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pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...

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Com essa aproximação entre escrita e sistema, pela linguística saussuriana e pela<br />

psicanáli<strong>se</strong>, chegamos à conclusão de <strong>que</strong> a escrita organiza simbolicamente a reali<strong>da</strong>de do<br />

sujeito por <strong>se</strong>r ela mesma uma estruturação significante.<br />

A escrita organiza o <strong>se</strong>ntido, mesmo <strong>que</strong> <strong>se</strong>ja uma produção fora do <strong>se</strong>ntido como<br />

são as fabricações na <strong>psico<strong>se</strong></strong>. A escrita como sistema de linguagem foi o ponto de diálogo<br />

<strong>que</strong> encontramos com a linguística saussuriana. A escrita dentro do sistema tendo efeito de<br />

<strong>se</strong>ntido e enquanto produção do psicótico <strong>que</strong> escapa ao <strong>se</strong>ntido. Como vimos ao longo dos<br />

capítulos, a escrita na <strong>psico<strong>se</strong></strong> <strong>se</strong> apre<strong>se</strong>nta em duas vertentes, a do <strong>se</strong>ntido e do fora do<br />

<strong>se</strong>ntido, apontando <strong>que</strong> é próprio do sujeito psicótico estar fora <strong>da</strong> significação fálica e ao<br />

mesmo tempo também podendo <strong>se</strong>r autor de criações inéditas <strong>que</strong> pode ter função de<br />

suplência.<br />

O <strong>se</strong>ntido e o <strong>se</strong>m <strong>se</strong>ntido foi trazido ain<strong>da</strong> pelos conceitos de significante e letra<br />

pertencentes à vertente do Simbólico e do Real. O significante, originário <strong>da</strong> linguística<br />

saussuriana, em <strong>se</strong>u ponto de Simbólico e a letra de suporte material do significante a<br />

heterogêneo <strong>que</strong> <strong>se</strong>para Simbólico e Real. A letra indo de literal a litoral. Este foi o ponto<br />

<strong>que</strong> nos fez apostar na escrita na <strong>psico<strong>se</strong></strong>, não apenas a textual, gráfica, mas qual<strong>que</strong>r<br />

produção <strong>que</strong> tenha efeito de circun<strong>da</strong>r, localizar, enquadrar o gozo do Outro.<br />

Como vimos na <strong>psico<strong>se</strong></strong>, o sujeito utiliza a escrita como modo de li<strong>da</strong>r com o gozo<br />

<strong>que</strong> o invade e o aflige, podendo <strong>se</strong> <strong>se</strong>parar do Outro, fazendo passar uma parcela de gozo<br />

ao nível do significante. Como abor<strong>da</strong>mos, a letra, na teoria lacaniana, tem uma função de<br />

mensagem e outra de materiali<strong>da</strong>de, <strong>se</strong>ndo por isso manu<strong>se</strong>ável, descartável.<br />

Vimos <strong>que</strong> a letra, também dita escrita no ensino lacaniano, apre<strong>se</strong>nta ambas as<br />

vertentes, porta uma mensagem e uma materiali<strong>da</strong>de, <strong>se</strong>ndo esta a produção <strong>da</strong> ordem de<br />

um fazer com o gozo, ato de uma saí<strong>da</strong> para o psicótico.<br />

Dessa forma, <strong>se</strong> a escrita enquanto sistema de linguagem pode produzir algum<br />

<strong>se</strong>ntido reordenando a cadeia simbólica <strong>que</strong> havia <strong>se</strong> rompido após um surto, por<strong>que</strong> a<br />

escrita causa es<strong>se</strong> efeito, um efeito de organização <strong>que</strong> <strong>se</strong> pode ob<strong>se</strong>rvar no próprio corpo<br />

do sujeito psicótico? Trazemos aqui o corpo para relançar a <strong>que</strong>stão com a escrita por<br />

ob<strong>se</strong>rvar o efeito desta como vivificante, não mais um corpo refém de um Outro<br />

amor<strong>da</strong>çador, talvez uma escrita com função de amarrar o corpo tido como estranho para o<br />

sujeito.<br />

A <strong>que</strong>stão com a escrita e o corpo, corpo de letras, corpus do texto, talvez <strong>se</strong>ja o fio<br />

<strong>da</strong> mea<strong>da</strong> <strong>que</strong> nos relança para um novo horizonte. São apenas possibili<strong>da</strong>des.

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