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pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...

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o sujeito possa adentrar no simbólico. É por algo <strong>se</strong>r extraído, ou <strong>se</strong>ja, colocado fora do<br />

corpo <strong>que</strong> o sujeito pode falar e <strong>se</strong> constituir em algum discurso.<br />

Do encontro traumático com a linguagem o sujeito pode responder aparelhando o<br />

gozo pelo uso do significante. Es<strong>se</strong> gozo, agora aparelhado, possibilita ao sujeito poder <strong>se</strong><br />

relacionar no mundo com o outro, entrar em um discurso e poder circular no social. Daí, os<br />

discursos <strong>se</strong>rem um modo de localizar o gozo e moderá-lo. O discurso ordena essa relação<br />

do sujeito com o gozo.<br />

O discurso como laço social é um modo de aparelhar o gozo com a<br />

linguagem, na medi<strong>da</strong> em <strong>que</strong> o processo civilizatório, para permitir o<br />

estabelecimento <strong>da</strong>s relações entre as pessoas, implica a renúncia <strong>da</strong><br />

tendência pulsional [...]. Todo laço social é portanto um enquadramento<br />

<strong>da</strong> pulsão, resultando em uma per<strong>da</strong> real de gozo. (QUINET, 2006, p.17).<br />

Há outro campo, o campo do gozo, um gozo <strong>que</strong> não <strong>se</strong> localiza na norma fálica e<br />

<strong>que</strong> escapa a dialetizações. De acordo com Veras (2011), há um gozo incomunicável,<br />

<strong>se</strong>ndo a <strong>que</strong>stão saber como um S1 <strong>se</strong> vincula a um S2 <strong>que</strong> é a produção mínima de <strong>se</strong>ntido<br />

para produzir um laço social, <strong>se</strong>ndo es<strong>se</strong> o labor de todo sujeito.<br />

A afirmação de <strong>que</strong> “o psicótico está dentro <strong>da</strong> linguagem, mas fora do discurso”<br />

(MILLER apud GENEROSO, 2008, p.05-06) não deixa de <strong>se</strong>r ver<strong>da</strong>deira, to<strong>da</strong>via, o <strong>que</strong> a<br />

<strong>se</strong>gun<strong>da</strong> clínica lacaniana traz é um outro modo de <strong>se</strong> pensar a subjetivi<strong>da</strong>de <strong>que</strong> não passa<br />

pelo Nome-do-Pai <strong>da</strong> neuro<strong>se</strong>. Des<strong>se</strong> modo, para ca<strong>da</strong> sujeito <strong>se</strong> impõe a tarefa de ir do<br />

gozo autista <strong>que</strong> impede os vínculos sociais às relações de trocas no campo do Outro.<br />

A <strong>se</strong>gun<strong>da</strong> clínica, portanto, aponta mu<strong>da</strong>nças na visão do laço social como uma<br />

condição permanente do psicótico para <strong>se</strong> pensar momentos em <strong>que</strong> o sujeito <strong>se</strong> encontra<br />

fora do discurso como uma característica <strong>que</strong> pode permear qual<strong>que</strong>r falante em <strong>da</strong>do<br />

momento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> (GENEROSO, 2008). Apesar de a <strong>psico<strong>se</strong></strong> apre<strong>se</strong>ntar fenômenos<br />

extremamente particulares, <strong>que</strong> não é possível comunicar ao outro, são sujeitos <strong>que</strong><br />

circulam por entre os discursos. Pois, deve-<strong>se</strong> levar em conta <strong>que</strong> todo sujeito precisa <strong>se</strong><br />

defender do Real. E como afirma Miller (1996, p.190): “todos os nossos discursos não<br />

passam de defesas contra o real”.<br />

O psicótico no uso <strong>da</strong> linguagem não visa o discurso, o laço social. Contudo, o <strong>que</strong><br />

a clínica <strong>da</strong> <strong>psico<strong>se</strong></strong> tem demonstrado são invenções <strong>que</strong> advém dos sujeitos, indicando<br />

outras formas de aparelhar o gozo. Fora-do-discurso, o psicótico faz invenções com o Real,

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