2.2. Conceitos <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> 11Interpretar o pensamento e o movimento ambientalista como um bloco monolítico,coeso e orgânico é incorrer no equívoco <strong>da</strong> generalização. No ambientalismo,assim como em qualquer outra área do conhecimento, existem múltiplas e diferentesidéias, correntes e manifestações. Algumas se complementam, outras se contrapõem.Da mesma forma que o ambientalismo, atualmente não é possível enten<strong>de</strong>r a<strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> no singular, como um único mo<strong>de</strong>lo alternativo <strong>de</strong> educação quesimplesmente complementa uma educação convencional, que não é ambiental. É importantefrisar que se inicialmente era necessário dirigir esforços para a inclusão <strong>da</strong>dimensão ambiental na educação (GUIMARÃES, 1995) – porque essa simplesmente<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rava o entorno biofísico –, atualmente, já incorpora<strong>da</strong> a dimensão ambientalna educação, não é mais possível referir-se genericamente a uma mera <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong>,sem qualificá-la com a precisão que o momento exige (LOUREIRO e LAYRAR-GUES, 2001).De modo coerente a esse panorama, novas <strong>de</strong>nominações para conceituar a<strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> foram efetua<strong>da</strong>s a partir do final dos anos 80 e início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><strong>de</strong> 90, como a alfabetização ecológica (ORR, 1992), a educação para o <strong>de</strong>senvolvimentosustentável (NEAL, 1995), a educação para a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (O’RIORDAN, 1989;IUCN, 1993), a ecope<strong>da</strong>gogia (GADOTTI, 1997), ou ain<strong>da</strong>, a educação no processo <strong>de</strong>gestão ambiental (QUINTAS e GUALDA, 1995). Esses conceitos caracterizam o início <strong>de</strong>uma nova fase, a <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> diferenciação interna, com <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> estratégiasmais eficazes para atingir resultados, os quais nem sempre são palpáveis, como é ocaso do processo educativo. Essa tarefa, no Brasil, foi pioneiramente empreendi<strong>da</strong> porSorrentino (1995), que i<strong>de</strong>ntificou a existência <strong>de</strong> quatro vertentes: conservacionista;educação ao ar livre; gestão ambiental; e, economia ecológica.A diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> classificações a respeito <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> é tão vastaquanto a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> que inspira as inúmeras variações do ambientalismo. A cana<strong>de</strong>nseLucy Sauvé (1997) discute algumas <strong>de</strong>las, que po<strong>de</strong>m ser complementares entre si, aocontrário <strong>da</strong>s variações existentes do ambientalismo:• <strong>Educação</strong> sobre o meio ambiente: trata-se <strong>da</strong> aquisição <strong>de</strong> conhecimentos ehabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s relativos à interação com o ambiente, que está basea<strong>da</strong> na transmissão<strong>de</strong> fatos, conteúdos e conceitos, on<strong>de</strong> o meio ambiente se torna umobjeto <strong>de</strong> aprendizado;Anotações• <strong>Educação</strong> no meio ambiente: também conhecido como educação ao ar livre,correspon<strong>de</strong> a uma estratégia pe<strong>da</strong>gógica on<strong>de</strong> se procura apren<strong>de</strong>r atravésdo contato com a natureza ou com o contexto biofísico e sociocultural doentorno <strong>da</strong> escola ou comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. O meio ambiente provê o aprendizadoexperimental, tornando-se um meio <strong>de</strong> aprendizado;• <strong>Educação</strong> para o meio ambiente: processo através do qual se busca o engajamentoativo do educando que apren<strong>de</strong> a resolver e prevenir os problemasambientais. O meio ambiente se torna uma meta do aprendizado.11 Texto baseado em LAYRARGUES, 2002.16CADERNOS SECAD
O Órgão Gestor acrescenta uma quarta variação: a educação a partir do meioambiente, que consi<strong>de</strong>ra, além <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais incluí<strong>da</strong>s, os saberes tradicionais e origináriosque partem do meio ambiente, as inter<strong>de</strong>pendências <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas,<strong>da</strong> economia e do meio ambiente; a simultanei<strong>da</strong><strong>de</strong> dos impactos nos âmbitos locale global; uma revisão <strong>de</strong> valores, <strong>da</strong> ética, atitu<strong>de</strong>s e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s individuais ecoletivas; a participação e a cooperação; o pensamento altruísta que consi<strong>de</strong>ra a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>dos seres vivos, os territórios com sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte, a melhoria <strong>da</strong>quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> ambiental <strong>da</strong>s presentes e futuras gerações; os princípios <strong>da</strong> incertezae <strong>da</strong> precaução.Outra classificação efetua<strong>da</strong> e discuti<strong>da</strong> por Sauvé (1997) diz respeito às perspectivasque iluminam as práticas pe<strong>da</strong>gógicas, dividi<strong>da</strong>s entre conferir maior peso àeducação ou ao meio ambiente, embora também possam ser complementares entre si.Partindo do pressuposto <strong>de</strong> que a <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> se localiza na relação humano eambiente, po<strong>de</strong>m existir três vertentes:• Perspectiva ambiental: está centra<strong>da</strong> no ambiente biofísico; parte do ponto<strong>de</strong> vista <strong>de</strong> que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental está se <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ndo, ameaçando aquali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> humana. A preocupação <strong>de</strong>ssa vertente está na idéia doengajamento para prevenir e resolver os problemas ambientais. A expressão<strong>de</strong>finidora <strong>de</strong>ssa postura é: “Que planeta <strong>de</strong>ixaremos às nossas crianças?”;• Perspectiva educativa: está centra<strong>da</strong> no indivíduo ou grupo social; parte <strong>da</strong>constatação <strong>de</strong> que o ser humano <strong>de</strong>senvolveu uma relação <strong>de</strong> alienação arespeito <strong>de</strong> seu entorno. A preocupação <strong>de</strong>ssa vertente é a educação integraldo indivíduo, com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> autonomia, do senso crítico e <strong>de</strong>valores éticos. A expressão <strong>de</strong>finidora <strong>de</strong>ssa postura é: “Que crianças <strong>de</strong>ixaremosao nosso planeta?”;• Perspectiva pe<strong>da</strong>gógica: está centra<strong>da</strong> no processo educativo, diferentemente<strong>da</strong>s abor<strong>da</strong>gens anteriores que centram num ou noutro pólo. Por consi<strong>de</strong>raros métodos pe<strong>da</strong>gógicos tradicionais <strong>de</strong>mais dogmáticos e impositivos, essavertente inclina-se sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma pe<strong>da</strong>gogia específica paraa <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong>, através <strong>da</strong> perspectiva global e sistêmica <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> escola ao seu entorno, ao recurso <strong>da</strong> metodologia <strong>da</strong> resolução<strong>de</strong> problemas ambientais locais concretos. A expressão <strong>de</strong>finidora <strong>de</strong>ssapostura é: “Que educação <strong>de</strong>ixaremos para nossas crianças nesse planeta?”.Mas foi a compreensão <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> a partir <strong>de</strong> sua função socialque propiciou o surgimento <strong>de</strong> tipologias dualísticas, com categorias intrinsecamentebinárias: Carvalho (1991) inicialmente contrapôs uma <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> alternativacontra a <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> oficial; Quintas (2000), Guimarães (2000, 2001) e Lima(1999, 2002), respectivamente, colocaram uma educação no processo <strong>de</strong> gestão ambiental,uma <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> crítica e uma <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> emancipatóriacontra a <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> convencional; Carvalho (2001) compara uma <strong>Educação</strong><strong>Ambiental</strong> popular versus uma <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> comportamental.Tais tentativas procuram <strong>de</strong>marcar, através <strong>de</strong> elementos <strong>da</strong> Sociologia <strong>da</strong> educação,uma <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> que se articula com as forças progressistas, contrauma outra que se articula com as forças conservadoras <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, visando respec-<strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> 17
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