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pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...

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sua, de<strong>se</strong>ncadeando uma série de movimentos corporais para <strong>que</strong> <strong>se</strong>u outro, o do espelho,<br />

repita os mesmos movimentos. Nes<strong>se</strong> momento não <strong>se</strong> trata ain<strong>da</strong> de simbólico. Es<strong>se</strong><br />

estádio corresponde à identificação <strong>da</strong> criança com o outro, <strong>se</strong>u <strong>se</strong>melhante, ela <strong>se</strong><br />

confunde com o outro numa relação especular, ela e o outro são um só. A criança passa,<br />

portanto, <strong>da</strong> imagem de um corpo despe<strong>da</strong>çado para uma imagem unifica<strong>da</strong> de si mesma,<br />

um todo (Gestalt), embora ain<strong>da</strong> não tenha o controle de <strong>se</strong>us movimentos motores.<br />

A assunção jubilatória de sua imagem especular por es<strong>se</strong> <strong>se</strong>r ain<strong>da</strong><br />

mergulhado na impotência motora e na dependência <strong>da</strong> amamentação <strong>que</strong><br />

é o filhote do homem nes<strong>se</strong> estágio de infans parecer-nos-á pois<br />

manifestar, [...] a matriz simbólica em <strong>que</strong> o [eu] <strong>se</strong> precipita numa forma<br />

primordial, antes de <strong>se</strong> objetivar na dialética <strong>da</strong> identificação com o outro<br />

e antes <strong>que</strong> a linguagem lhe restitua, no universal, sua função de sujeito.<br />

(LACAN, 1949/1998, p. 97).<br />

É por meio dessa experiência <strong>que</strong> o corpo disforme passa a <strong>se</strong>r percebido como<br />

integral, o bebê passa do campo do imaginário, <strong>da</strong> relação especular com a mãe e outros<br />

<strong>se</strong>melhantes, para o campo <strong>da</strong>s trocas simbólicas.<br />

Es<strong>se</strong> de<strong>se</strong>nvolvimento é vivido como uma dialética temporal <strong>que</strong> projeta<br />

decisivamente na história a formação do indivíduo: o estádio do espelho é<br />

um drama cujo impulso interno precipita-<strong>se</strong> <strong>da</strong> insuficiência para a<br />

antecipação [...] desde uma imagem despe<strong>da</strong>ça<strong>da</strong> do corpo até uma forma<br />

de sua totali<strong>da</strong>de [...]. (LACAN, 1949/1998, p. 100).<br />

O terceiro tempo do Édipo é o do <strong>se</strong>u declínio, quando, após ter passado pela fa<strong>se</strong><br />

de alienação ao Outro materno, a criança sai <strong>da</strong> posição de <strong>se</strong>r o falo <strong>da</strong> mãe por meio do<br />

significante do Nome-do-Pai, instaurando a <strong>se</strong>paração, o <strong>que</strong> lhe possibilita entrar no<br />

campo do simbólico. É o tempo em <strong>que</strong> é possível atribuir significações às <strong>que</strong>stões<br />

relaciona<strong>da</strong>s ao <strong>se</strong>xo e à existência devido ao significante fálico ter <strong>se</strong> inscrito. O sujeito,<br />

dispondo <strong>da</strong> cadeia significante, pode responder às <strong>que</strong>stões <strong>que</strong> o colocam diante <strong>da</strong><br />

castração. “A inclusão do significante do Nome-do-Pai no Outro marca, portanto, a entra<strong>da</strong><br />

do sujeito na ordem simbólica e permite a inauguração <strong>da</strong> cadeia do significante no<br />

inconsciente, implicando as <strong>que</strong>stões do <strong>se</strong>xo e <strong>da</strong> existência, <strong>que</strong>stões fecha<strong>da</strong>s ao sujeito<br />

neurótico.” (QUINET, 2009, p.13).<br />

O mesmo não ocorre na <strong>psico<strong>se</strong></strong>, ou <strong>se</strong>ja, não houve a inscrição do Nome-do-Pai. A<br />

não inscrição des<strong>se</strong> significante é chama<strong>da</strong> por Lacan de foraclusão, ou <strong>se</strong>ja, o significante<br />

<strong>que</strong> ordenaria o sujeito no simbólico pr<strong>escreve</strong>u, foracluiu. “Dado <strong>que</strong> o Nome-do-Pai <strong>se</strong><br />

inscreveu no Outro inaugurando a simbolização, a foraclusão do Nome-do-Pai na <strong>psico<strong>se</strong></strong>

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