
que com menor intensida<strong>de</strong>, analisar algumas fotografias, tiradas na segunda<br />
meta<strong>de</strong> do século XIX, <strong>de</strong> diferentes colônias e núcleos <strong>de</strong> imigrantes instalados<br />
no sul e su<strong>de</strong>ste do Brasil.<br />
A utilização <strong>de</strong> fotografias como fontes <strong>de</strong> pesquisa para o historiador<br />
<strong>de</strong>ve passar pelo crivo da crítica documental a fim <strong>de</strong> que, para além <strong>de</strong> peças<br />
meramente ilustrativas, seja possível colocá-las no conjunto do trabalho <strong>de</strong><br />
pesquisa como pertinentes fontes <strong>de</strong> informações que subsidi<strong>em</strong> a resolução do<br />
questionamento proposto na fase inicial <strong>de</strong> construção da investigação. Tal<br />
procedimento metodológico permite que o observador, por meio <strong>de</strong> uma<br />
operação hermenêutica, perscrute os interesses envolvidos quando do processo<br />
<strong>de</strong> registro da imag<strong>em</strong>, as representações nelas contidas ou informações que os<br />
documentos escritos não permitam alcançar.<br />
Esta investigação não passa ao largo <strong>de</strong>sta constatação, já que t<strong>em</strong> a<br />
fotografia como uma <strong>de</strong> suas relevantes fontes <strong>de</strong> análise e apropria-se<br />
criticamente <strong>de</strong>las. Dessa maneira, como observa Eduardo França Paiva:<br />
A iconografia é, certamente, uma fonte histórica das mais ricas, que traz<br />
<strong>em</strong>butida as escolhas do produtor e todo o contexto no qual foi concebida,<br />
i<strong>de</strong>alizada, forjada ou inventada. Nesse aspecto, ela é uma fonte como qualquer<br />
outra e, assim como as <strong>de</strong>mais t<strong>em</strong> que ser explorada com muito cuidado<br />
(PAIVA, 2002, p. 17).<br />
Paiva atenta para a acuida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>ve ter <strong>em</strong> relação à utilização <strong>de</strong><br />
imagens, visto que mais <strong>de</strong> uma vez elas foram e são tomadas acriticamente,<br />
sendo olhadas como a “verda<strong>de</strong>, porque estariam retratando fielmente uma<br />
época, um evento, um <strong>de</strong>terminado costume ou uma certa paisag<strong>em</strong>”. Lília<br />
Schwarcz, <strong>em</strong> “As Barbas do Imperador”, também disserta acerca da<br />
incorporação da iconografia como material <strong>em</strong>pírico do historiador:<br />
Com efeito, já se foi o t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que os pesquisadores sociais acreditavam na<br />
exclusivida<strong>de</strong> das fontes escritas. Chamada por J. Le Goff <strong>de</strong> “imperialismo dos<br />
documentos escritos”, essa tradição foi ce<strong>de</strong>ndo lugar a uma perspectiva que<br />
incorporou outros tipos <strong>de</strong> materiais, sobretudo iconográficos, porém<br />
reservando a estes um caráter <strong>de</strong>corativo e colado à estrutura explicativa. Como<br />
afirma Ginsburg, são <strong>de</strong>masiado freqüentes as articulações entre a obra <strong>de</strong> arte e<br />
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