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pelas veredas da psicose: o que se escreve? - CCHLA ...

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69<br />

Real, por <strong>que</strong> <strong>se</strong> não existis<strong>se</strong>s, <strong>se</strong>ria preciso inventar-te”. Do encontro com o Real o<br />

sujeito pode inventar sua solução, escrita singular.<br />

São invenções o <strong>que</strong> interessa à psicanáli<strong>se</strong> na medi<strong>da</strong> em <strong>que</strong>, com o Real, não <strong>se</strong><br />

tem uma compreensão, não entra no simbólico, mas saber-fazer com ele é outra coisa, é <strong>da</strong>r<br />

um tratamento possível ao real. E o <strong>que</strong> é <strong>da</strong> ordem de uma invenção tem estatuto de<br />

escrita. O saber-fazer com o Real não está <strong>da</strong>do, é preciso construí-lo e, “dizer <strong>que</strong> é<br />

preciso inventá-lo é dizer <strong>que</strong> é necessário inscrevê-lo, via letra, no sujeito” (MALISKA,<br />

2010, p.81).<br />

2.3 LÍNGUA E ESCRITA: NAS MIRAGENS DA LINGUÍSTICA E DA PSICANÁLISE<br />

Pois não é? Só quando <strong>se</strong> tem rio fundo, ou cava de buraco, é <strong>que</strong> a<br />

gente por riba põe ponte... (Guimarães Rosa)<br />

Saussure não estudou a escrita, falou desta, mas não <strong>se</strong> deteve. Seu objeto foi a<br />

língua e sua relação dentro do sistema. To<strong>da</strong>via, fez uma afirmação pertinente e <strong>que</strong> <strong>se</strong>rvirá<br />

de elo para a proposta desta dis<strong>se</strong>rtação – estu<strong>da</strong>r a escrita na <strong>psico<strong>se</strong></strong>. Tal afirmação<br />

consiste em dizer <strong>que</strong>: “a língua é um sistema de signos <strong>que</strong> exprimem ideias, e é<br />

comparável, por isso, à escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às<br />

formas de polidez, aos sinais militares etc., etc. Ela é apenas o principal des<strong>se</strong>s sistemas”<br />

(SAUSSURE, 1916/2006, p. 24).<br />

A escrita <strong>se</strong>rá trata<strong>da</strong>, então, por meio <strong>da</strong> língua. Através do funcionamento e<br />

organização <strong>da</strong> língua é possível entrever o funcionamento <strong>da</strong> escrita, haja vista a língua<br />

<strong>se</strong>r um sistema de signos comparável à escrita.<br />

Saussure coloca <strong>que</strong> o mais importante no funcionamento <strong>da</strong> língua não é o signo<br />

em si mesmo, mas a relação <strong>que</strong> estabelece com os termos <strong>que</strong> lhe rodeiam, isto é, o<br />

sistema. A relação entre os termos <strong>da</strong> língua é uma relação de oposição, pois um termo é o<br />

<strong>que</strong> o outro não é. “[...] jamais um fragmento de língua poderá ba<strong>se</strong>ar-<strong>se</strong>, em última<br />

análi<strong>se</strong>, noutra coisa <strong>que</strong> não <strong>se</strong>ja sua não-coincidência com o resto.” (SAUSSURE, 2006,<br />

p. 137).<br />

Falar <strong>da</strong> língua enquanto sistema permite chegar a outros sistemas, como o <strong>da</strong><br />

escrita. O funcionamento e movimento de um dá acesso ao outro. De <strong>que</strong> modo, então, a<br />

língua como sistema pode refletir a <strong>que</strong>stão <strong>da</strong> escrita?

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