Consulta Rápida - Psicofármacos - 1Ed.pdf
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CLOZAPINA<br />
MEDICAMENTOS: INFORMAÇÕES BÁSICAS<br />
zada no fígado, provavelmente pelo CYP1A2, e,<br />
em menor grau, pelo 2D6 e 3A4, em norclozapina,<br />
a qual possivelmente tem alguma afinidade com<br />
receptores 5HT1c, 5HT2 e D2.<br />
A dose inicial é de 1/2 ou 1 comprimido de 25<br />
mg no primeiro dia. Adicionar 25 mg/dia a cada<br />
dois dias, em média, até se atingir a dose terapêutica<br />
(de 200 a 500 mg, em média 300 mg/dia),<br />
fracionada em 2 a 3 administrações diárias para<br />
minimizar a sedação e a hipotensão. Pode-se dividi-la<br />
desigualmente, administrando a maior parte<br />
à noite; doses inferiores a 400 mg/dia podem ser<br />
administradas em única tomada, à noite.<br />
A dose máxima recomendada é de 900 mg/dia.<br />
Doses superiores a 450 mg/dia têm risco aumentado<br />
de reações adversas, particularmente de convulsões.<br />
A ocorrência destas é dose-dependente<br />
e aumenta 0,7% a cada 100 mg. Poucos pacientes<br />
necessitam de doses superiores a 650 mg/dia. Somente<br />
após verificar a tolerância do paciente a<br />
650 mg/dia, e de concluir que o aumento é absolutamente<br />
necessário, é racional elevar a dose acima<br />
desse limite. Nesse caso, os aumentos deverão<br />
ser tateados cuidadosamente, em acréscimos de<br />
no máximo 100 mg/semana até a dose máxima<br />
de 900 mg/dia. Na ocorrência de convulsões, considerar<br />
a hipótese da administração concomitante<br />
de um anticonvulsivante (quando necessário, usar<br />
preferencialmente ácido valpróico).<br />
Embora muitos pacientes respondam bem à clozapina<br />
logo nas primeiras semanas, vários estudos<br />
indicam que, em alguns, o controle máximo dos<br />
sintomas é obtido somente após 3 meses no mínimo<br />
e, às vezes, após 2 anos de tratamento (em 15<br />
a 30% dos pacientes). Em geral, recomenda-se uma<br />
tentativa de pelo menos 6 a 9 meses de uso. Se o<br />
resultado for positivo, continuar indefinidamente. 1<br />
Em caso de interrupção do tratamento, a dose<br />
deve ser reduzida gradativamente e substituída<br />
por outro antipsicótico, pois a retirada abrupta<br />
está associada à reagudização precoce do quadro<br />
psicótico. 2<br />
FARMACODINÂMICA<br />
E MECANISMOS DE AÇÃO<br />
A clozapina é um antipsicótico atípico devido ao<br />
seu perfil clínico e neuroquímico. Embora tenha<br />
atividade antipsicótica, não produz catalepsia em<br />
animais nem sintomas extrapiramidais significativos<br />
nos humanos (o que é um efeito direto do<br />
bloqueio D2 no sistema nigro-estriatal). Tem baixa<br />
afinidade pelos receptores D2 (ocupa-os somente<br />
entre 40 e 50%) o que resulta em um aumento<br />
na razão do bloqueio D1/D2. Bloqueia também<br />
outros receptores (como D1, D3, D4, receptores<br />
colinérgicos, serotonérgicos – em especial, 5HT2A<br />
E 5HT2C), demonstrando um perfil de ação diferente<br />
dos demais antipsicóticos (que bloqueiam<br />
principalmente receptores D2).<br />
Testes neuroquímicos demonstram que os efeitos<br />
da clozapina sobre os sistemas dopaminérgicos<br />
centrais estriatais diferem qualitativamente daqueles<br />
apresentados pelos neurolépticos clássicos,<br />
demonstrando baixa incidência de efeitos adversos<br />
extrapiramidais associados ao tratamento com<br />
clozapina (acatisia [6%], tremor [6%] e rigidez<br />
[3%]).<br />
Níveis elevados de D4 foram encontrados no córtex<br />
frontal, na região mesencefálica, na amígdala<br />
e no bulbo, em contraposição a níveis muito baixos<br />
detectados nos gânglios da base (onde supostamente<br />
se originam os distúrbios extrapiramidais),<br />
explicando desse modo a aparente nãoocorrência<br />
de discinesia tardia, rigidez muscular<br />
e acinesia durante o tratamento com clozapina.<br />
A clozapina tem atividade anticolinérgica e antiserotonérgica.<br />
Em estudos, mostrou-se tão potente<br />
quanto a tioridazina e a clorpromazina e mais<br />
potente que o haloperidol em termos de atividade<br />
anticolinérgica. Sua atividade bloqueadora serotonérgica<br />
mostrou-se menor do que a da clorpromazina<br />
ou a do haloperidol em alguns ensaios,<br />
e maior em outros. Entretanto, a relação entre<br />
bloqueio 5HT2 e receptores D2 é muito menor<br />
para a clozapina do que para os neurolépticos<br />
clássicos.<br />
Estudos recentes demonstram evidência da superioridade<br />
da clozapina no controle de conduta<br />
agressiva e suicida além da vantagem de provocar<br />
menos efeitos colaterais quando comparado com<br />
neurolépticos de alta-potência. 3,4<br />
REAÇÕES ADVERSAS<br />
E EFEITOS COLATERAIS<br />
Mais comuns: alteração da função hepática, ansiedade,<br />
aumento do apetite, aumento da glicemia,<br />
aumento dos níveis de colesterol, boca seca, cefaléia,<br />
constipação, convulsões (dose-dependentes),<br />
fadiga, ganho de peso, hipocinesia, hipotensão<br />
postural, hipertensão arterial, hipertermia leve,<br />
leucopenia, náuseas, redução do limiar convulsivante,<br />
salivação ou sialorréia (à noite), seda-<br />
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