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Consulta Rápida - Psicofármacos - 1Ed.pdf

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FLUOXETINA<br />

MEDICAMENTOS: INFORMAÇÕES BÁSICAS<br />

utilizou tricíclicos. 20 Uma revisão e uma metanálise<br />

recentes concluíram que o uso de fluoxetina no<br />

primeiro trimestre não está associado com nenhum<br />

efeito teratogênico mensurável. Concluiu<br />

ainda que o desenvolvimento do feto das mães<br />

que estavam tomando fluoxetina ou tricíclicos foi<br />

idêntico ao dos fetos cujas mães estavam tomando<br />

placebo. 20,21<br />

É sempre importante avaliar a relação risco/benefício<br />

de seu uso nessas condições, pois estudos<br />

mostram que gestantes deprimidas apresentam<br />

uma tendência aumentada a terem os bebês com<br />

malformações congênitas e complicações perinatais.<br />

De qualquer forma, é de bom senso interrompê-la,<br />

se possível no primeiro trimestre e a<br />

partir do 9 o mês de gestação, neste último caso<br />

em razão de sua metabolização lenta. Há controvérsias<br />

sobre o uso da fluoxetina no final da gravidez.<br />

Um estudo prospectivo com mães que utilizaram<br />

fluoxetina no terceiro trimestre da gravidez<br />

não observou complicações no pós-parto; 23 um<br />

outro, entretanto, observou que mulheres que utilizaram<br />

fluoxetina no terceiro trimestre da gestação<br />

apresentaram um risco aumentado para complicações<br />

perinatais. 22 É bom lembrar ainda o risco<br />

de síndrome serotonérgica à qual o bebê pode<br />

ficar exposto se a mãe utiliza a fluoxetina no final<br />

da gravidez. Bebês expostos à fluoxetina nesse<br />

período da gravidez apresentaram escores de sintomas<br />

serotonérgicos 4 vezes mais elevados do<br />

que os controles aos 4 dias de vida. 23<br />

Não foi observado nenhum tipo de complicação<br />

no desenvolvimento neuropsicomotor associado<br />

com esse fármaco.<br />

A fluoxetina aparece em doses baixas (cerca de<br />

1/4 da sérica) no leite materno e é considerada<br />

segura na amamentação. Reações adversas, como<br />

cólicas, irritabilidade, diarréia, vômitos e diminuição<br />

do tempo de sono, foram observadas em bebês<br />

amamentados por mães que estavam usando<br />

fluoxetina. Um estudo recente, coletando 177<br />

amostras de 10 crianças que estavam sendo amamentadas,<br />

calculou que, em média, a criança receberia<br />

um total de 120 mg de fluoxetina durante<br />

um ano de amamentação. 24 Embora sejam necessárias<br />

mais pesquisas nessa área, no momento<br />

os estudos de caso não trazem evidências que<br />

sugiram a descontinuação da amamentação para<br />

mães que estejam em uso de doses terapêuticas<br />

de fluoxetina.<br />

Bebês prematuros ou com hiperbilirrubinemia<br />

apresentam maior risco de apresentar efeitos adversos<br />

devido ao fato de o metabolismo das drogas<br />

ser ainda deficitário, acarretando acúmulo<br />

destas e ao conseqüente acúmulo destas. Uma<br />

vez definido que um antidepressivo seria apropriado<br />

durante o aleitamento, essa proposta deve ser<br />

apresentada à mãe (e idealmente ao pai) com uma<br />

discussão do risco-benefício, sendo que ela deve<br />

decidir com base em seus valores. Nunca deve<br />

haver o reasseguramento da dupla de que os antidepressivos<br />

são absolutamente seguros durante<br />

o aleitamento (Categoria B do FDA).<br />

Crianças<br />

A eficácia e a tolerabilidade da fluoxetina têm sido<br />

estabelecidas para uso em crianças e adolescentes<br />

no tratamento da depressão maior, do transtorno<br />

obsessivo-compulsivo e de outros transtornos de<br />

ansiedade. Tem sido ainda utilizada no tratamento<br />

de transtornos de impulsos, entre outros quadros,<br />

com boa tolerabilidade. Os estudos referem ativação<br />

comportamental, inquietude, cefaléia, sintomas<br />

gastrintestinais, agitação e insônia como as<br />

reações adversas mais freqüentes. Como precaução,<br />

deve-se iniciar com doses baixas, lembrando<br />

que sua eliminação é muito lenta e que ela pode<br />

interferir com o metabolismo de muitos outros<br />

fármacos. Aparentemente, os ISRSs são vantajosos<br />

em relação aos ADT. 6,11<br />

Idosos<br />

A fluoxetina pode causar perda de peso. Idosos<br />

com mais de 75 anos e com doenças físicas são<br />

particularmente vulneráveis a esse efeito.<br />

Pode ocorrer maior secreção do hormônio antidiurético<br />

em idosos que utilizam fluoxetina, sendo<br />

interessante um controle dos níveis séricos de sódio.<br />

Os idosos têm ainda uma perda maior de<br />

neurônios dopaminérgicos, sendo particularmente<br />

sensíveis às interações da fluoxetina com o lítio<br />

e os neurolépticos (tremores, sintomas extrapiramidais).<br />

Há um relato de caso em que uma paciente idosa,<br />

com angina estável leve, logo após iniciar tratamento<br />

com fluoxetina, desenvolveu fibrilação<br />

atrial e bradicardia. Os sintomas desapareceram<br />

com a retirada do fármaco.<br />

Deve-se lembrar ainda que a fluoxetina apresenta<br />

complexas interações com outros fármacos, na<br />

medida em que inibe acentuadamente algumas<br />

famílias de citocromos, o que deve ser levado em<br />

conta quando o paciente está utilizando outros<br />

fármacos concomitantemente.<br />

Em idosos, o metabolismo da fluoxetina é menor,<br />

e seus níveis séricos tendem a ser mais elevados<br />

do que em indivíduos jovens com doses semelhan-<br />

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