Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...
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e Rio Novo. Frond buscava um maior reconhecimento perante a corte, o que o<br />
levou a divulgar a região, seguindo o projeto político das autorida<strong>de</strong>s imperiais.<br />
Frond, o pioneiro no registro fotográfico da vida rural do Brasil, localizava sua<br />
câmera tal como um pintor que monta seu tripé e sua tela após estudar<br />
minuciosamente o melhor ângulo a ser retratado. As fotografias da Colônia<br />
Santa Isabel convenc<strong>em</strong> pela sua composição e enquadramento, mostrando o<br />
panorama <strong>de</strong> uma colônia que fazia parte do imaginário das famílias<br />
camponesas <strong>de</strong>pauperadas na Europa que <strong>de</strong>sejavam <strong>em</strong>igrar: casas, lotes<br />
<strong>de</strong>smatados e b<strong>em</strong> cuidados, animais e plantações, el<strong>em</strong>entos obrigatórios nas<br />
propagandas veiculadas pelos agenciadores e „mercadores <strong>de</strong> escravos brancos‟<br />
no velho continente 5 .<br />
A primeira foto <strong>de</strong> Frond que chama atenção retrata um lote <strong>de</strong> colonos<br />
suíços <strong>em</strong> Santa Isabel (Figura 1). Nos flancos da fotografia po<strong>de</strong>m ser<br />
i<strong>de</strong>ntificadas áreas <strong>de</strong> floresta já <strong>de</strong>sbastadas, no centro abrigos externos a uma<br />
venda com cavalos parados <strong>em</strong> sua porta e ao fundo uma habitação. No verso do<br />
documento o fotógrafo apontou a paisag<strong>em</strong> como sendo os “lotes e vendas dos<br />
colonos Carl Wicke e Jakob Gehardt <strong>em</strong> Santa Isabel”, frisando, ainda, que “sua<br />
Majesta<strong>de</strong>, o Imperador, dormira nessa venda”. Certamente Frond escolhera<br />
naquele momento os ângulos que mais interessavam aos dirigentes imperiais.<br />
D<strong>em</strong>onstrava as posses dos colonos, tais como faixas <strong>de</strong> terra disponíveis para o<br />
cultivo, cavalos – bens incomuns entre camponeses europeus do século XIX<br />
(SANTOS, 2004, p. 116) e, por último, uma venda que tivera o privilégio <strong>de</strong><br />
abrigar o imperador.<br />
Na foto seguinte (Figura 2), ele enfatiza um estabelecimento <strong>de</strong> colonos<br />
na colônia Santa Isabel; nele existe uma faixa <strong>de</strong> terreno já <strong>de</strong>smatada, parte da<br />
floresta conservada no flanco direito e a habitação do imigrante ali resi<strong>de</strong>nte.<br />
Chama atenção o fato do fotógrafo enquadrar o rio na foto, pois a possibilida<strong>de</strong><br />
do mesmo ter pensado <strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrar o manancial e seus recursos como uma<br />
potencial fonte <strong>de</strong> riquezas não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scartada, isto é, ele po<strong>de</strong> ter operado<br />
no sentido <strong>de</strong> chamar a atenção <strong>de</strong> seu público alvo – os estrangeiros – para<br />
riqueza do território brasileiro.<br />
5 Gilda Rocha. Comentários introdutórios à apresentação das fotografias <strong>de</strong> Victor Frond publicadas na<br />
tradução brasileira da obra “Viag<strong>em</strong> à Província do Espírito Santo” <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Tschudi, p. 126.<br />
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