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Avaliação de Impacto do Efeito Conjugado de programas de ...

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Avaliação <strong>de</strong> <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong> <strong>Efeito</strong> Conjuga<strong>do</strong> <strong>de</strong> Programas <strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong><br />

Renda e Complementares na Região Metropolitana <strong>de</strong> São Paulo<br />

trem dificulda<strong>de</strong>s em cumprir as exigências <strong>do</strong> programa, procurem o CRAS ou<br />

o CREAS. O bloqueio, a suspensão ou até mesmo o cancelamento seria a última<br />

alternativa a ser aplicada. Apesar <strong>de</strong>ssa orientação, não houve relatos <strong>de</strong> busca<br />

<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ajuda por parte <strong>do</strong>s participantes.<br />

Além <strong>do</strong>s critérios necessários para que os beneficiários se mantenham no<br />

programa social, surgiram nas narrativas <strong>do</strong>s participantes reclamações e/ou<br />

sugestões sobre as regras <strong>de</strong> permanência. Entre as principais reclamações,<br />

encontra-se o processo <strong>de</strong> recadastramento, que, segun<strong>do</strong> os integrantes, se dá<br />

<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sorganizada. Além disso, <strong>de</strong> maneira um pouco mais pontual, houve<br />

reclamação sobre as reuniões que ocorriam no âmbito <strong>do</strong> programa Renda Mínima,<br />

as quais pareciam perda <strong>de</strong> tempo para os participantes.<br />

G4P2 - Para fazer o recadastramento é muito humilhante (...) Meu Deus <strong>do</strong><br />

céu, é muita gente, a gente fica um dia inteirinho.<br />

G4P3 - Quan<strong>do</strong> eu recebi o Renda, a gente tinha que ir lá, to<strong>do</strong> mês tinha<br />

reunião. Eu acho também um absur<strong>do</strong> (...). Tinha dia que ia lá e a assistente<br />

social que era responsável pelo grupo, ela falava que hoje estava<br />

um dia tão lin<strong>do</strong> lá fora, vamos lá fora respirar o ar, fazer exercício, era só<br />

isso. Hoje a gente vai sentar aqui, vamos falar da vida, vamos inventar uma<br />

história para o seu vizinho. Sei lá, para a gente receber R$ 60,00 a gente<br />

não precisa ficar falan<strong>do</strong> da vida <strong>do</strong> vizinho, fazer exercício (...) Até <strong>de</strong>pois<br />

colocaram os cursos e ficou melhor, mas ir na reunião (...) Eu olhava para<br />

a cara <strong>de</strong>le e, moço, eu podia estar procuran<strong>do</strong> emprego, porque a reunião<br />

era 8 da manhã.<br />

G4P3 - Do bolsa família (...) a gente chega 9 da manhã e é atendida uma da<br />

tar<strong>de</strong>, é muita gente, o ginásio Tomezão lota aquilo ali. Eles dão 2 pãozinhos,<br />

suco para a gente comer para não ficar com fome e fica esperan<strong>do</strong> o<br />

prefeito chegar (...). E dá briga, quan<strong>do</strong> começa o recadastramento, começa<br />

da fileira daqui e quem chegou primeiro é daqui para cá. “Ah, ela sentou<br />

no meu lugar” (...) É umas coisas que eles colocam gente muito nova para<br />

fazer recadastramento e fica aquela bagunça, eles ficam conversan<strong>do</strong> e<br />

não está nem aí, digita alguma coisa errada e a gente que paga o preço.<br />

184 185<br />

Os participantes foram questiona<strong>do</strong>s sobre se concordavam ou não com os critérios<br />

<strong>de</strong> permanência estabeleci<strong>do</strong>s pelos <strong>programas</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> renda.<br />

Surgiram palpites principalmente em relação ao critério da obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

as crianças estarem matriculadas e terem frequência na escola. No <strong>de</strong>bate a seguir,<br />

ocorri<strong>do</strong> entre algumas participantes <strong>do</strong> G4, houve posicionamentos a favor<br />

<strong>de</strong> tal critério, além <strong>de</strong> insatisfação e sugestão <strong>de</strong> mudanças:<br />

G4M - Você <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> receber porque sua filha parou <strong>de</strong> ir...<br />

G4P5 - Deixei por causa disso. Como não compareci na escola, ela já tinha<br />

estoura<strong>do</strong> em falta.<br />

G4M - O que acham da junção <strong>de</strong> filho ser obriga<strong>do</strong> a ir para escola, se não<br />

for não recebe dinheiro, o que acham disso?<br />

G4P7 - Para mim eu acho justo como um acor<strong>do</strong>.<br />

G4P1 - Isso é um incentivo, vai, você sabe que a mãe não tem dinheiro e<br />

se você for você ajuda, vai comer eu e você. Se você não for para escola é<br />

o (mun<strong>do</strong>) que a gente tem. Então incentivo para ela amadurecer só mais<br />

um pouquinho, porque a<strong>do</strong>lescente.<br />

G4P3 - Eu acho que eles têm que saber que é obrigação eles estudarem<br />

porque mais tar<strong>de</strong> vai fazer falta se não estudarem.<br />

G4M - Pelo que eu entendi, vocês não são tão a favor da pessoa ser obrigada<br />

a ir para escola para receber o benefício, é isso ou não?<br />

G4P7 - eu sou porque os filhos hoje já não querem gran<strong>de</strong>s coisas, você<br />

faz <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, você tira <strong>de</strong> você para dar para eles, se maltrata, trabalha em<br />

qualquer serviço, cava barranco para po<strong>de</strong>r manter eles em tu<strong>do</strong> e eles<br />

não dão valor.<br />

G4P7 - Eu acho que ajuda muito, colabora muito na participação <strong>de</strong>le. Ele<br />

vai crescen<strong>do</strong> e vai ven<strong>do</strong> que <strong>do</strong> mês que a gente pega aquele dinheiro,<br />

ele vai ter uma comida melhor. No mês que não pegar por causa <strong>de</strong>le, ele<br />

vai sofrer um pouco a mais também.<br />

G4P3 - Não acho justo a mãe não receber por causa <strong>de</strong>le porque ela também<br />

precisa comer. Quan<strong>do</strong> o a<strong>do</strong>lescente entra nessa fase ele só enxerga<br />

ele, ele comer na casa <strong>de</strong> um amigo, tanto faz se a mãe <strong>de</strong>le está<br />

com fome, ele não vai ligar. Eu acho que <strong>de</strong>via ver os 2 la<strong>do</strong>s <strong>de</strong> por que a<br />

criança não está in<strong>do</strong> para escola. Depen<strong>de</strong> da ida<strong>de</strong>. Tem filho que não vai<br />

mesmo, ainda mais quan<strong>do</strong> o filho é homem.<br />

Ao relatar seu cotidiano nos <strong>programas</strong>, sejam eles <strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong> Renda,<br />

Saú<strong>de</strong> e/ou Educação, muitos participantes se referiram a irregularida<strong>de</strong>s, tanto<br />

nos critérios <strong>de</strong> entrada e permanência nos <strong>programas</strong> como <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong>les.<br />

No entanto, com a solicitação <strong>de</strong> esclarecimento por parte da mo<strong>de</strong>ração nos<br />

grupos, observou-se que, na maioria das vezes, tais afirmações partiam <strong>de</strong> suposições<br />

e percepções . O trecho a seguir ilustra bem isso:<br />

G1P2 - Tem gente que não quer trabalhar para não parar <strong>de</strong> receber porque<br />

se você estiver trabalhan<strong>do</strong>, receben<strong>do</strong> salário, não recebe.<br />

G1M1 - Você conhece alguém assim?<br />

Avaliação <strong>de</strong> <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong> <strong>Efeito</strong> Conjuga<strong>do</strong> <strong>de</strong> Programas <strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong><br />

Renda e Complementares na Região Metropolitana <strong>de</strong> São Paulo

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