26.10.2014 Views

Avaliação de Impacto do Efeito Conjugado de programas de ...

Avaliação de Impacto do Efeito Conjugado de programas de ...

Avaliação de Impacto do Efeito Conjugado de programas de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Avaliação <strong>de</strong> <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong> <strong>Efeito</strong> Conjuga<strong>do</strong> <strong>de</strong> Programas <strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong><br />

Renda e Complementares na Região Metropolitana <strong>de</strong> São Paulo<br />

<strong>de</strong> forma espontânea nos diversos grupos focais. Foram apontadas várias melhorias<br />

na vida <strong>do</strong>s beneficiários, que será apresenta<strong>do</strong> neste item dividi<strong>do</strong> em:<br />

1. Como usa (ou usaria) o benefício no dia a dia<br />

2. Melhoria na vida por meio <strong>de</strong> <strong>programas</strong> complementares<br />

4.8.1. Como usa o benefício no dia a dia<br />

Nos vários grupos realiza<strong>do</strong>s foi aborda<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> como as participantes usam<br />

o benefício no dia a dia. Ou seja: o direcionamento que dão ao dinheiro <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

orçamento familiar, que parece não se restringir somente a necessida<strong>de</strong>s entendidas<br />

como básicas.<br />

O primeiro ponto que se <strong>de</strong>stacou foi a mudança atribuída à bolsa na vida <strong>de</strong> algumas<br />

mulheres. No Grupo focal 5 – “Transferência <strong>de</strong> Renda” (SP), em diversos<br />

momentos da discussão, as mulheres <strong>de</strong>bateram os <strong>programas</strong>, os benefícios e<br />

os ganhos para elas – mulheres – na relação com filhos e mari<strong>do</strong>s, ex-mari<strong>do</strong>s<br />

etc.<br />

Em da<strong>do</strong> momento, a mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>ra as provocou, perguntan<strong>do</strong> se achavam que<br />

esses <strong>programas</strong> eram volta<strong>do</strong>s somente para mulheres. As participantes reagiram<br />

com espanto e começaram a citar os homens beneficiários que conheciam<br />

e quais <strong>de</strong>veriam participar <strong>do</strong>s <strong>programas</strong>. Esse grupo foi um claro exemplo<br />

<strong>de</strong> que esses <strong>programas</strong> <strong>do</strong> governo, direciona<strong>do</strong>s às famílias brasileiras e que<br />

têm como protagonista as mulheres/mães <strong>de</strong>ssas famílias, estão notavelmente<br />

contribuin<strong>do</strong> para seu processo <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento.<br />

Nessa mesma linha, observa-se, no relato a seguir, manifestações <strong>de</strong> autonomia,<br />

como comprar um bem, <strong>de</strong>cidir quan<strong>do</strong> comprar e ainda tentativas <strong>de</strong> “administrar<br />

o benefício”. A pessoa i<strong>de</strong>ntificada como P2, <strong>do</strong> Grupo Focal 5, ilustra<br />

essa questão na narrativa que fez às outras beneficiárias e à mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>ra:<br />

192 193<br />

G5P2 - Quan<strong>do</strong> eu entrei e meu filho era bebê, eu tive <strong>do</strong>is bebês, né? Eu<br />

tive a minha menina, e com três meses <strong>de</strong>la nascida, eu engravi<strong>de</strong>i <strong>do</strong> meu<br />

menino. Eu fiz cirurgia e falhou a minha laqueadura, em seguida engravi<strong>de</strong>i<br />

<strong>do</strong> menino. O que me aju<strong>do</strong>u, me aju<strong>do</strong>u que meu mari<strong>do</strong> não era e<br />

não é uma pessoa ruim, enten<strong>de</strong>u? Ele é bom. O que ocorre é que ele trabalhava,<br />

mas não era um homem <strong>de</strong> chegar “toma um dinheiro, vai cortar<br />

o cabelo”. Quan<strong>do</strong> eu passei a pegar esse benefício que na época era R$<br />

290,00 <strong>do</strong> Bolsa Família - diminuiu, agora é R$ 70,00 -. eu não trabalhava,<br />

nunca trabalhei, sempre <strong>de</strong>pendi <strong>de</strong>le, fiquei feliz porque era um dinheiro<br />

meu, enten<strong>de</strong>u? Eu falei para ele “é meu”. Se tinha que comprar um pão,<br />

eu não comprava, falei “você vai comprar o pão, eu vou gastar comigo e<br />

meus filhos”. Meus filhos queriam Danone, eu comprava. Queriam bolacha,<br />

tu<strong>do</strong> que ele regulava, eu chegava lá e comprava para eles. E passou,<br />

levou a carteira <strong>de</strong>le no dia que fui fazer, que na época era na escola, às<br />

4:30 já tinha fila na escola, achei legal essa parte...<br />

G5M - Você está dizen<strong>do</strong> como você gastava, como usava esse dinheiro na<br />

sua casa, com alimentação...<br />

G5P2 - É. Comprava coisas que não podia comprar, enten<strong>de</strong>u? Para mim<br />

era bom e para eles melhor ainda: “A minha mãe vai comprar”. Para mim<br />

foi bom.<br />

Ou ainda como uma melhora pelo bem-estar psicológico produzi<strong>do</strong> em quem<br />

recebe o benefício e passa a ter um pouco <strong>de</strong> dinheiro a mais para se permitir pequenos<br />

“luxos”. Para <strong>de</strong>ixar “a mente da gente tranquila”, como disse P2 no G1:<br />

G1M1 - Tá, mas assim. Então vocês enten<strong>de</strong>ram um pouco a reflexão<br />

aqui? Como que era antes, pensan<strong>do</strong> no antes <strong>do</strong> recebimento. Você acha<br />

que mu<strong>do</strong>u alguma coisa? Antes <strong>de</strong> receber o benefício.<br />

G1P2 - Muda o psicológico, muda um monte <strong>de</strong> coisas, porque você coloca<br />

uma coisa na cabeça, você fala assim: “Mesmo eu estan<strong>do</strong> trabalhan<strong>do</strong>,<br />

mesmo eu estan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sempregada, eu tenho aquele dinheiro para eu<br />

comprar um tênis para o meu filho no mês que vem”, eu posso me dar ao<br />

luxo <strong>de</strong> entrar numa prestação que eu vou ter ali aquele dinheiro para eu<br />

pagar, enten<strong>de</strong>u? Deixa a mente da gente tranquila. Não que ele vai suprir<br />

todas as necessida<strong>de</strong>s, mas ele ajuda, sim, melhora, sim.<br />

Alguns participantes <strong>de</strong> outros grupos ressaltaram que os benefícios recebi<strong>do</strong>s<br />

nos <strong>programas</strong> nos quais estão inscritos se <strong>de</strong>vem ao fato <strong>de</strong> terem filhos e,<br />

portanto, <strong>de</strong>vem ser direciona<strong>do</strong>s para o bem-estar <strong>do</strong>s filhos. Em suma: que as<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>les <strong>de</strong>vem ser priorizadas no uso <strong>do</strong> dinheiro. Os diálogos das<br />

participantes <strong>do</strong>s G7 e G9, transcritos a seguir, ilustram essa preocupação:<br />

G7P9 - Gente, isso daí não é para sustentar uma família nossa, é para ajudar<br />

as crianças, isso não é nosso, é das crianças. Isso não é para sustentar<br />

nós.<br />

G7P? - Isso daí é para as crianças...<br />

G9P1 - As mães <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> comprar para os filhos para comprar para elas<br />

e isso não é certo. O benefício não é meu, é <strong>de</strong>les. O que eu posso fazer<br />

pelos meus filhos eu faço para eles.<br />

Avaliação <strong>de</strong> <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong> <strong>Efeito</strong> Conjuga<strong>do</strong> <strong>de</strong> Programas <strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong><br />

Renda e Complementares na Região Metropolitana <strong>de</strong> São Paulo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!