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pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...

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pela escrita ou outra criação. Lacan irá dizer <strong>que</strong> o Nome-do-Pai é mais uma forma de <strong>se</strong><br />

arranjar com essa falta e, <strong>que</strong> há tantas outras.<br />

O nó borromeu ou borromeano consiste num nó de três aros cuja característica<br />

principal é o fato de <strong>que</strong> caso <strong>se</strong> corte um dos aros todos os outros <strong>se</strong> desfazem. Es<strong>se</strong> nó<br />

consiste na amarração dos três registros – Real, Simbólico e Imaginário – <strong>que</strong> <strong>se</strong> <strong>da</strong>rá de<br />

forma singular para ca<strong>da</strong> sujeito. Para <strong>que</strong> o sujeito possa <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de é preciso<br />

<strong>que</strong> es<strong>se</strong>s três registros <strong>se</strong> encontrem eno<strong>da</strong>dos de alguma forma. Com a topologia dos nós<br />

não há mais primazia de um registro sob o outro - são equivalentes.<br />

O nó borromeano passa, em <strong>se</strong>gui<strong>da</strong>, a <strong>se</strong>r repre<strong>se</strong>ntado não mais com três aros,<br />

mas com quatro. Todo sujeito terá <strong>que</strong> inventar es<strong>se</strong> quarto nó. Neuróticos e psicóticos,<br />

nes<strong>se</strong> <strong>se</strong>ntido, fazem suplência. Lacan passa a considerar <strong>que</strong> para <strong>que</strong> os três registros<br />

(RSI) permaneçam atados <strong>se</strong> faz necessário um quarto nó <strong>que</strong> permita um eno<strong>da</strong>mento.<br />

Assim colocará: “a noção de suplência no campo <strong>da</strong> leitura <strong>da</strong>s soluções subjetivas<br />

ao colocar como <strong>que</strong>stão para o Seminário RSI, na aula de 11/02/1975, <strong>se</strong>, quanto ao<br />

atamento do Imaginário, do Simbólico e do Real, <strong>se</strong>ria preciso uma ação suplementar, de<br />

um toro a mais [...]” (GUERRA, 2007, p.111).<br />

Há a falha do Nome-do-Pai, a <strong>psico<strong>se</strong></strong> mostra isso, mas há ain<strong>da</strong> a falta de um<br />

significante <strong>que</strong> poderia fazer par com outro, uma falta estrutural <strong>da</strong> linguagem. Des<strong>se</strong><br />

modo, ca<strong>da</strong> sujeito terá <strong>que</strong> inventar <strong>se</strong>u quarto nó. A clínica borromeana é também<br />

conheci<strong>da</strong> como clínica <strong>da</strong>s suplências, pois <strong>se</strong> a todo sujeito falta um significante, a<strong>que</strong>le<br />

<strong>que</strong> viria a fazer par com o significante mestre (S1), <strong>se</strong>ndo falho todo eno<strong>da</strong>mento, é<br />

preciso uma suplência.<br />

No Seminário 20 - Mais, ain<strong>da</strong> (1972-73), Lacan abor<strong>da</strong> essa noção de<br />

incompletude afirmando <strong>que</strong> “não há relação <strong>se</strong>xual”. Entre um homem e uma mulher há<br />

ato <strong>se</strong>xual, mas não relação, pois esta é <strong>da</strong> ordem de um encontro onde haveria um par de<br />

significantes. No entanto, só há um. Só existe o significante fálico, não há outro. A partir<br />

deste, os sujeitos <strong>se</strong> colocam na ordem do ter, como tendo ou não o falo, na partilha dos<br />

<strong>se</strong>xos. Como afirma Souto (2011, p.41), “Essa impossibili<strong>da</strong>de de inscrever a relação<br />

<strong>se</strong>xual na linguagem e, con<strong>se</strong><strong>que</strong>ntemente, de fazê-la existir como uma relação <strong>que</strong> <strong>se</strong>ria<br />

completa entre os <strong>se</strong>xos, é o <strong>que</strong> podemos designar, com Lacan, de uma foraclusão<br />

generaliza<strong>da</strong>, isto é, a pre<strong>se</strong>nça de um furo, de um vazio [...]”.<br />

Com a <strong>se</strong>gun<strong>da</strong> clínica tendo instituído a <strong>que</strong>stão de uma foraclusão generaliza<strong>da</strong> e<br />

<strong>que</strong> o Nome-do-Pai não é mais o único parâmetro para <strong>se</strong> pensar a loucura, faz-<strong>se</strong>

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