Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...

Nas fotografias do local, vistas com tanta satisfação no Rio de Janeiro,
certamente não apareciam aspectos sombrios, tão abundantes na colônia. Não se
viam as figuras pálidas, inchadas, com olhos fundos, desanimadas,
cambaleantes, muito menos os infelizes no duro leito de dor lutando contra a
doença e a fome (...) (TSCHUDI, 2004, p. 92).
Em perspectiva díspar de Victor Frond, estava o alemão, residente no
Brasil, Albert Richard Dietze. Este fotógrafo registrou a vivência dos imigrantes
em terras capixabas por outros ângulos. Em suas fotos ele preocupa-se em
enfocar diretamente a figura do sujeito que migra, aproximando suas lentes
diretamente dos homens.
Na foto seguinte (Figura 3), ele focaliza a habitação e os colonos nela
residentes em Santa Leopoldina. Dietze não possuía vínculos com o Estado
Imperial, recebia gratificações dos colonos fotografados. Tal fato traz a
necessidade de refletir sobre a fotografia como elemento de auto-afirmação, visto
que elas também seriam enviadas para a Europa. Nessas imagens os estrangeiros
possivelmente aparecem com as chamadas “roupas de domingo”, ou seja, seus
melhores trajes, a casa é enquadrada, em certos registros também aparece a
família reunida, com o intuito talvez de transmitir uma boa impressão, mostrando
o sucesso e a sobrevivência nas terras tropicais.
Quanto aos colonos letrados, é possível identificar registros que também
trazem críticas acerca da propaganda veiculada que tendia a idealizar uma
imagem do Brasil, visando apenas a execução do objetivo inicial e primordial da
política imigratória, qual seja, a atração da mão-de-obra européia.
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