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pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...

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vi<strong>da</strong> e o comportamento humano. Inicialmente, a loucura era considera<strong>da</strong> pelo aspecto<br />

religioso, a explicação para a anormali<strong>da</strong>de era atribuí<strong>da</strong> a causas sobrenaturais. O<br />

tratamento, portanto, envolvia preces e diversas formas de exorcismo. De outro modo, com<br />

o avanço <strong>da</strong> ciência, o comportamento anormal passa a <strong>se</strong>r considerado uma doença mental<br />

e, com frequência, tratado com drogas. Duas práticas de cura <strong>se</strong> destacaram nes<strong>se</strong> período:<br />

a catar<strong>se</strong>, <strong>que</strong> significa limpeza, e o ensalmo, <strong>que</strong> constitui uma fórmula verbal mágica<br />

recita<strong>da</strong> ou canta<strong>da</strong> perante o doente. Com Freud, tem-<strong>se</strong> a cura catártica no final do século<br />

XIX, onde a palavra já tinha um poder terapêutico, lembrando <strong>que</strong> a palavra do doente era<br />

ignora<strong>da</strong> (CALDERONI, s/d).<br />

Para situar as doenças mentais <strong>que</strong> atingem o homem desde muito tempo, cria-<strong>se</strong> a<br />

psiquiatria como uma parte <strong>da</strong> medicina <strong>que</strong> estu<strong>da</strong> as causas e o tratamento <strong>da</strong>s doenças<br />

mentais. A medicina passa então a li<strong>da</strong>r com o tratamento visando à cura. A doença mental<br />

vista como mal <strong>da</strong> alma passa para o campo <strong>da</strong> filosofia e <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de. “A loucura foi<br />

produzi<strong>da</strong> na grande oficina <strong>que</strong> foi o hospital no século XVIII e, <strong>se</strong>u artesão foi o<br />

psiquiatra” (CALDERONI, s/d, p. 16). Nessa época, muitos hospitais foram construídos<br />

com o intuito de colocar num só lugar to<strong>da</strong> forma de indigentes e sujeitos desprezados pela<br />

socie<strong>da</strong>de.<br />

Mesmo a psiquiatria tendo mu<strong>da</strong>do o caráter místico <strong>da</strong> doença mental e ofertado<br />

um tratamento pautado nos princípios orgânicos, foi a psicanáli<strong>se</strong> <strong>que</strong> trouxe um<br />

diferencial ao apontar <strong>que</strong> há um sujeito para além do orgânico e do mental, o sujeito do<br />

inconsciente.<br />

Na psicanáli<strong>se</strong>, o grande marco acerca <strong>da</strong> <strong>psico<strong>se</strong></strong> surge com o caso do presidente<br />

Schreber, ao qual Freud (1911/1976) <strong>se</strong> dedicou, <strong>da</strong>ndo luz e pontuando o <strong>que</strong> <strong>se</strong> passa<br />

nessa estrutura. Fez isso a partir do escrito de Schreber, pois Freud não o atendeu, até<br />

mesmo por<strong>que</strong> casos de paranoia não tinham tratamento, <strong>se</strong>ndo avaliados como incuráveis<br />

pela psicanáli<strong>se</strong>.<br />

Não podemos aceitar pacientes <strong>que</strong> sofram desta enfermi<strong>da</strong>de, ou, de<br />

qual<strong>que</strong>r modo mantê-los por longo tempo, visto não podermos oferecer<br />

tratamento a menos <strong>que</strong> haja alguma perspectiva de sucesso terapêutico.<br />

Somente em circunstâncias excepcionais, portanto, é <strong>que</strong> consigo obter<br />

algo mais <strong>que</strong> uma visão superficial <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> paranóia – quando,<br />

por exemplo, o diagnóstico (<strong>que</strong> nem <strong>se</strong>mpre é <strong>que</strong>stão simples) é incerto<br />

o bastante para justificar uma tentativa de influenciar o paciente [...].<br />

(FREUD, 1911/1976, p. 19).

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