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pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...

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não <strong>se</strong>r um fenômeno de causa orgânica, mas sim psíquica, não torna a experiência <strong>da</strong><br />

loucura uma escolha consciente. De acordo com Barrêto (2008, p.53):<br />

[...] a causa não tem relação com uma escolha consciente, mas, antes, o<br />

<strong>que</strong> causa uma escolha do sujeito ou o <strong>que</strong> determina um modo de<br />

organização psíquico tem relação com a ver<strong>da</strong>de inconsciente e o modo<br />

de gozo de ca<strong>da</strong> sujeito, isto é, ca<strong>da</strong> um tem sua própria causali<strong>da</strong>de.<br />

23<br />

A loucura é in<strong>se</strong>parável do problema <strong>da</strong> significação, o sujeito sabe <strong>que</strong> os<br />

fenômenos <strong>que</strong> lhe acometem lhe dizem respeito diretamente. Diante <strong>da</strong> falta de<br />

significação, a perplexi<strong>da</strong>de e a interrogação vêm a insistir, assinalando a necessi<strong>da</strong>de <strong>que</strong><br />

um <strong>se</strong>ntido <strong>se</strong> possa fazer. Nas palavras de Lacan (1946/1998, p.166): “[...] o fenômeno <strong>da</strong><br />

loucura não é <strong>se</strong>parável do problema <strong>da</strong> significação para o <strong>se</strong>r em geral, isto é, <strong>da</strong><br />

linguagem para o homem”.<br />

Já <strong>que</strong> o sujeito é alienado à linguagem, a loucura tem a ver com a dificul<strong>da</strong>de de<br />

<strong>se</strong>paração com o Outro, dono de to<strong>da</strong>s as palavras <strong>que</strong> o <strong>se</strong>r <strong>se</strong> utiliza. Um mínimo de<br />

distanciamento é preciso para <strong>que</strong> o sujeito possa constituir uma reali<strong>da</strong>de psíquica<br />

ampara<strong>da</strong> pela significação simbólica.<br />

O sujeito é alienado aos significantes do Outro, no entanto, é também <strong>se</strong>parado do<br />

Outro. A criança <strong>se</strong> normaliza quando antes aliena<strong>da</strong> no Outro, ou no de<strong>se</strong>jo do Outro,<br />

passa a tomar es<strong>se</strong> de<strong>se</strong>jo como <strong>se</strong>ndo <strong>se</strong>u. O de<strong>se</strong>jo do Outro provoca, portanto, o de<strong>se</strong>jo<br />

do sujeito, é o de<strong>se</strong>jo do de<strong>se</strong>jo do Outro.<br />

Para <strong>que</strong> a <strong>se</strong>paração ocorra é preciso <strong>que</strong> o Outro <strong>se</strong> apre<strong>se</strong>nte enquanto faltante,<br />

isto <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> também a mãe e o pai - os outros <strong>da</strong> criança - são de<strong>se</strong>jantes, e por isso,<br />

incompletos, algo lhes falta, fazendo-os igualmente submetidos à linguagem. “Uma falta é,<br />

pelo sujeito, encontra<strong>da</strong> no Outro, na intimação mesma <strong>que</strong> lhe faz o Outro por <strong>se</strong>u<br />

discurso.” (LACAN, 1964/1998, p.203). A <strong>se</strong>paração ocorre quando é possível criar um<br />

furo nes<strong>se</strong> Outro, fazê-lo vacilar. É preciso <strong>que</strong> a criança perceba algum traço de<br />

incompletude no Outro, colocando-o na série dos faltosos e, como tal, subjugado às<br />

mesmas leis. Dessa forma a <strong>se</strong>paração pode operar.<br />

Se por um lado o sujeito <strong>se</strong> encontra alienado à linguagem, por outro tenta <strong>se</strong><br />

<strong>se</strong>parar do Outro através do <strong>se</strong>u de<strong>se</strong>jo, <strong>se</strong>ndo esta uma tentativa de não sucumbir às<br />

vontades imperiosas de um Outro gozador.<br />

A linguagem, a fala, o Outro: conceitos <strong>que</strong> vieram <strong>se</strong>ndo de<strong>se</strong>nvolvidos para<br />

abor<strong>da</strong>r o conceito de sujeito <strong>se</strong>m, ain<strong>da</strong> assim, dizer tudo sobre ele. O sujeito não <strong>se</strong><br />

apreende, aparece e desaparece como no jogo de esconde-esconde tão típico <strong>da</strong>s crianças

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