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566 O comunitarismo como mecanismo de potencialização da participação...<br />

2 A CRISE DE LEGITIMIDADE DO ESTADO EM FACE DAS SOCIEDADES<br />

PLURALISTAS CONTEMPORÂNEAS<br />

O Estado tem se mostrado indiferente em relação à situação que vive a população<br />

ou parcela integrante da mesma, de forma que se omite no atendimento das aspirações<br />

e das reais demandas da sociedade, uma vez que o espaço público é gerido por<br />

corporações que se apoderam do Ente Estatal e do poder político, transformandoos<br />

em meros mecanismos e aparelho satisfatórios de seus interesses privados. 3 Por<br />

conseguinte, grande parte dos países de democracia liberal ou neoliberal, como o<br />

Brasil, vivem uma crise de legitimidade e de identidade do sistema de representação<br />

político-institucional, que pode ser vislumbrada na abstenção eleitoral, na baixa<br />

participação social nos processos políticos decisórios e nos ínfimos índices de filiação<br />

partidária. 4<br />

Um fator que concorre decisivamente para a instalação do contexto hodierno<br />

de crise Estatal é a impossibilidade das instituições governamentais acompanharem<br />

o crescente número de demandas sociais, que nas sociedades contemporâneas<br />

se tornam cada dia mais complexas e multifacetadas, envolvendo grupos sociais<br />

heterogêneos e interesses divergentes. Em face do pluralismo de ideias, crenças e<br />

modos de vida, as necessidades e os conflitos da sociedade civil não conseguem<br />

mais ser atendidos ou administrados de maneira eficiente e eficaz pelos meios<br />

tradicionais e frágeis de comportamentos estatais e institucionais. 5<br />

Além disso, a problemática de gestão de demandas sociais é agravada pelo<br />

fato de a Administração Pública exercer o gerenciamento de referidas demandas<br />

de forma unilateral e centralizada, baseada na lógica de que detém a autoridade<br />

absoluta sobre tais ações, bem como em razão da apatia política de grande fração<br />

da sociedade civil, que se vale de uma concepção fragmentada e exclusivista de<br />

espaço público e privado, ao não compreender que é seu compromisso participar<br />

ativamente na administração de seus interesses e não apenas delegar ao Estado<br />

essa responsabilidade. 6<br />

O regime militar que perdurou décadas no País trouxe reflexos que até hoje se<br />

fazem visíveis, lesionando o tecido social, aprofundando a alienação, o desinteresse<br />

político da população e a indiferença em participar de qualquer ação institucional ou<br />

comunitária, especialmente pela construção de uma cultura política e ética que insiste<br />

em manter uma concepção individualista e egoísta, direcionada apenas a interesses<br />

particulares, negando o sentido do público, de cidadania e de bem comum. Assim, a<br />

progressão do indivíduo ao cidadão é uma tarefa árdua. 7<br />

3<br />

LEAL, Rogério Gesta. Estado, administração pública e sociedade: novos paradigmas. Porto Alegre:<br />

Livraria do Advogado, 2006, p. 68.<br />

4<br />

Ibid., p. 32.<br />

5<br />

Ibid., p. 42.<br />

6<br />

Ibid., p. 59.<br />

7<br />

VIANNA, Luiz Werneck et al. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de<br />

Janeiro: Revan, 1999, p. 150-152.

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