pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...
pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...
pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
54<br />
CAPÍTULO 2<br />
A LÍNGUA COMO IMPOSSÍVEL: UMA ABERTURA PARA A ESCRITA<br />
[...] a língua é um sistema <strong>que</strong> conhece somente sua ordem própria.<br />
(SAUSSURE).<br />
Enfim, o mérito de Saussure é de nos obrigar a pensar de novo o<br />
<strong>que</strong> já foi pensado e de, ao menos parcialmente, invertê-lo. (H.<br />
SCHUCHARDT, apud NORMAND).<br />
2.1 INCONSCIENTE INTERPRETÁVEL E INCONSCIENTE REAL: DO SENTIDO<br />
AO SEM SENTIDO<br />
Ao inconsciente freudiano Lacan responde com <strong>se</strong>u sintoma – o Real. Cria o Real<br />
em resposta à invenção de Freud. “É na medi<strong>da</strong> em <strong>que</strong> Freud fez ver<strong>da</strong>deiramente uma<br />
descoberta [...] <strong>que</strong> podemos dizer <strong>que</strong> o real é minha resposta sintomática” (LACAN,<br />
1975-76/2007, p.128).<br />
Lacan <strong>se</strong>guiu as trilhas de Freud sobre <strong>se</strong>u inconsciente como aquilo <strong>que</strong> pela fala<br />
pode <strong>se</strong>r interpretado, dissolvendo o sintoma. Lacan está no inconsciente estruturado,<br />
passível de <strong>se</strong>r decifrado. Com o avanço teórico e clínico, chega ao inconsciente<br />
indecifrável, o qual, diferente do primeiro, não cede à significação.<br />
Quando Lacan propõe “o inconsciente estruturado como uma linguagem” atém-<strong>se</strong> à<br />
relação entre os significantes como estrutura básica do inconsciente. Dizer isso é afirmar<br />
<strong>que</strong>, por <strong>se</strong>r feito de significantes, o inconsciente pode <strong>se</strong>r decodificado. O sujeito quando<br />
fala mobiliza morfemas, fonemas, palavras no intuito de dizer o <strong>se</strong>u sintoma.<br />
Lacan <strong>se</strong> volta para o estudo <strong>da</strong>s estruturas simbólicas <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de, fazendo do<br />
inconsciente um lugar de uma cadeia de significantes. Fala cadeia por<strong>que</strong> os significantes<br />
<strong>se</strong> encadeiam <strong>se</strong>gundo uma lógica, e a cura analítica deve <strong>se</strong> encaminhar para tornar<br />
manifesta essa lógica <strong>que</strong> é comum a todo sujeito. Encadeando significantes, o <strong>se</strong>ntido<br />
advém. Mas essa cadeia não <strong>se</strong> fecha, ela é infinita. Há um osso onde todo sintoma esbarra,<br />
impossível de <strong>se</strong>r dissolvido, onde o <strong>se</strong>ntido caduca. O inconsciente, des<strong>se</strong> modo, apre<strong>se</strong>nta<br />
duas variantes.<br />
Para falar do inconsciente em suas duas versões – interpretável e real – é cabível<br />
recorrer a Miller em <strong>se</strong>u texto O inconsciente real, ministrado no Curso de 2006-2007.<br />
Com es<strong>se</strong> texto foi possível clarear os caminhos <strong>que</strong> esta dis<strong>se</strong>rtação <strong>se</strong>gue ao abor<strong>da</strong>r a