Tiago de Araujo Camillo - Programa de Pós-Graduação em ...
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Posteriormente ele compara o vale do Rio Novo ao do rio Pau D‟Alho, o<br />
qual, por estar numa maior altitu<strong>de</strong>, proporcionava melhores condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
No vale do Pau D‟Alho, pouco mais alto, a maioria dos colonos era saudável.<br />
Quanto mais distantes ficam os assentamentos do leito do Rio Novo, mais<br />
saudáveis eles são (TSCHUDI, 2004, p. 109).<br />
Diferente <strong>de</strong> Santa Leopoldina, o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Rio Novo não estava na<br />
alimentação dos colonos e sim na obstrução do leito do rio, por este motivo<br />
Tschudi recomendou a sua limpeza. A resolução <strong>de</strong>ste probl<strong>em</strong>a e colocação <strong>de</strong><br />
um médico entre os colonos resolveria gran<strong>de</strong> parte dos probl<strong>em</strong>as da colônia:<br />
(...) se estabelecer a suas custas um médico provido <strong>de</strong> medicamentos<br />
suficientes e trabalhar pelo crescimento da colônia conce<strong>de</strong>ndo facilida<strong>de</strong> a<br />
famílias honestas, Rio Novo po<strong>de</strong>rá tornar-se a mais florescente colônia do<br />
Império (TSCHUDI, 2004, p. 51).<br />
Infere-se então das passagens da obra do suíço que foi examinada que<br />
sua interpretação estava <strong>em</strong>basada numa visão endógena da doença, causada por<br />
fatores externos, el<strong>em</strong>entos estranhos ao corpo, mas reais e objetivos segundo a<br />
visão científica, <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> natural, “os ares”, b<strong>em</strong> como pelas carências<br />
alimentares que acabavam por gerar distúrbios internos e o posterior<br />
adoecimento.<br />
A solução para erradicar as patologias por ele apontadas, assim como o<br />
próprio <strong>de</strong>senvolvimento das colônias <strong>de</strong> imigrantes, estava na adoção <strong>de</strong><br />
médicos treinados. Diante da gran<strong>de</strong> precarieda<strong>de</strong> da saú<strong>de</strong> dos colonos, Tschudi<br />
apontava uma solução <strong>em</strong> curto prazo e essencial, segundo sua visão:<br />
A colônia não t<strong>em</strong> médico; há no lugar <strong>de</strong>ste um colono português s<strong>em</strong><br />
instrução e brutal. Poucas colônias teriam, como essa, tanta necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
médico e <strong>de</strong> medicamentos suficientes, pois, na situação atual, os colonos<br />
totalmente privados dos cuidados da medicina, ou evitando recorrer aos<br />
canhestros serviços do charlatão, por receio <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> explorados por ele <strong>de</strong><br />
maneira odiosa, a mortalida<strong>de</strong> entre os recém-chegados atingiu 20%<br />
(TSCHUDI, 2004, p. 46).<br />
Tschudi n<strong>em</strong> faz menção a outros métodos localizados fora <strong>de</strong>ste âmbito,<br />
fato que mais uma vez <strong>de</strong>monstra a diferenciação <strong>de</strong> seu pensamento <strong>em</strong> relação<br />
ao <strong>de</strong> seus conterrâneos que possuíam um tipo diverso <strong>de</strong> formação cultural.<br />
Aliás, ele parece reconhecer como medicina apenas aquela apreendida na<br />
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